SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Nesta seção, Jesus explica
as falhas básicas da religião farisaica.
Tinham um falso conceito
de justiça (v. 2, 3). Em primeiro lugar, haviam tomado sobre si uma autoridade
que não lhes era devida, como fica evidente na declaração: "Na cadeira de
Moisés, se assentaram os escribas e fariseus". Não há registro nas
Escrituras de que Deus tenha dado qualquer autoridade a esse grupo. Sendo
assim, o povo deveria obedecer ao que os fariseus ensinavam pela Palavra, mas
não cabia ao povo obedecer às tradições e regras criadas pelos fariseus.
Para os fariseus, a
justiça significava a conformidade exterior com a Lei de Deus, ignorando a
condição interior do coração. A religião consistia em obedecer a inúmeras
regras que regiam todos os aspectos da vida, inclusive o que faziam com os
temperos (Mt 23:23, 24). Os fariseus eram extremamente zelosos em dizer as
palavras certas e em seguir os rituais corretos, mas não obedeciam à lei
interiormente. Deus desejava a verdade no coração (Sl 51:6). Pregar uma coisa e
praticar outra não passa de hipocrisia.
Tinham um falso conceito
de ministério (v. 4). Para eles, o ministério significava dar leis ao povo e
acrescentar ainda mais peso a seus fardos. Em outras palavras, os fariseus eram
mais severos com os outros do que com eles mesmos. Jesus veio para aliviar o
fardo (Mt 11:28-30), mas uma religião legalista procura sempre tornar o fardo
ainda mais pesado. Jesus nunca pediu para fazermos algo que ele próprio já não
tenha feito. Os fariseus ordenavam, mas não participavam. Eram ditadores
religiosos hipócritas, não líderes espirituais.
Tinham um falso conceito
de grandeza (v. 5-12). Para eles, sucesso significava reconhecimento e louvores
dos homens. Não estavam preocupados com a aprovação de Deus. Usavam a religião
para atrair a atenção para si mesmos, não para glorificar a Deus (Mt 5:16).
Assim, lançavam mão até de ornamentos religiosos para demonstrar piedade. Os
"filactérios" eram pequenas caixas de couro em que os fariseus
guardavam as Escrituras. Usavam essas caixinhas amarradas na testa e no braço,
em obediência literal a Deuteronômio 6:8 e 11:8. Além disso, aumentavam o
tamanho das "franjas" das orlas de suas vestes (Nm 15:38; ver Mt
9:20).
Os fariseus também
pensavam que o status social era sinal de grandeza, de modo que buscavam os
melhores lugares na sinagoga e nos jantares públicos. O lugar onde um homem se
assenta não mostra, verdadeiramente, quem ele é. Albert Einstein escreveu:
"Procure não se tornar um homem de sucesso, mas sim um homem de
valor".
Acreditavam, ainda, que os
títulos de honra eram sinais de grandeza. O título "rabino" significa
"meu magnífico" e era cobiçado pelos líderes religiosos (hoje em dia,
os líderes religiosos cobiçam títulos de doutor honorífico). Jesus proibiu seus
discípulos de usar o título rabino, pois todos eram irmãos, somente Jesus era
seu Mestre (Mt 23:8). Os filhos de Deus encontram-se numa situação de equidade
sob a liderança de Jesus Cristo.
Obter a misericórdia -
rejeitar a misericórdia (w. 23, 24; 5:7). A especialidade dos fariseus era se
preocupar com coisas secundárias. Ao mesmo tempo que tinham regras para todos
os aspectos da vida, deixavam passar as coisas mais importantes. Os legalistas
costumam ser assim: atentos para os detalhes, mas cegos para os grandes
princípios. Não se incomodaram de condenar um homem inocente, mas se recusaram
a entrar no palácio de Pilatos, a fim de não se contaminar (Jo 18:28).
Não há dúvida de que a Lei
do Antigo Testamento exigia o pagamento do dízimo (Lv 27:30; Dt 14:22ss).
Abraão havia praticado o dízimo muito antes de a Lei ser dada (Gn 14:20), e
Jacó seguiu o exemplo do avô (Gn 28:20-22). Os princípios da oferta cristã no
contexto da graça são apresentados em 2 Coríntios 8 e 9. Não nos contentamos em
dar apenas o dízimo (10%), mas também desejamos trazer ofertas ao Senhor com nosso
coração cheio de amor.
Justiça, misericórdia e
fidelidade são qualidades importantes que Deus procura e que não podem ser
substituídas pela obediência a regras. Apesar de ser importante prestar atenção
aos detalhes, nunca devemos perder nosso senso de prioridade quanto às questões
espirituais. Jesus não condenou a prática do dízimo, mas sim aqueles que
deixaram que seus escrúpulos legalistas os impedissem de desenvolver o
verdadeiro caráter cristão. |
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