Título: A Verdadeira Prosperidade — A vida
cristã abundante
Comentarista: José Gonçalves
Lição
8: O
perigo de querer barganhar com Deus
Data: 19 de Fevereiro de 2012
TEXTO ÁUREO
“Que darei eu ao
SENHOR por todos os benefícios que me tem feito?” (Sl
116.12).
VERDADE PRÁTICA
Deus nos concede as suas bênçãos não porque tenhamos algum poder
de barganha, mas porque Ele nos ama e quer aprofundar o seu relacionamento com
cada um de seus filhos.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Mateus
4.1-11.
1 - Então, foi conduzido Jesus pelo
Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2 - E, tendo jejuado quarenta dias e
quarenta noites, depois teve fome;
3 - E, chegando-se a ele o tentador,
disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
4 - Ele, porém, respondendo, disse:
Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da
boca de Deus.
5 - Então o diabo o transportou à
Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,
6 - e disse-lhe: Se tu és o Filho de
Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a
teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
7 - Disse-lhe Jesus: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.
8 - Novamente, o transportou o diabo a
um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.
9 - E disse-lhe: Tudo isto te darei
se, prostrado, me adorares.
10 - Então, disse-lhe Jesus: Vai-te,
Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele
servirás.
11 - Então, o diabo o deixou; e, eis
que chegaram os anjos e o serviram.
INTERAÇÃO
Prezado professor, esta lição é de inquestionável importância
diante do que temos visto e ouvido no meio evangélico com respeito a obtenção
das bênçãos divinas. Muitos estão tentando obter o favor de Deus mediante a
barganha. Tentam negociar o inegociável. Nesta lição veremos os males que a
“Teologia da Barganha” pode acarretar na vida do crente e da igreja. No
decorrer da aula procure enfatizar o fato de que Deus nos concede as suas
bênçãos não porque tenhamos algum poder de barganha, mas porque Ele nos ama e
quer aprofundar o seu relacionamento conosco.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Conscientizar-se de que as Escrituras condenam a barganha.
·
Descrever alguns pressupostos da “Teologia da Barganha”.
·
Explicar qual é o perigo de se tentar barganhar com Deus.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor, sugerimos que você inicie a aula de hoje com uma
reflexão. Escreva no quadro de giz a seguinte frase de Larry Crabb: “Nossa
maldade não é um empecilho para a bênção, assim como nossa bondade não é
condição para sermos abençoados”. Incentive a participação da classe e ouça com
atenção a posição dos irmãos. Conclua a reflexão enfatizando que as bênçãos de
Deus em nossa vida são resultado do amor e da misericórdia do Pai Celeste. Não
existe nada que possamos fazer que seja capaz de impressionar ao Senhor.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra
Chave
Barganha: Tentar negociar ou trocar algo com
Deus a fim de obter algum benefício.
Nesta lição, veremos que o desejo de se barganhar com Deus é
algo totalmente reprovável, pois contraria todos os princípios da Palavra de
Deus. Com a introdução de certas heresias e modismos no contexto evangélico, a
velha prática da barganha voltou a induzir as pessoas a usar a fé, e até mesmo
a Bíblia, para obter vantagens duvidosas e até ímpias. É uma tentativa de
chantagear a Deus.
Agindo dessa forma, o crente já não busca a Deus com o coração
de um verdadeiro adorador, mas como um mercador espertalhão que procura levar
vantagem em tudo. Os pregadores da prosperidade vêm transformando a santíssima
fé numa moeda de troca. Cuidado, Deus não se deixa escarnecer.
I. A BARGANHA NA BÍBLIA
1. No Antigo Testamento. O livro de Jó relata a história do patriarca
que, abençoado por Deus, teve sua família e bens perdidos em pouquíssimo tempo
(1-2). Sua fidelidade, porém, era algo que transcendia todas as suas posses.
Assim, mesmo tendo o Diabo dito que Jó negaria ao Senhor se viesse a perder
tudo (1.6-12; 2.1-10), isto não aconteceu (1.22). Ele não precisou barganhar
com o Senhor para ser abençoado; sua fidelidade a Deus foram suficientes
(42.10-17).
2. Em o Novo Testamento. Até mesmo ao próprio Cristo o tentador teve
coragem de propor uma barganha (Mt 4.8-10). Mais tarde, Simão, o mago, ofereceu
dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o batismo com o
Espírito Santo (At 8.14-24). E por causa disso, foi duramente repreendido pelos
apóstolos. Cuidado, não se negocia com coisas santas.
3. As Escrituras condenam a barganha. As Escrituras evidenciam que barganhar com
Deus é tentar negociar o inegociável: a simplicidade do Evangelho de Cristo
Jesus (2 Co 11.3). O meigo nazareno é o autor e consumador da nossa fé (Hb
12.2), por isso, devemos servi-lo voluntária e espontaneamente, certos de que
Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7). As Sagradas Escrituras destacam o amor como
o elemento supremo de devoção a Deus e de profunda compaixão pelo próximo. Em
Cristo, somos impulsionados a amar uns aos outros sem esperar nada em troca,
pois é exatamente isto que nos caracteriza como discípulos do Mestre (Jo
13.35).

SINOPSE DO
TÓPICO (I)
Tanto no Antigo quanto em o Novo Testamento, a barganha é reprovada
pelo Senhor.

II. PRESSUPOSTOS DA “TEOLOGIA DA BARGANHA”
1. A falsa doutrina do direito legal. A teologia da barganha tem como pressuposto a
doutrina do direito legal do crente. Segundo essa crença exótica e antibíblica,
Jesus Cristo, ao morrer na cruz, conquistou para os crentes muitos direitos.
Cabe agora ao cristão conscientizar-se da existência deles e reivindicar, para
si, a sua concretização. Dessa forma, a posse da bênção é um direito líquido e
certo e que não depende da vontade divina.
A doutrina do direito legal, ensinam os falsos mestres, deu
amplos poderes ao crente. E este, agora, pode usá-los como moeda de troca sem
levar em conta o querer divino. Os tais ensinadores acreditam que Deus não tem
direito de dizer “não” a quem Ele conferiu o direito de exigir. A suma desse
ensino perigoso e bizarro é que o fiel ganha todos os direitos e Deus perde
toda a soberania! Ou seja, segundo esse aleijão doutrinário, Deus não passa de
um fantoche nas mãos do crente. No entanto, ignoram os pregadores da Teologia
da Prosperidade o fato de o Soberano não dividir a sua glória com ninguém (Is
42.8).
2. A prática do determinismo. Já é bastante conhecida a famigerada doutrina
do determinismo que ensina, entre outras coisas, que não é mais preciso orar e
sim determinar! Para os que propagam essa teologia, a vontade divina, pouco
importa. A verdade, porém, é que Deus não é refém de lei alguma, pois Ele é
soberano (Is 55.8). Ele criou todas as coisas e de todas é Senhor.
A expiação de Cristo proveu a bênção da cura tanto da alma como
do corpo (1 Pe 2.24; Mt 8.16,17). Ele proveu-nos também o direito à vida eterna
e a provisão para uma vida plena (Jo 10.10). Não obstante, isso não significa
que o crente não passará por adversidades, sofrimentos ou tampouco que ele
jamais virá a adoecer. A Palavra de Deus afirma que a redenção plena do ser
humano só será uma realidade quando, por Cristo, e nos últimos dias, a glória
final for revelada nos filhos de Deus (Rm 8.19,23; Ap 21.4,5).

SINOPSE DO
TÓPICO (II)
O crente não tem o direito de barganhar com Deus como ensina
erroneamente a “teologia da barganha”.

III. O PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS
1. O perigo de se ter um Deus imanente, mas não transcendente. Embora, Deus seja o grande Criador, intervém na
sua criação e se relaciona com ela (imanência) (2 Co 6.16). Não estamos
entregues à própria sorte. O Senhor tem prazer em nos abençoar. Entretanto, não
podemos nos esquecer que Ele é soberano e está acima de toda criação
(transcendência). Podemos vê-lo nas coisas criadas (Sl 19.1), mas isso não
significa que tudo é Deus, porque Ele é distinto de sua criação
(transcendência).
Ao priorizar a relação de Deus com a criação, a Teologia da
Prosperidade ignora propositalmente a soberania e a vontade divinas. O Todo-Poderoso
acaba por torna-se uma simples marionete nas mãos do ser humano. Nessa
concepção, o papel de Deus assemelha-se ao de um garçom que existe apenas para
servir e satisfazer as exigências dos seus clientes.
2. O perigo de se transformar o sujeito em objeto. A teologia da barganha transforma o acessório
em objetivo. Transforma gente em mercadoria e a fé em um grande negócio!
Observa-se hoje que muitos pregadores midiáticos mantêm seus ministérios não
para glória de Deus, mas para atenderem a uma demanda do mercado religioso. É
um evangelho que procura satisfazer vontades e não necessidades. O culto, que à
luz da Bíblia, deve estar em torno de Deus, passa a ser tão somente um momento
de autossatisfação. Isto quer dizer que os bens materiais passam a ser a razão
de viver das pessoas. É a adoração à criatura em vez de ao Criador (Rm
1.24,25).
3. O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e não em
relacionamentos. A prática
da barganha transforma o relacionamento com Deus em algo meramente técnico e
interesseiro. Para que gastar horas buscando a Deus em oração se é possível
encurtar o caminho através de “fórmulas de fé” que têm o poder de colocar Deus
na parede? A fé é reduzida a uma fórmula e Deus a um bem de consumo! O
relacionamento com o Eterno deixa de existir e é substituído por um jogo de
interesses onde se objetiva unicamente a aquisição de vantagens materiais e
muitas vezes iníquas. Tal ensino faz da vida cristã algo superficial e
vergonhoso. Aquilo que Paulo ensinou sobre a piedade (1 Tm 4.7) perde
completamente a sua razão de ser, pois as posições invertem-se e Deus passa a
ser, inconscientemente, na cabeça de algumas pessoas, algo que pode ser
controlado ao seu bel-prazer.

SINOPSE DO
TÓPICO (III)
A barganha faz com que o relacionamento com Deus se torne algo
meramente mecânico e interesseiro.

CONCLUSÃO
Não podemos cair na tentação de barganhar com Deus. Isto por uma
razão bastante simples: nada temos de real valor para propor em troca e muito
menos o direito de assim procedermos. O profeta Isaías afirmou que até os
nossos mais exaltados atos de justiça não passam de trapos de imundícia diante
dEle (Is 64.6). Para sermos abençoados necessitamos de Deus em todas as coisas
e em todo o tempo. Ele em nenhum momento se nega a abençoar-nos, segundo a sua
soberana e perfeita vontade (Mt 6.10; 26.42).
VOCABULÁRIO
Imanência: Qualidade do que está em si mesmo, e não
transita a outrem.
Midiático: Relativo à mídia; todo suporte de difusão de informação.
Transcendência: Que excede os limites normais; superior sublime.
Midiático: Relativo à mídia; todo suporte de difusão de informação.
Transcendência: Que excede os limites normais; superior sublime.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
RICHARDS,
L. O. Comentário
Historico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed.,
RJ: CPAD, 2007.
HANEGRAAFF, H. Cristianismo em Crise. 4.ed., RJ: CPAD, 2004.
HANEGRAAFF, H. Cristianismo em Crise. 4.ed., RJ: CPAD, 2004.
EXERCÍCIOS
1. O que relata o livro de Jó?
R. O livro de Jó relata a história do patriarca que,
abençoado por Deus, teve sua família e bens perdidos em pouquíssimo tempo
(1-2).
2. O que as Escrituras dizem sobre o “barganhar com
Deus”?
R. As Escrituras evidenciam que barganhar com Deus é
tentar negociar o inegociável.
3. Segundo a lição, qual o pressuposto da teologia
da barganha?
R. A teologia da barganha tem como pressuposto a doutrina
do direito legal do crente.
4. O que faz a Teologia da Prosperidade ao
enfatizar apenas a imanência de Deus?
R. Ela reduz o Soberano Senhor a uma simples
marionete nas mãos do ser humano.
5. Por que não podemos cair na tentação de
barganhar com Deus?
R. Porque nada temos de real valor para propor em
troca e muito menos o direito de assim procedermos.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio
Apologético
“Artifícios dos triunfalistas
Os triunfalistas dão, aleatoriamente, nomes às suas campanhas
dos feitos grandiosos registrados no Antigo Testamento, prometendo solução
imediata aos problemas financeiros e de saúde. Para isso, inventam as campanhas
do jejum de Gideão, do jejum de Calebe, Campanha dos 318 pastores, etc.
Inventaram o culto dos empresários e convidam os endividados, falidos, às
vezes, com famílias à beira da ruína.
A retórica baseada na fisiologia é ‘dando que se recebe’
apresenta um Deus corretor de imóvel ou negociante, visão distorcida que até
mesmo McAliester criticou. A mensagem de salvação é esquecida. O estilo
estereotipado ‘meu amigo’, ‘minha amiga’, identifica, facilmente, um desses
grupos. Seus pastores são peritos em arrecadar fundos nos cultos. Sua escola é
mais para ensinar essas técnicas do que mesmo teologia.
[...] É lastimável usar essas passagens bíblicas [as de, por
exemplo, Gideão, Baraque, Sansão, Davi, Samuel, entre outros] [fora de
contexto] para prometer ao povo carros importados, mansões e outras prosperidades
materiais. É assassinar a exegese bíblica, no entanto, há os que já
estabeleceram essa prática como doutrina” (SOARES, E. Heresias e Modismos: Uma análise crítica das sutileza de
Satanás. 1.ed., RJ: CPAD,
2006, pp.327-28).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio
Teológico
“Uma Teologia de Supermercado
Desde o primeiro capítulo deste livro, venho mostrando que a
prosperidade bíblica se alicerça fundamentalmente em um correto relacionamento
com o Senhor. Quando fórmulas, técnicas ou quaisquer outros meios substituem a
comunhão do crente com o seu Deus, então o caminho para uma fé deformada está
aberto. Esse modelo teológico que ignora a existência humana e não leva em
conta a soberania de Deus sobre a história tem produzido uma geração de crentes
superficiais. E o que é pior - tem se tornado quase que exclusivamente o único
tipo de fé conhecida. O cristianismo ortodoxo tem sido empurrado para a
periferia da fé. A química resultante da mistura desse modelo teológico com o
princípio bíblico da retribuição tem originado uma excrescência dentro do
protestantismo evangélico - a Teologia da Barganha.
Os pressupostos da Teologia da Barganha já são perceptíveis no
Antigo Testamento, nos argumentos defendidos pelos amigos de Jó: Elifaz, Bildade,
Zofar e Eliú. É possível vermos na teologia desses homens uma relação
distorcida entre pecado e punição. Em palavras mais simples, eles defendiam a
tese de que por trás do sofrimento de Jó estava algum tipo de pecado cometido,
porém, ainda não conhecido. Algo semelhante àquilo que é pregado [por aí]. Luiz
Alexandre Solano Rossi (2008, p.75) comenta:
A teologia da retribuição está assumindo a sua forma e assim
permanecerá durante o desenrolar de todo o livro de Jó. O homem pode, sim, ser
conduzido a agir por interesse: se ele faz o bem, recebe a felicidade; se
pratica o mal, recebe a infelicidade. A vida de fé está a um passo de se
transformar em uma relação comercial. A fé pode estar sendo vista a partir de
uma prateleira de supermercado, ou seja, Deus se apresentaria como um
negociante. A consagrada expressão brasileira do ‘toma lá, dá cá’ se encaixa
perfeitamente nessa situação [...] Contra essa teologia da retribuição ele (Jó)
tem um único argumento: sua experiência pessoal e sua observação da história,
na qual a injustiça permanece impune. Sua observação e intuição são corretas:
existem somente homens situados no espaço e no tempo, no sentido de que vivem
em uma época precisa e em um contexto social, cultural e econômico preciso
[...]. Vejamos um resumo de seus discursos: a) Elifaz sugere que Jó é um
pecador; b) Baldad diz abertamente que seus filhos morreram por seus pecados;
c) Sofar assegura a Jó que seu sofrimento é menos do que ele merecia; d) Eliú
afirma que o sofrimento tem um caráter pedagógico. Eles representam
perfeitamente o modo mais comum de se mascarar a verdadeira fé bíblica [...]”
(GONÇALVES, J. A Prosperidade
à Luz da Bíblia: A Vida
Cristã Abundante. RJ: CPAD,
2012).
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