Pessoas que gostam deste blog

Lição 05 - Enfrentando gigantes, conquistando vitórias

Lição 05 – 02 de agosto de 2020 – Editora BETEL

Enfrentando gigantes, conquistando vitórias

SLIDES VISUALIZAR / BAIXAR

HINOS SUGERIDOS

Hino 212

Hino 225

Hino 372

VÍDEO

Sobre Davi e Golias

A escolha de Deus, do sucessor de Saul seria encontrada entre os oito filhos de Jessé, o belemita. Jessé era o neto de Boaz e Rute, a moabita (Rt 4.17). É interessante observar que a mãe de Boaz também não era de Israel. Ela era Raabe, de Jericó, um fato que Mateus destaca em sua relação da genealogia de Jesus (Mt 1.5).

Samuel sabia apenas que Deus havia escolhido um dos filhos de Jessé para ser o próximo rei (1Sm 16:1). Quando o profeta viu aqueles homens, ficou tão impressionado com a aparência do mais velho, Eliabe, que ficou pronto para ungi-lo. Mas Deus interveio e lembrou a Samuel que o coração é mais importante que a aparência externa quando se trata de escolher alguém para uma missão divina (1Sm 16:6-7).

Samuel deve ter ficado confuso, pois os filhos de Jessé foram rejeitados um após o outro (1Sm 16:8-10). Ao final, o profeta teve de perguntar: Acabaram-se os teus filhos? (1Sm 16:11). Então eles disseram que havia outro homem, o filho mais novo, considerado tão insignificante que nem havia sido convidado para o sacrifício na casa da família.

O Senhor conhece todas as coisas do princípio ao fim. Davi talvez fosse um pastor insignificante — embora de boa aparência (1Sm 16:12), mas Deus conhecia o potencial e o coração desse rapaz e sabia que ele seria o próximo rei de Israel. Deus deve ter visto a fidelidade de Davi em cuidar do rebanho em vez de tentar participar da cerimônia em casa. Davi estava preparado para enfrentar desconforto e perigos no cumprimento de sua tarefa. Fidelidade nas coisas pequenas é pré-requisito para todos aqueles que desejam servir a Deus nas coisas grandes.

Samuel ouviu Deus dizer-lhe para ungir Davi, e assim o ungiu no meio de seus irmãos (1Sm 16:13a). Embora a cerimônia pudesse causar inveja, era importante que Davi começasse sua vida de serviço ao Senhor em sua própria casa, entre seus familiares. O Senhor Jesus também começou seu ministério em casa (Lc 4:16-20). Muitos querem pastorear em terras estrangeiras, onde não são conhecidos e ninguém pode atestar seu caráter. Contudo, é muito mais difícil dar bom testemunho aos familiares e àqueles que nos rodeiam. Foi justamente esse o primeiro testemunho de Davi ao retomar para apascentar as ovelhas depois da unção (16:19).

A importância simbólica da unção com azeite é revelada nas palavras seguintes: e, daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi (16:136). O azeite derramado sobre a sua cabeça secou rapidamente, mas o Espírito Santo instalou-se no coração de Davi. Mesmo no AT, o óleo era apenas um símbolo, e não nos devemos ater ao símbolo quando a realidade que ele representa está disponível.

No Antigo Testamento, o Espírito de Deus geralmente vinha para capacitar alguém a uma tarefa específica, depois da qual o Espírito se retirava. Davi, entretanto, desfrutou da presença do Espírito “daquele dia em diante”. Ou seja, sua tarefa de reinar em Israel era para a vida inteira. A consciência da alegria e capacitação que a presença do Espírito produzia o motivou a orar: “Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito” (Sl 51:11).

Como crentes do NT, precisamos ter em mente que o Espírito do Senhor não é apenas sentimento agradável ou emoção arrebatadora, nem demonstração momentânea de força incontrolável. O Espírito é uma pessoa que veio habitar conosco; não fica entrando e saindo, mas permanece conosco no coração, capacitando-nos a servir ao Senhor de forma aceitável.

Davi, embora ungido, ainda era muito jovem e levaria anos até se tornar rei. Durante aqueles anos de transição, passaria por um treinamento com vistas a cumprir seu chamado.

Nesse meio tempo, Saul travava batalhas internas com demônios, e os filisteus enxergaram nisso oportunidade para atacar. O inimigo geralmente ataca quando enfrentamos períodos de esterilidade espiritual e apostasia, pois sabe quando estamos vivendo momentos de fraqueza máxima.

Cada exército ocupava o cume de uma colina, com o vale de Elá no meio. Os filisteus confiavam em seu poderio militar, capacidade e liderança, ainda mais porque vinham com um bom histórico de vitórias no passado. Os israelitas, ao contrário, compareceram desmoralizados, com medo e com a liderança interna já derrotada: Deus não estava com eles, e Samuel não estava presente para oferecer holocaustos e entregar a mensagem de Deus ao povo antes da batalha.

Os filisteus estavam tão confiantes que designaram um único guerreiro para liderá-los: Golias, natural de Gate, homem gigantesco não apenas em tamanho e peso, mas também em orgulho (1Sm 17:4-7). Tamanha era sua autoconfiança que o exército filisteu concordou em deixá-lo lutar sozinho e, na eventualidade de ser derrotado, os filisteus se renderiam aos israelitas e os serviriam (1Sm 17:9). Obviamente, eles contavam que ninguém em Israel seria páreo para o gigante.

Golias lançou seu desafio ao exército de Israel, vangloriando- se de sua nacionalidade e desprezando os israelitas como servos de Saul (1Sm 17:8). Depois, exigiu que enviassem alguém para lutar com ele (1Sm 17:10).

Mas ninguém respondeu ao desafio: Ouvindo Saul e todo o Israel estas palavras do filisteu, espantaram-se e temeram muito (1Sm 17:11). Ninguém se lembrou de que Dagom, o deus dos filisteus, se quebrou em pedaços diante da arca (1Sm 5:1-4), nem das vitórias de Jônatas e seu servo, que sozinhos derrotaram uma guarnição inteira (1Sm 14:6-15). Por causa do pecado, Saul perdeu a consciência do poder divino e exagerou na avaliação da capacidade daqueles que afrontavam a Deus. Esse estado de espírito contaminou seu exército. A vida do líder influencia a vida de todos os que o seguem! Golias lançou seu desafio durante quarenta dias, duas vezes por dia, sem causar nenhuma outra reação senão o medo (1Sm 17:16).

A narrativa aqui retoma para a família de Jessé, neto de Boás e Rute (Rt 4:21-22), agora velho demais para lutar, porém com três de seus filhos mais velhos presentes no exército de Saul (1Sm 17:12-14). Davi, o mais novo, até aqui é apresentado como músico de Saul (1Sm 16:21-24). Presumivelmente, deve ter sido enviado para casa por ocasião da guerra, voltando a cuidar das ovelhas de seu pai (1Sm 17:15). Davi não encarou esse retorno com desprezo, como se todo aquele tempo no palácio fosse algo mais importante que cuidar de tarefas triviais. Da mesma forma, não devemos atribuir grande importância à companhia de pessoas poderosas a ponto de esquecermos nossa tarefa principal, isto é, cuidar do rebanho.

Mas foi sua disposição para retirar-se aos bastidores que o levou a emergir como guerreiro. Davi serviu ao rei, mas também estava disposto a servir seu pai e a obedecer às instruções para levar pão e queijo a seus irmãos e ao comandante (1Sm 17:17-18). Assim como Saul (1Sm 9:3), Davi recebeu uma incumbência sem saber que era parte do plano de Deus. Sem dúvida, Jessé não fazia a mínima ideia de que estava enviando Davi para a batalha, pois não lhe deu nenhuma arma. Davi, contudo, contava com a armadura de Deus, que não tem nada que ver com escudos de bronze e armas de ferro, e com a presença de Deus em todo lugar por onde andava.

A responsabilidade de Davi em cumprir suas tarefas é visível até nos mínimos detalhes da narrativa. Ele saiu de madrugada, porém não deixou suas ovelhas desprotegidas: arranjou um guarda para cuidar delas em sua ausência (1Sm 17:20).

De acordo com os propósitos de Deus, Davi chegou ao acampamento no exato momento em que Golias pronunciava seu desafio diário (1Sm 17:21-23). As palavras de Golias causavam medo nos soldados, mas em Davi causou agitação de fé. Enquanto os outros se esquivavam do desafio. Davi ponderava aquelas palavras: Quem é esse incircunciso filisteu que afronta os exércitos do Deus vivo? Por que não posso lutar contra ele em nome do nosso Deus?

Saul prometeu um prêmio para quem lutassem contra Golias, mas ninguém se atreveu a tanto (1Sm 17:25). Os soldados israelitas estavam tão certos de que morreriam que nem mesmo a promessa de riquezas, isenção de impostos e casamento com a filha do rei foi tentação suficiente. Davi perguntou sobre a recompensa, mas o texto deixa claro que sua principal motivação não era a recompensa, mas o insulto desse incircunciso filisteu que afronta os exércitos do Deus vivo (1Sm 17:26). Onde outros enxergaram um gigante invencível, Davi enxergou um “incircunciso filisteu", isto é, um homem que não participava da aliança com o Senhor. Deus não defenderia esse gigante destinado a ser banido da terra prometida. Os exércitos de Israel não eram apenas “servos de Saul”, mas exércitos do Deus vivo!

A presença e a comunhão com Deus afiavam o olhar de Davi (conforme também Nm 13:31-33; 14:9; 2Rs 6:15-17). Assim como ocorre a muitos líderes, Davi enfrentou oposição, desdém e incompreensão. Eliabe, seu irmão mais velho, possivelmente com inveja da unção de Davi, liderou o ataque. Interpretou mal os motivos de Davi e acusou-o de orgulho e negligência em suas tarefas (1Sm 17:28). Eliabe não se deu ao trabalho de checar os fatos ou indagar as providências tomadas para cuidar das ovelhas (1Sm 17:20).

Davi agiu com humildade diante do ataque; não argumentou, não se defendeu, nem insultou seu irmão. Simplesmente respondeu: “Que fiz eu agora?”, e foi falar com outra pessoa (1Sm 17:29-30). Não devemos permitir ser incomodados por pessoas que nos rejeitam a priori, mas devemos simplesmente procurar outras pessoas.

Conforme Davi perguntava e falava, o clima emocional do acampamento começou a mudar. Os soldados se agruparam em torno de Davi como se fosse o guerreiro duelista de Israel, assim como Golias era para os filisteus, e levaram a novidade para Saul (1Sm 17:31). Deus providenciou uma forma de Davi ser apresentado a Saul não como músico e pastor de ovelhas, mas como guerreiro corajoso na fé e audaz o suficiente para confrontar o arrogante filisteu. Excelente princípio aguardar em Deus as oportunidades de ministério, e não tentar forçá-las.

Davi demonstrou sua liderança quando disse palavras de encorajamento e fé ao rei: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele [Golias] (1Sm 17:32), palavras que tocaram a raiz do problema — o coração das pessoas. Os israelitas esqueceram sua herança em Deus e falavam apenas do tamanho e peso do capacete, do escudo e da lança de Golias.

Davi, contudo, falou sobre aquilo que Golias era de fato: apenas um filisteu! O líder precisa injetar coragem no coração de seus seguidores por meio de uma análise equilibrada da situação.

Saul ficou agitado porque Davi ainda era muito jovem (1Sm 17:33). Para neutralizar o temor de Saul, Davi falou do auxílio de Deus em suas batalhas pessoais. Não foi preciso exagerar nem inventar histórias de guerras. Simplesmente ele falou sobre as coisas que Deus fez em sua vida: sozinho e sem exército na retaguarda, Davi lutou e matou animais selvagens famintos (1Sm 17:34). A história do leão deve ter lembrado Saul da história de Sansão, grande inimigo dos filisteus que no passado matou um leão com suas próprias mãos (Jz 14:4-6). Aqui percebemos que qualquer pessoa em busca de liderança entre o povo de Deus deve ter uma história pessoal autêntica com o Senhor. O líder somente conduz outros para lugares onde ele mesmo já esteve. Davi apresentou sua luta com o leão de forma vivida, descrevendo como o agarrou pela juba e o matou (1Sm 17:35).

A juba, símbolo da força do leão, tornou-se justamente o meio de sua derrota. Davi procurava lembrar aos seus ouvintes que a força do inimigo pode transformar-se em sua derrota se Deus estiver do nosso lado. As palavras de Davi devem ter atraído temporariamente a atenção dos soldados, que pararam de ouvir os gritos de Golias. Davi, líder de verdade, providenciou uma alternativa ao desespero e desânimo por meio de uma história de esperança e vitória.

Ao traçar planos de batalha, o líder não pode ser vago sobre as estratégias nem parecer místico e arbitrário quando fala de intervenção divina. É muito simplista dizer apenas “Deus fará”. Davi, portanto, salientou sua coragem e habilidade e esboçou a base de sua fé, isto é, que Deus o capacitaria para derrotar o filisteu. Primeiramente, Davi observou que Golias era um incircunciso filisteu (1Sm 17:36).

A referência à circuncisão lembrou-os de que os israelitas eram o povo da aliança de Deus, ao passo que os filisteus adoravam um deus fabricado por mãos humanas! Segundo, aquele homem havia afrontado os exércitos do Deus vivo, isto é, tinha desafiado o próprio Deus para a batalha. Com certeza Deus comparecerá para defender seu nome! E, finalmente, Davi fala sobre a fidelidade infalível do Senhor, o mesmo Deus que o livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu (1Sm 17:37a). Davi falou sobre Deus com convicção devido ao seu relacionamento pessoal com o Senhor.

As palavras de Davi animaram até Saul, que imediatamente concedeu permissão: “Vai-te, e o Senhor seja contigo” (1Sm 17:37b). Líder verdadeiro, Davi encorajou seus companheiros conduzindo-os do vale da depressão para o monte da fé.

Saul quis ajudar Davi a vestir-se para lutar com Golias, mas teria sido um desastre se Davi tivesse lutado com aquelas armas (17:38). Para começar, Deus precisaria dividir a glória da batalha com a armadura de Saul, de modo que o milagre do livramento seria reduzido a uma batalha normal.

Entretanto, não foi por esse motivo que Davi recusou, de modo gentil porém firme, a oferta de Saul, declarando: Não posso andar com isto, pois nunca o usei (17:39). Talvez a armadura servisse perfeitamente, mas era um equipamento desconhecido para ele.

Como servos de Deus, não devemos usar indiscriminadamente armadura e métodos de outros que não tenhamos experimentado em nossa caminhada pessoal com Deus.

Em vez de ficarmos fascinados com os equipamentos modernos, precisamos usar o equipamento com o qual Deus nos treinou. O campo de batalha não é o melhor lugar para aprender a utilizar uma arma!

A primeira vitória de Davi foi escolher a arma correta: seu cajado e sua funda (17:40a). Davi não procurou disfarçar o fato de que fora treinado como pastor e nunca participara do exército. A única munição de que precisava eram cinco pedras tiradas de um riacho. Provavelmente era seu hábito carregar aquele tipo de pedra em seu surrão. A pedra não precisava ser cortante, pois sua força não estava no seu poder de cortar, mas no poder de Deus de dirigir o impacto diretamente ao crânio.

Davi aproximou-se do filisteu lançando mão da sua funda (17:406). Observe o uso do pronome: era a sua funda, aquela utilizada rotineiramente antes da batalha, e não uma nova adquirida para a ocasião. Essa funda não foi planejada exclusivamente para Golias. Muitas vezes forjamos novas armas apenas para a batalha que enfrentaremos a seguir.

Entretanto, o inimigo não será vencido com armas não testadas, e ele mesmo sabe bem disso, pois utiliza as velhas e confirmadas armas da tentação que já derrubaram muitos cristãos.

E assim, confiante no Deus invisível porém invencível, Davi “foi-se chegando ao filisteu”. Golias respondeu com a tática usual de intimidar e ridicularizar (17:41-43); zombou das antiquadas armas do jovem e, pelos seus deuses, amaldiçoou o filisteu a Davi, sem saber que suas próprias armas eram impotentes diante do Deus de Israel. Depois, gabou-se de que entregaria Davi para ser comido pelos animais selvagens.

Davi começa sua declaração dizendo: Vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos (17:45). O inimigo vem armado com escudos, espadas e lanças, mas o servo do Senhor sabe que “torre forte é o nome do Senhor, à qual o justo se acolhe e está seguro” (Pv 18:10). Pelejando em nome do Senhor, Davi comparece à batalha como representante de Deus, e não apenas como “servo de Saul” (17:8). Jesus utilizou o mesmo conceito quando ensinou seus discípulos a usar seu nome para confrontar o poder das trevas e curar enfermos, dizendo: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei” (Jo 14:13; cf. tb. At 3:6,11-16; 4:9-12). Os servos de Deus só precisam agir em nome do Senhor, um fato que Davi comemora no salmo 20:5-8.

Davi também se refere ao Senhor como o Deus dos exércitos de Israel (17:45). O termo “exércitos”, no plural, parece estranho, pois Saul tem apenas um exército. Davi, contudo, talvez se refira ao fato de Israel possuir vários exércitos: um visível, que estava diante de Golias, e também legiões invisíveis de anjos sob o comando de Deus.

Davi chegou à peleja com claro entendimento sobre quem faria o trabalho: Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos (17:46a). O segredo da vitória em qualquer batalha espiritual é reconhecer que é o Senhor quem entrega o inimigo em nossas mãos. Essa questão aparece repetidamente no livro de Juízes (cf., p. ex., Jz 3:10), e Davi volta a salientá-la no salmo 60:12.

Golias gabava-se do que faria com Davi, mas o jovem replicou que faria a mesma coisa com Golias (17:46b). Entretanto, havia uma diferença fundamental no orgulho de Davi: o filisteu se vangloriava no fato de ser mais velho e mais experimente que Davi, ao passo que este último confiava no nome do Senhor. A motivação de Davi para enfrentar Golias era: Toda a terra saberá que há Deus em Israel (17:46c). Quando alguém age genuinamente em nome de Deus, e não por sua própria glória, Deus certamente agirá.

Havia uma segunda lição que Davi desejava transmitir: os israelitas esqueceram que Deus salva não com espada, nem com lança (17:47a). Esse ensino vem desde o tempo de Moisés e Josué, e foi relembrado nos dias de Samuel e até mesmo no início do reinado de Saul e Jônatas. Mas a memória deles era curta. Por isso, Davi queria utilizar esse combate com Golias para restaurar a confiança no Deus de Israel. Em vez de investir grandes somas em armas de guerra, os israelitas precisavam apenas investir seu coração na comunhão pessoal com Deus.

Davi concluiu seu discurso reiterando o tema principal: “porque do Senhor é a guerra” (17:47b), tema que voltaria a ser discutido na época de Josafá (2Cr 20:15-17). Davi basicamente estava dizendo: “Esta batalha não é minha. Na melhor das hipóteses, sou apenas um jovem a serviço de Deus. Ele pode usar minha mão para lançar uma pedra ou seja lá o que for, porém Deus é o guerreiro dessa batalha”.

Que paz conheceríamos em nosso ministério se essa verdade estivesse gravada em nosso coração!

Davi começou seu discurso como se estivesse falando por si mesmo, mas terminou dizendo que aquela vitória também seria do povo de Deus, pois utiliza o plural ao dizer: e ele vos entregará nas nossas mãos (17:47c).

As coisas que Deus faz por meio de nós não buscam nosso bem pessoal, mas o benefício do corpo de Cristo.

Os dois guerreiros avançam um contra o outro (17:48a). Os filisteus devem ter apoiado Golias aos gritos enquanto este avançava, mas não sabiam que Golias na verdade enfrentava as forças invisíveis do Deus Altíssimo. Devem ter imaginado que Israel cometera grave erro ao mandar um jovem mal equipado para enfrentar um gigante. Provavelmente eles sabiam que Israel possuía gente capaz de acertar com a funda um fio de cabelo (Jz 20:16), mas nunca imaginaram que este jovem fosse um deles. Deus escolheu “as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1Co 1:27). Davi sai correndo em direção a Golias (17:48b), corajoso e pronto para morrer pela glória do seu Deus. Os israelitas devem ter ficado impressionados com sua coragem.

Mas a fé do coração coloca força nos pés dos servos de Deus, de modo que Davi não lutava na defensiva e partiu para o ataque. Seu objetivo era vencer, não apenas sobreviver. A maioria dos cristãos não busca vitórias, mas cultiva a mentalidade da sobrevivência, imaginando que a vitória virá somente no céu. A vitória, contudo, está disponível para nós aqui e agora. Não haverá batalhas no céu.

Com sua atiradeira, Davi lançou uma pedra e cravou-a na fronte de Golias. Atordoado, o gigante caiu de cara no chão. Então Davi tomou a espada de Golias e cortou-lhe a cabeça (17:49-51a). Num piscar de olhos a batalha alterou-se totalmente e os filisteus se puseram a fugir. Sem Golias, não tiveram coragem de enfrentar Israel (17:51b-53).

Essa ação de Davi ao cortar a cabeça de Golias nos lembra a importância de obter vitória total em nossa guerra espiritual. Não é suficiente alcançar vitória parcial em quaisquer obstáculos espirituais que porventura enfrentarmos.

Nosso objetivo é arrancá-los pela raiz. Se apenas atordoarmos o inimigo, ele logo se recuperará e reagrupará para nova batalha.

Quantas lições magníficas esse episódio bíblico que narra a luta de Davi contra Golias nos ensina. Por quantas vezes, oprimidos pelo tamanho de nossos desafios, deixamos escapar uma vitória certa, por não acreditar em nossa capacidade, mas, principalmente na capacidade de Deus para nos adestrar para a luta? Em diversas oportunidades, nos acovardamos ao escutar a reiterada provocação do inimigo de nossas almas, enfraquecendo na fé e desconsiderando que basta resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg 4.7). Esquecemos, por diversas ocasiões em nossas vidas, que quem capacita os escolhidos é o Senhor dos Exércitos, não é necessário que nos preocupemos com que armas vamos enfrentar as nossas lutas diárias. A Seu tempo, Deus proverá os instrumentos certos para a guerra espiritual. Já nos foi concedida a presença do Espírito Santo de Deus, que nos aconselha, fortalece e renova a cada dia! Temos a oração, o louvor, a meditação na Palavra de Deus como constantes instrumentos de adestramento e fortalecimento da alma, resta-nos lançar mão de tais recursos para uma vida plena na presença do Senhor!

Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 2º Trimestre de 2020, ano 30 nº 115 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – A família natural segundo os valores e princípios cristãos –Salmos – Uma referência para a vida de adoração e oração do cristão – Pr. Adriel Gonçalves do Nascimento.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.


2 comentários:

Obrigado por nos visitar! Volte sempre!