Lição 04 – 24 de janeiro de 2021 – Editora BETEL
A fidelidade do cristão ao Senhor
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Sobre a Mardoqueu
e Hamã
Em algum momento entre o sétimo e o décimo segundo ano do reinado de
Assuero (v. 7; 2.16), o rei decidiu nomear Hamã seu primeiro-ministro sobre o
império. Observe que Mardoqueu havia salvado a vida do rei e sequer tinha
recebido uma palavra de agradecimento, quem dirá uma recompensa; porém, o
perverso Hamã não havia feito coisa alguma e recebera uma promoção! Ao longo
desta vida, testemunhamos muitas situações que parecem injustas, mas Deus sabe
o que está fazendo e jamais abandona o justo nem deixa de recompensá-lo por
seus atos (ver Sl 37).
É bem provável que Hamã tenha usado de bajulação e de lisonja para
alcançar esse novo cargo de autoridade, pois era um homem que fazia esse tipo
de coisa. Era orgulhoso e tinha como propósito conseguir poder e reconhecimento.
Como vimos Assuero era um homem fraco e manipulável, susceptível a bajulação e
ansioso para agradar aos outros, de modo que Hamã não teve muito trabalho para
alcançar seu objetivo.
Alguns estudiosos da Bíblia veem em Hamã uma imagem do "homem da iniquidade"
que um dia surgirá e exercerá seu domínio implacável sobre a humanidade (2Ts 2;
Ap 13). Hamã recebeu grande autoridade do rei, e Satanás dará grande poder a
esse governante mundial perverso que chamamos de anticristo (Ap 13.2, 4). Assim
como Hamã odiava os judeus e tentou exterminá-los, também o anticristo iniciará
uma onda de antissemitismo por todo o mundo (Ap 12.13-17). A princípio, se fará
passar por amigo de Israel, chegando até a firmar com eles uma aliança e a
garantir-lhes proteção, mas romperá essa aliança e se voltará contra esse mesmo
povo que concordou em proteger (Dn 9.24-27). Assim como Hamã acabou derrotado e
julgado, o anticristo também será conquistado por Jesus Cristo e lançado no
lago de fogo (Ap 19.11-20).
Deus permitiu que Hamã fosse nomeado para esse cargo elevado, pois tinha
propósitos a cumprir por seu intermédio (ver Rm 9.17). Deus cumpre suas
promessas e não volta atrás em sua aliança com seu povo. J. Vernon McGee
costumava dizer: "Os judeus foram aos funerais de todas as nações que
tentaram exterminá-los", e Hamã não seria exceção.
Aquilo que as pessoas fazem quando se encontram numa posição de
autoridade é uma prova de seu caráter. Usam sua autoridade para promover a si
mesmas ou para ajudar os outros? Glorificam a si mesmas ou dão glórias a Deus?
Daniel recebeu um cargo elevado semelhante ao de Hamã, mas o usou para servir a
Deus e para ajudar a outros (Dn 6). Por certo, a diferença entre Daniel e Hamã
está no fato de que Daniel era um homem de Deus e uma pessoa humilde, enquanto
Hamã era um homem do mundo e uma pessoa arrogante.
Hamã não se contentou em ter um cargo elevado e em usá-lo em benefício
próprio. Também quis o máximo de reconhecimento público e de honrarias. Apesar
de os povos do antigo Oriente Próximo estarem acostumados a oferecer
demonstrações públicas de deferência, o rei teve de publicar um édito especial
em favor de Hamã, de outro modo, o povo não se curvaria diante dele. Hamã era
um homem insignificante com um cargo importante, e outros nobres mais dignos do
que ele não se mostrariam dispostos a reconhecê-lo. Esse fato é mais uma
indicação de que Hamã não conseguiu sua nomeação por mérito, mas por usurpação.
Se fosse um oficiai digno, os outros líderes o teriam reconhecido de bom grado.
O orgulho cega as pessoas para seu verdadeiro caráter e as leva a
insistir em ter aquilo que não merecem. O ensaísta inglês Walter Savage Landor
(1775-1864) escreveu: "Quando a sombra de homens tacanhos torna-se cada
vez maior, é sinal de que o sol está se pondo". Hamã era, sem dúvida, um homem
tacanho, mas sua vaidade o levava a dar uma falsa impressão de grandeza.
"Os tolos tomam para si o respeito conferido a seu cargo",
escreveu Esopo em sua fábula O Cargo do Asno, uma afirmação que se aplica
perfeitamente a Hamã. Ele era reconhecido não por seu caráter ou por sua competência,
mas por causa do cargo que ocupava e do édito do rei. Como disse Albert Einstein:
"Procure não se tornar um homem de sucesso, mas sim um homem de
valor".
Homens e mulheres de valor conquistam o reconhecimento que merecem. A
promoção de Hamã pode ter feito aflorar o que havia de pior nele, mas também trouxe
à tona o que havia de melhor em Mardoqueu, pois o primo de Ester recusou-se a
fazer reverência a Hamã. Devemos lembrar, porém, que os judeus não estavam transgredindo
o segundo mandamento (Êx 20.4-6) quando se curvavam diante de pessoas de
autoridade, assim como os cristãos de hoje não o fazem quando demonstram respeito
por seus líderes. Abraão, por exemplo, curvou-se diante dos filhos de Hete ao negociar
com eles o túmulo de Sara (Gn 23.7). Os irmãos de José também se curvaram diante
dele, pensando tratar-se de um oficial egípcio (42.6). Davi chegou a curvar-se para
Saul (1Sm 24.8), e Jacó e sua família se curvaram diante de Esaú (Gn 33.3, 6,
7). O povo de Israel usava esse gesto até mesmo entre si (ver 2Sm 14.4 e 18.28).
Havia multidões à porta, e é bem provável que algumas dessas pessoas
estivessem suplicando a Hamã que intercedesse por elas. Em decorrência disso,
Hamã não notou que Mardoqueu permaneceu em pé, enquanto todo o restante do povo
se curvava. Os outros oficiais à porta interrogaram Mardoqueu sobre seu
comportamento, e foi nessa ocasião que ele anunciou abertamente que era judeu
(Et 3.3-4). Ao longo de vários dias, os oficiais do rei discutiram essa questão
com Mardoqueu, provavelmente tentando fazê-lo mudar de ideia; depois disso, relataram
seu comportamento a Hamã. Desse momento em diante, Hamã passou a vigiar Mardoqueu
e a alimentar seu ódio, não apenas contra aquele homem que se assentava à porta
do rei, mas contra todos os judeus do império.
Por que Mardoqueu recusou-se a curvar-se diante de Hamã? O que, em sua
identidade de judeu, o proibia de fazer o que todos os outros faziam? Mesmo que
Mardoqueu não tivesse respeito algum pelo homem, poderia pelo menos respeitar o
cargo, uma vez que foi o rei que havia nomeado Hamã para aquela função.
Provavelmente a resposta encontra-se no fato de Hamã ser um amalequita e
de os amalequitas serem inimigos declarados dos judeus. O Senhor jurou e
registrou por escrito que havia declarado guerra aos amalequitas e que lutaria
contra eles uma geração após a outra (Êx 17.16). De que maneira Mardoqueu poderia
demonstrar reverência a um inimigo dos judeus e do Senhor? Não queria ser culpado
daquilo que Joabe havia acusado o rei Davi: "Hoje envergonhaste a face de
todos os teus servos [...] amando tu os que te aborrecem e aborrecendo aos que
te amam" (2Sm 19.5-6).
A contenda de Mardoqueu com Hamã não foi um conflito pessoal entre um
homem orgulhoso e um homem difícil. Antes, foi a declaração de Mardoqueu de que
estava do lado de Deus no conflito nacional entre os judeus e os amalequitas. Mardoqueu
não queria cometer o mesmo erro de seu antepassado, o rei Saul, e usar de
leniência excessiva com os inimigos de Deus (1Sm 15). Saul perdeu a coroa por
haver condescendido com os amalequitas; mas, por ter se oposto a eles, Mardoqueu
acabou por receber uma coroa (Et 8:15).
Não se esqueça de que o extermínio dos judeus significaria o fim da
promessa messiânica para o mundo. Deus prometeu proteger seu povo para que se
tornasse o meio pelo qual ele poderia dar ao mundo sua Palavra e seu Filho.
Israel deveria trazer a bênção da salvação às nações (Gn 12.1-3; Gl 3.7-18). Mardoqueu
não alimentava qualquer rancor pessoal contra Hamã, mas sim se alistava na
eterna batalha entre Deus e aqueles que servem ao diabo e que procuram frustrar
a vontade do Senhor neste mundo (Gn 3.15). Mardoqueu não é a única pessoa da
Bíblia que praticou uma forma de "desobediência civil" por motivos de
consciência. As parteiras hebreias desobedeceram às ordens do Faraó
recusando-se a matar os bebês hebreus (Êx 1:15-22). Daniel e seus três amigos
recusaram a comida do rei (Dn 1), e os três amigos também recusaram-se a
curvar-se diante da imagem de Nabucodonosor (Dn 3). Os apóstolos recusaram-se a
deixar de testemunhar em Jerusalém e declararam: "Antes, importa obedecer
a Deus do que aos homens" (At 5.29). Essas palavras podem ser uma bela
declaração de fé ou uma fuga covarde diante de responsabilidades; tudo depende
do coração da pessoa que as diz.
Observe, porém, que, em cada um desses casos, as pessoas receberam uma
ordem direta de Deus que lhes deu a certeza de estarem fazendo a vontade dele.
Além disso, em cada caso, essas pessoas tementes a Deus foram gentis e
respeitosas. Não começaram tumultos nem queimaram prédios "em nome da
consciência". Isso porque a autoridade civil é concedida por Deus (Rm 13),
e, para o cristão, desobedecer à lei é algo extremamente grave. Se vamos
quebrar alguma lei, devemos saber a diferença entre preconceitos pessoais e
convicções bíblicas.
Existe mais um elemento em jogo: ao confessar que era judeu, Mardoqueu
estava complicando não apenas sua situação, mas também a de outros judeus do
império. A obediência à consciência e à vontade de Deus em oposição a uma lei
civil não é algo trivial e não deve ser considerada com leviandade.
Alguns dos praticantes do "protesto consciente" que tanto vemos
na mídia, na verdade, se parecem mais com palhaços indo a uma festa do que com
soldados saindo para a luta. Jamais poderiam ser colocados no mesmo nível de
pessoas como Martinho Lutero, que desafiou os prelados e potentados com as
palavras: "Minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Eis-me aqui, não
me resta outra coisa a fazer!".
Mardoqueu poderia ter seus defeitos no que dizia respeito às práticas
religiosas, mas devemos admirá-lo por sua posição corajosa. Sem dúvida, Deus
havia colocado tanto ele quanto Ester em cargos oficiais para que salvassem seu
povo do extermínio. O fato de não observarem a lei judaica torna-se secundário quando
consideramos a coragem deles ao arriscar a própria vida.
O ódio de Hamã por Mardoqueu não tardou a espalhar-se feito um câncer e a
se transformar em ódio a toda a raça judia. Hamã poderia ter comunicado o crime
de Mardoqueu ao rei, que, por sua vez, poderia ter mandado prender ou mesmo executar
Mardoqueu. Mas isso não satisfaria o desejo intenso de vingança que consumia
Hamã.
Seu ódio precisava ser apaziguado por algo muito maior, como a destruição
de uma nação inteira. Da mesma forma que Judas no cenáculo, Hamã tornou-se um
assassino. Mark Twain chamou o antissemitismo acertadamente de "inveja
arrogante de mentes insignificantes".
Um dos frutos do Espírito em Gálatas 5.22-23 é a fidelidade. Entregar sua
vida a Jesus implica tomar o compromisso de ser fiel a Deus, obedecendo a Seus
mandamentos. O verdadeiro cristão ama a Deus e deseja ser fiel a Ele em todas
as áreas de sua vida. A base de nossa fidelidade a Deus é nosso amor por Ele.
Deus mostra Sua fidelidade principalmente a quem é fiel a Ele (Sl 18.25-26).
Quando obedecemos a Deus e seguimo-lo de todo coração, Ele cuida de nós, nos
orienta e nos abençoa. Deus promete recompensa eterna a quem é fiel a Ele até o
fim (Ap 2.10).
Em tudo que fazemos, devemos ser fiéis. Seja a cumprir as promessas que
fazemos, seja a pagar o que devemos, seja a obedecer à lei, nossas ações devem
ser guiadas pela fidelidade.
Quando somos fiéis em nossa vida diária, damos testemunho da fidelidade
de Deus ao mundo.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º
Trimestre de 2020, ano 30 nº 117 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – A importância da Palavra de Deus para o bem estar do ser humano –
Pr. Isaqueu Mendes de Freitas.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e
Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes
Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D.
Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central
Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia –
Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão
internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Q benção ! Qdo será disponibilizada a lição 5?
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