Pessoas que gostam deste blog

Lição 04 - A fidelidade do cristão ao Senhor

  Lição 04 – 24 de janeiro de 2021 – Editora BETEL

A fidelidade do cristão ao Senhor

SLIDES / VISUALIZAR / BAIXAR


HINOS SUGERIDOS

Hino 370

Hino 459

Hino 535

Sobre a Mardoqueu e Hamã

Em algum momento entre o sétimo e o décimo segundo ano do reinado de Assuero (v. 7; 2.16), o rei decidiu nomear Hamã seu primeiro-ministro sobre o império. Observe que Mardoqueu havia salvado a vida do rei e sequer tinha recebido uma palavra de agradecimento, quem dirá uma recompensa; porém, o perverso Hamã não havia feito coisa alguma e recebera uma promoção! Ao longo desta vida, testemunhamos muitas situações que parecem injustas, mas Deus sabe o que está fazendo e jamais abandona o justo nem deixa de recompensá-lo por seus atos (ver Sl 37).

É bem provável que Hamã tenha usado de bajulação e de lisonja para alcançar esse novo cargo de autoridade, pois era um homem que fazia esse tipo de coisa. Era orgulhoso e tinha como propósito conseguir poder e reconhecimento. Como vimos Assuero era um homem fraco e manipulável, susceptível a bajulação e ansioso para agradar aos outros, de modo que Hamã não teve muito trabalho para alcançar seu objetivo.

Alguns estudiosos da Bíblia veem em Hamã uma imagem do "homem da iniquidade" que um dia surgirá e exercerá seu domínio implacável sobre a humanidade (2Ts 2; Ap 13). Hamã recebeu grande autoridade do rei, e Satanás dará grande poder a esse governante mundial perverso que chamamos de anticristo (Ap 13.2, 4). Assim como Hamã odiava os judeus e tentou exterminá-los, também o anticristo iniciará uma onda de antissemitismo por todo o mundo (Ap 12.13-17). A princípio, se fará passar por amigo de Israel, chegando até a firmar com eles uma aliança e a garantir-lhes proteção, mas romperá essa aliança e se voltará contra esse mesmo povo que concordou em proteger (Dn 9.24-27). Assim como Hamã acabou derrotado e julgado, o anticristo também será conquistado por Jesus Cristo e lançado no lago de fogo (Ap 19.11-20).

Deus permitiu que Hamã fosse nomeado para esse cargo elevado, pois tinha propósitos a cumprir por seu intermédio (ver Rm 9.17). Deus cumpre suas promessas e não volta atrás em sua aliança com seu povo. J. Vernon McGee costumava dizer: "Os judeus foram aos funerais de todas as nações que tentaram exterminá-los", e Hamã não seria exceção.

Aquilo que as pessoas fazem quando se encontram numa posição de autoridade é uma prova de seu caráter. Usam sua autoridade para promover a si mesmas ou para ajudar os outros? Glorificam a si mesmas ou dão glórias a Deus? Daniel recebeu um cargo elevado semelhante ao de Hamã, mas o usou para servir a Deus e para ajudar a outros (Dn 6). Por certo, a diferença entre Daniel e Hamã está no fato de que Daniel era um homem de Deus e uma pessoa humilde, enquanto Hamã era um homem do mundo e uma pessoa arrogante.

Hamã não se contentou em ter um cargo elevado e em usá-lo em benefício próprio. Também quis o máximo de reconhecimento público e de honrarias. Apesar de os povos do antigo Oriente Próximo estarem acostumados a oferecer demonstrações públicas de deferência, o rei teve de publicar um édito especial em favor de Hamã, de outro modo, o povo não se curvaria diante dele. Hamã era um homem insignificante com um cargo importante, e outros nobres mais dignos do que ele não se mostrariam dispostos a reconhecê-lo. Esse fato é mais uma indicação de que Hamã não conseguiu sua nomeação por mérito, mas por usurpação. Se fosse um oficiai digno, os outros líderes o teriam reconhecido de bom grado.

O orgulho cega as pessoas para seu verdadeiro caráter e as leva a insistir em ter aquilo que não merecem. O ensaísta inglês Walter Savage Landor (1775-1864) escreveu: "Quando a sombra de homens tacanhos torna-se cada vez maior, é sinal de que o sol está se pondo". Hamã era, sem dúvida, um homem tacanho, mas sua vaidade o levava a dar uma falsa impressão de grandeza.

"Os tolos tomam para si o respeito conferido a seu cargo", escreveu Esopo em sua fábula O Cargo do Asno, uma afirmação que se aplica perfeitamente a Hamã. Ele era reconhecido não por seu caráter ou por sua competência, mas por causa do cargo que ocupava e do édito do rei. Como disse Albert Einstein: "Procure não se tornar um homem de sucesso, mas sim um homem de valor".

Homens e mulheres de valor conquistam o reconhecimento que merecem. A promoção de Hamã pode ter feito aflorar o que havia de pior nele, mas também trouxe à tona o que havia de melhor em Mardoqueu, pois o primo de Ester recusou-se a fazer reverência a Hamã. Devemos lembrar, porém, que os judeus não estavam transgredindo o segundo mandamento (Êx 20.4-6) quando se curvavam diante de pessoas de autoridade, assim como os cristãos de hoje não o fazem quando demonstram respeito por seus líderes. Abraão, por exemplo, curvou-se diante dos filhos de Hete ao negociar com eles o túmulo de Sara (Gn 23.7). Os irmãos de José também se curvaram diante dele, pensando tratar-se de um oficial egípcio (42.6). Davi chegou a curvar-se para Saul (1Sm 24.8), e Jacó e sua família se curvaram diante de Esaú (Gn 33.3, 6, 7). O povo de Israel usava esse gesto até mesmo entre si (ver 2Sm 14.4 e 18.28).

Havia multidões à porta, e é bem provável que algumas dessas pessoas estivessem suplicando a Hamã que intercedesse por elas. Em decorrência disso, Hamã não notou que Mardoqueu permaneceu em pé, enquanto todo o restante do povo se curvava. Os outros oficiais à porta interrogaram Mardoqueu sobre seu comportamento, e foi nessa ocasião que ele anunciou abertamente que era judeu (Et 3.3-4). Ao longo de vários dias, os oficiais do rei discutiram essa questão com Mardoqueu, provavelmente tentando fazê-lo mudar de ideia; depois disso, relataram seu comportamento a Hamã. Desse momento em diante, Hamã passou a vigiar Mardoqueu e a alimentar seu ódio, não apenas contra aquele homem que se assentava à porta do rei, mas contra todos os judeus do império.

Por que Mardoqueu recusou-se a curvar-se diante de Hamã? O que, em sua identidade de judeu, o proibia de fazer o que todos os outros faziam? Mesmo que Mardoqueu não tivesse respeito algum pelo homem, poderia pelo menos respeitar o cargo, uma vez que foi o rei que havia nomeado Hamã para aquela função.

Provavelmente a resposta encontra-se no fato de Hamã ser um amalequita e de os amalequitas serem inimigos declarados dos judeus. O Senhor jurou e registrou por escrito que havia declarado guerra aos amalequitas e que lutaria contra eles uma geração após a outra (Êx 17.16). De que maneira Mardoqueu poderia demonstrar reverência a um inimigo dos judeus e do Senhor? Não queria ser culpado daquilo que Joabe havia acusado o rei Davi: "Hoje envergonhaste a face de todos os teus servos [...] amando tu os que te aborrecem e aborrecendo aos que te amam" (2Sm 19.5-6).

A contenda de Mardoqueu com Hamã não foi um conflito pessoal entre um homem orgulhoso e um homem difícil. Antes, foi a declaração de Mardoqueu de que estava do lado de Deus no conflito nacional entre os judeus e os amalequitas. Mardoqueu não queria cometer o mesmo erro de seu antepassado, o rei Saul, e usar de leniência excessiva com os inimigos de Deus (1Sm 15). Saul perdeu a coroa por haver condescendido com os amalequitas; mas, por ter se oposto a eles, Mardoqueu acabou por receber uma coroa (Et 8:15).

Não se esqueça de que o extermínio dos judeus significaria o fim da promessa messiânica para o mundo. Deus prometeu proteger seu povo para que se tornasse o meio pelo qual ele poderia dar ao mundo sua Palavra e seu Filho. Israel deveria trazer a bênção da salvação às nações (Gn 12.1-3; Gl 3.7-18). Mardoqueu não alimentava qualquer rancor pessoal contra Hamã, mas sim se alistava na eterna batalha entre Deus e aqueles que servem ao diabo e que procuram frustrar a vontade do Senhor neste mundo (Gn 3.15). Mardoqueu não é a única pessoa da Bíblia que praticou uma forma de "desobediência civil" por motivos de consciência. As parteiras hebreias desobedeceram às ordens do Faraó recusando-se a matar os bebês hebreus (Êx 1:15-22). Daniel e seus três amigos recusaram a comida do rei (Dn 1), e os três amigos também recusaram-se a curvar-se diante da imagem de Nabucodonosor (Dn 3). Os apóstolos recusaram-se a deixar de testemunhar em Jerusalém e declararam: "Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5.29). Essas palavras podem ser uma bela declaração de fé ou uma fuga covarde diante de responsabilidades; tudo depende do coração da pessoa que as diz.

Observe, porém, que, em cada um desses casos, as pessoas receberam uma ordem direta de Deus que lhes deu a certeza de estarem fazendo a vontade dele. Além disso, em cada caso, essas pessoas tementes a Deus foram gentis e respeitosas. Não começaram tumultos nem queimaram prédios "em nome da consciência". Isso porque a autoridade civil é concedida por Deus (Rm 13), e, para o cristão, desobedecer à lei é algo extremamente grave. Se vamos quebrar alguma lei, devemos saber a diferença entre preconceitos pessoais e convicções bíblicas.

Existe mais um elemento em jogo: ao confessar que era judeu, Mardoqueu estava complicando não apenas sua situação, mas também a de outros judeus do império. A obediência à consciência e à vontade de Deus em oposição a uma lei civil não é algo trivial e não deve ser considerada com leviandade.

Alguns dos praticantes do "protesto consciente" que tanto vemos na mídia, na verdade, se parecem mais com palhaços indo a uma festa do que com soldados saindo para a luta. Jamais poderiam ser colocados no mesmo nível de pessoas como Martinho Lutero, que desafiou os prelados e potentados com as palavras: "Minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Eis-me aqui, não me resta outra coisa a fazer!".

Mardoqueu poderia ter seus defeitos no que dizia respeito às práticas religiosas, mas devemos admirá-lo por sua posição corajosa. Sem dúvida, Deus havia colocado tanto ele quanto Ester em cargos oficiais para que salvassem seu povo do extermínio. O fato de não observarem a lei judaica torna-se secundário quando consideramos a coragem deles ao arriscar a própria vida.

O ódio de Hamã por Mardoqueu não tardou a espalhar-se feito um câncer e a se transformar em ódio a toda a raça judia. Hamã poderia ter comunicado o crime de Mardoqueu ao rei, que, por sua vez, poderia ter mandado prender ou mesmo executar Mardoqueu. Mas isso não satisfaria o desejo intenso de vingança que consumia Hamã.

Seu ódio precisava ser apaziguado por algo muito maior, como a destruição de uma nação inteira. Da mesma forma que Judas no cenáculo, Hamã tornou-se um assassino. Mark Twain chamou o antissemitismo acertadamente de "inveja arrogante de mentes insignificantes".

Um dos frutos do Espírito em Gálatas 5.22-23 é a fidelidade. Entregar sua vida a Jesus implica tomar o compromisso de ser fiel a Deus, obedecendo a Seus mandamentos. O verdadeiro cristão ama a Deus e deseja ser fiel a Ele em todas as áreas de sua vida. A base de nossa fidelidade a Deus é nosso amor por Ele.

Deus mostra Sua fidelidade principalmente a quem é fiel a Ele (Sl 18.25-26). Quando obedecemos a Deus e seguimo-lo de todo coração, Ele cuida de nós, nos orienta e nos abençoa. Deus promete recompensa eterna a quem é fiel a Ele até o fim (Ap 2.10).

Em tudo que fazemos, devemos ser fiéis. Seja a cumprir as promessas que fazemos, seja a pagar o que devemos, seja a obedecer à lei, nossas ações devem ser guiadas pela fidelidade.

Quando somos fiéis em nossa vida diária, damos testemunho da fidelidade de Deus ao mundo.

Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 4º Trimestre de 2020, ano 30 nº 117 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – A importância da Palavra de Deus para o bem estar do ser humano – Pr. Isaqueu Mendes de Freitas.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

Um comentário:

Obrigado por nos visitar! Volte sempre!