Pessoas que gostam deste blog

Lição 13 - Uma serva de coragem

  Lição 13 – 28 de março de 2021 – Editora BETEL

Uma serva de coragem

SLIDES VISUALIZAR / BAIXAR


HINOS SUGERIDOS

Hino 90

Hino 108

Hino 127

Sobre a coragem de Ester

De que modo a Providência guardou os judeus que haviam retomado do cativeiro, e que grandes e bondosos atos foram feitos em seu favor, nós lemos nos dois livros precedentes ao Livro de Ester; mas houve muitos que ficaram para trás, não tendo zelo suficiente pela casa de Deus, e pela terra e cidade santas, para conduzi-los pelas dificuldades da retirada de lá.

Estes, pensar-se-ia, deveriam ter sido excluídos da proteção especial da Providência, como indignos do nome de israelitas; mas nosso Deus não lida conosco de acordo com nossa tolice e fraqueza. Descobrimos, neste livro, que tanto aos judeus que se encontravam espalhados pelas províncias pagãs, quanto aos que se encontravam reunidos na terra de Judá, foi dispensado cuidado, tendo sido maravilhosamente preservados, quando condenados à extinção e sentenciados como ovelhas ao matadouro.

Não está claro quem escreveu esta história. Mardoqueu era eminentemente capaz de relatar, por conhecimento próprio, suas várias passagens; “quorum, pars magna fuit” — pois tomou parte proeminente nela; e que escreveu um relato, até onde necessário para que seu povo observasse apropriadamente a festa de Purim, o texto nos informa (9.20, Mardoqueu escreveu estas coisas, e as enviou por meio de cartas a todos os judeus); portanto, temos razões para pensar que foi ele o escriba do livro inteiro.

Trata-se da narração de um plano arquitetado contra os judeus, com o intuito de liquidá-los; plano que foi maravilhosamente frustrado por um concerto de providências. Sua exposição mais concisa será a leitura da narrativa inteira de uma só vez, dado que os fatos posteriores iluminam os iniciais, e mostram a intenção que a Providência tinha neles.

Não se encontra o nome de Deus nesse livro; mas a adição apócrifa (que não está em hebraico, e que os judeus nunca incluíram no cânon), tendo seis capítulos, começa assim: Então Mardoqueu disse: Deus fez estas coisas. Mas, ainda que o nome de Deus não se encontre nele, o mesmo não se pode dizer da sua mão, guiando minuciosamente os fatos que culminaram na libertação de seu povo.

Os detalhes não são apenas surpreendentes e muito cativantes, mas também edificantes e encorajadores para o povo de Deus, quando este se encontra em tempos de perigo e dificuldade. Não podemos esperar que tais milagres, como os operados em favor de Israel, tendo em vista sua libertação do Egito, sejam operados em nosso favor nestes dias; mas podemos esperar que, do mesmo modo como Deus frustrou o plano de Hamã, Ele continuará a proteger o seu povo.

Como Deus depôs do trono uma que era altiva e poderosa, lemos no capítulo anterior; e é-nos agora contado como o Senhor elevou outra de baixa posição, como observa a virgem Maria em sua canção (Lc 1.52), e Ana antes dela (1Sm 2.4-8). Vasti sendo humilhada por causa de sua soberba, Ester é elevada em virtude de sua humildade. Aqui temos:

O processo extravagante que se orquestrou para achar uma nova mulher para o rei. Josefo conta que, quando sua raiva se apaziguara, muito angustiou ao rei que a questão tivesse sido resolvida de maneira tão drástica, e ter-se-ia ele reconciliado com Vasti se, de acordo com a constituição de seu próprio governo, o julgamento não fosse irrevogável — e que, portanto, para fazê-lo esquecê-la, tramou-se uma maneira de entretê-lo primeiro com uma grande variedade de concubinas, e então uni-lo a mais agradável delas no lugar de Vasti. Os casamentos de príncipes costumam ser determinados por interesses políticos e diplomáticos, visando à ampliação de seus domínios e ao fortalecimento de suas alianças; mas também devem sê-lo, em parte, pelo agrado da pretendente ao gosto do príncipe, independendo de sua condição de rica ou pobre, nobre ou comum. Que esmero se tomou para animar o rei! Como se tivesse recebido sua riqueza e poder apenas para poder desfrutar dos deleites sensuais, exacerbados ao maior grau de prazer, e com o mais fastidioso requinte, quando, na melhor das hipóteses, esses prazeres não passam de escória e entulho, se comparados aos prazeres espirituais e divinos.

1. Todas as províncias do seu reino devem ser investigadas atrás de virgens jovens e belas, e oficiais designados para escolhê-las (v.3).

2. Uma casa (um harém) foi preparada, especialmente para elas, e uma pessoa designada para custodiá-las, para certificar-se de que lhes fossem dispensados todos os devidos cuidados. 3. Nada menos do que doze meses lhes foram permitidos para a sua purificação, ao menos algumas delas tendo sido trazidas do campo, para que viessem a estar assaz limpas e perfumadas (v. 12). Mesmo as que fossem obras-primas da natureza deviam submeter-se a todos esses artifícios, para que pudessem agradar a uma mente vã e carnal.4. Depois de o rei as ter levado para a cama, viriam em completa reclusão, apenas interrompida quando eram novamente requisitadas por ele (v. 14); eram tratadas como esposas secundárias, e por ele sustentadas de acordo, e não podiam casar-se. Podemos ver, por este exemplo, a que práticas absurdas chegavam os que viviam privados da revelação divina, e que, como punição por sua idolatria, eram entregues a vis afeições. Havendo transgredido a lei da criação fundada em Deus ter criado o homem, transgrediram ainda outra, alicerçada em ele ter criado um homem e uma mulher. Veja que necessidade havia do evangelho de Cristo, para purificá-los das concupiscências da carne, e para restabelecer entre eles a instituição originária. Os que aprenderam a Cristo considerarão vergonhoso o mero mencionar destas práticas, feitas não apenas em segredo, mas abertamente (Ef. 5.12).

A soberana providência de Deus desta maneira tornando Ester rainha. Tivesse ela sido recomendada a Assuero como esposa, ele teria rejeitado proposta com desdém, mas quando ela veio na sua vez, depois de muitas outras, e percebeu-se que, apesar de muitas delas serem habilidosas, discretas, graciosas e agradáveis, ainda assim Ester sobressaía entre todas, foi aberto caminho para ela, concedido até mesmo por suas próprias rivais, para a afeição do rei e as honras daí consequentes. E certo que, como diz o bispo Patrick, quem sugere que ela cometeu um grave pecado em obedecer a essa dignidade não entende os costumes desses tempos e terras. Toda aquela que o rei levasse à cama estava casada com ele, e era sua esposa de posição inferior, como o era Agar em relação a Abraão; de modo que, se Ester não tivesse sido feita rainha, os filhos de Jacó não precisariam dizer que ele fez a nossa irmã como a uma prostituta. Em relação a Ester, temos aqui:

1. Sua personalidade e caráter. (1) Ela era uma dos que vieram do cativeiro, uma judia, e partícipe com seu povo de sua escravidão. Daniel e seus companheiros eram prósperos na terra em que eram cativos, pois eram dos que Deus para lá enviara para seu bem (Jr 24.5). (2) Ela era órfã; tanto seu pai como mãe eram mortos (v. 7), mas quando eles a abandonaram, o Senhor a acolheu (SI 27.10). Quando aqueles cuja tristeza é uma infância sem pai nem mãe conseguem, ainda assim, posteriormente, tornarem-se eminentemente piedosos e prósperos, devemos tomar nota disto, para a glória de Deus, e sua graça e providência, que tomou para um dos títulos de sua honra o de Pai dos órfãos. (3) Era uma beldade, bela de parecei; e formosa à vista; assim está na margem (v. 7). Sua sabedoria e virtude constituíam sua maior beleza, mas é vantajoso para um diamante estar bem guardado. (4) Mardoqueu, seu primo-irmão, era seu guardião, criara-a, e a tomara por sua filha. A LXX diz que planejou tomá-la como mulher; se foi o caso, é louvável que ele não se tenha oposto à preferência de Ester. Que Deus seja reconhecido por conceder amigos aos que não têm pai nem mãe; que este piedoso exemplo de caridade seja um encorajamento, bem como o de muitos que assumiram para si a responsabilidade pela educação de órfãos, e que viveram para ver, com abundante conforto de espírito, os bons frutos de seu cuidado e dedicação. O Dr. Lightfoot acha que este Mardoqueu é o mesmo que se menciona em Esdras 2.2, que subiu para Jerusalém com os primeiros, e ajudou no estabelecimento de seu povo até a construção do templo ser interrompida, e então retornou à corte persa, para ver que serviço ali poderia render. Mardoqueu sendo o guardião de Ester, é-nos contado: [1] De quanta afeição tinha por ela, como se fosse sua própria filha (v. 11): passava todo dia diante da porta dela, para ver como estava, e do que gostaria. Que aqueles cujas relações familiares são desse modo dispostas pela Providência sejam igualmente afetuosos e solícitos. [2] De era respeitosa para com ele. Embora por relação fosse seu igual, em idade e dependência era seu inferior, e, portanto, o honrava como seu pai — cumpria o seu mandado (v. 20). Isto é um exemplo para os órfãos; se são acolhidos por alguém que os ame e deles cuide, que eles sejam apropriadamente recíprocos em afeição e obrigações. O quanto menos obrigados forem seus guardiões a prover para eles, maior a obrigação dos órfãos a, em espírito de gratidão, honrar e obedecer a seus guardiões. Aqui temos um exemplo de quão obsequiosa era Ester para com Mardoqueu, em que ela não declarou o seu povo e a sua parentela, pois Mardoqueu a proibira de fazê-lo (v. 10). Ele não ordenou que negasse seu país de origem, nem que mentisse a respeito de sua ascendência; se assim ordenasse, ela não deveria obedecer. Mas ele apenas lhe disse que não revelasse o país de onde vinha. Nem todas as verdades devem ser declaradas em todo tempo, ainda que uma inverdade não deva ser proferida jamais. Ela sendo nascida em Susã, seus pais sendo mortos, todos presumiram que fosse de origem persa, e ela não estava obrigada a retificá-los a respeito disso.

2. A preferência por Ester. Quem pensaria que uma judia, uma cativa, uma órfã, teria nascido para ser uma rainha, uma imperatriz! Mas foi assim que ocorreu. A Providência às vezes levanta o pobre do pó, para o fazer assentar entre os príncipes (1Sm 2.8). (1) O mordomo do rei a honrou, e estava pronto para servi-la. Sabedoria e virtude conquistam respeito. Aqueles que buscam agradar a Deus estarão nas graças dos homens também, quando lhes for conveniente. Todos que viam Ester admiravam-na, e concluíram que seria ela a dama a conquistar o prêmio, e ela de fato o conquistou. (2) O próprio rei se apaixonou por ela. Ela não se preocupou, como fizeram as outras, em se destacar por meio de uma beleza artificial; coisa nenhuma pediu, mas apenas o que estava designado para ela, e mesmo assim foi considerada a mais agradável entre as candidatas.

Quanto mais natural a beleza, mais aprazível ela é. O rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres (v. 17). Agora ele não precisava de mais nenhum julgamento, ou de tempo para deliberações; ele logo decide pôr a coroa real na sua cabeça, e fazê-la rainha (v. 17). Isto foi feito em seu sétimo ano como rei, Vasti tendo sido divorciada no terceiro; de modo que haviam passado quatro anos sem uma rainha. Aqui temos: [1] As honras que o rei outorgou a Ester. Ele agraciou a solenidade de sua coroação com uma festa, em que talvez Ester, em acordo com o rei, fez uma aparição pública, o que Vasti se negara a fazer, para que tivesse a honra da obediência, na mesma situação em que a outra incorreu na mácula da desobediência. O rei ainda deu repouso às províncias, ou um perdão dos impostos atrasados, ou um ato de graça para com os criminosos; assim como Pilatos, durante a festa, libertou um prisioneiro.

O sentido do ato era somar à alegria da festividade. [2] A deferência que Ester continuou a ter para com o seu antigo guardião. Ela ainda cumpria o mandado de Mardoqueu, como quando a criara (v. 20). Mardoqueu assentava-se à porta do rei, foi a maior de suas promoções: ele era um dos carteiros ou porteiros da corte. Se detinha esse posto antes, ou se Ester o obteve para ele, não nos é contado; mas estava satisfeito, e não ambicionava posto maior; e mesmo assim Ester, elevada em sua posição ao trono real, era atenciosa para com ele. Isto demonstrava um temperamento grato e humilde, e que tinha em conta a amabilidade prévia e sabedoria inabalável de seu guardião. E um grande ornamento, para os que se encontram em altas posições, e assaz digno de louvor, que se lembrem de seus benfeitores, retenham as marcas de sua boa educação, sejam modestos, dispostos a ouvir conselhos, e gratos por eles.

Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 1º Trimestre de 2021, ano 31 nº 118 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – Ester – A soberania do poder de Deus na preservação do Seu povo – Bispo Abner Ferreira.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por nos visitar! Volte sempre!