Lição 01 – 04 de abril de 2021 – Editora BETEL
Deus decidiu se revelar
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O Hino 449 e o Hino 559 ainda estão sendo produzidos. Só tivemos acesso ao PDF da Lição 01 na 4º feira passada. A Revista do 2º trimestre de 2021 está sem previsão de chegada em nossa congregação.
Sobre a revelação
de Deus
O que muitos
esquecem ao comemorar nascimento de Cristo é que foi exatamente o ato da
encarnação do Filho que constituiu a maior expressão revelacional de Deus. Em
nenhum outro lugar encontramos com tanta precisão e informações a respeito de
Deus, dos seus propósitos e atributos. O nosso objetivo por meio deste estudo é
entendermos a importância do Filho na transmissão pessoal da revelação especial
de Deus e como essa revelação nos conduz a um relacionamento pessoal com Pai,
diferentemente de uma religião esotérica, em que seus ensinamentos sempre são
adquiridos por meio de experiências místicas.
O Deus apresentado
nas Escrituras Sagradas não tem prazer em se envolver num jogo de
“esconde-esconde” com os seus filhos.
Um dos propósitos da
autorrevelação de Deus é se fazer conhecido. Ele quer que saibamos mais a
respeito da sua pessoa, da sua vontade para a nossa vida, dos seus propósitos
para o seu povo e dos seus atributos. Não é sem motivo que, por meio do profeta
Jeremias, Deus disse que a glória do homem consistiria em conhecê-lo, inclusive
ele receberia um coração com condições para tal (Jr 9.24; 24.7), porque isto é
algo que o agrada.
Deus tem tanta
satisfação em que seu povo o conheça que rejeitar esse conhecimento é como
rejeitar o próprio Deus (Is 1.2-3). A vida eterna que recebemos consiste no
conhecimento que temos dele (Jo 17.3) e por sua vez, a morte é exatamente o
resultado do desconhecimento (Os 4.6).
Continuamente Deus
se faz conhecer, seja por meio da Sua criação, da providência, ou da palavra
falada que começou lá no Éden e culminou na encarnação dessa mesma palavra que
foi o nascimento de Cristo. Porém, ao se fazer conhecer, Deus também tinha
outros propósitos.
Um dos objetivos de
Deus ao se fazer conhecido é estabelecer um relacionamento com o seu povo. A
Bíblia não apresenta um Deus impessoal, pelo contrário, ele é tripessoal.
Também o Senhor não é um Deus distante que, apesar de Criador, permanece
totalmente indiferente e estático em relação a sua criação.
Desde o início da
criação vemos a iniciativa de Deus em desenvolver um relacionamento pessoal com
o primeiro casal quando ele andava no fim do dia no jardim (Gn 3.8). Logo, Deus
não apenas se manifestou, mas também falou, o que é próprio somente de um
relacionamento pessoal.
Percebemos também
que um dos objetivos de Deus ao se revelar é ter um relacionamento pessoal com
os seus filhos por causa das diversas vezes em que ele afirma que formaria para
si um povo, seria o seu Deus, andaria e habitaria no meio desse povo (Êx 6.7;
Lv 26.12; Jr 7.23; 11.4; 30.22; 32.38; 2Co 6.16; Hb 8.10; Ap 21.3).
Referências bíblicas
também ao amor, justiça, misericórdia, ira, bondade, paternidade, entre outros
atributos, só são possíveis por causa da pessoalidade que há em Deus, pois
esses atributos mencionados não podem ser exercidos ou manifestados por meio de
alguma força impessoal. Logo, se Deus é pessoal há um relacionamento, e não
somente entre as três pessoas que há na divindade, mas com os seus filhos
também.
Por fim, podemos
mencionar também como propósito da revelação de Deus o objetivo de ser
glorificado. Deus se manifesta aos seus filhos proporcionando-lhes o
conhecimento a respeito de si e se relacionando com eles. Esses, em atitude de
reconhecimento, respondem glorificando-o.
Quando olhamos para
a criação de um modo geral, vemos Deus dando-se a conhecer por meio dela e manifestando
também a sua glória aos homens. Portanto a nossa atitude deve ser a mesma do
salmista após contemplar as maravilhas da natureza que reconhece o poder e a
sabedoria de Deus (Sl 104.24).
Os atos poderosos de
Deus na História e a sua providência diária por meio do que ele também se
revela têm por objetivo conduzir o seu povo a glorificá-lo. Uma das razões para
o endurecimento do coração de Faraó é que Deus seria glorificado mediante o
livramento do povo de Israel do cativeiro egípcio. Portanto, Deus usa a
obstinação do monarca egípcio, manifesta-se ao seu povo, se dá a conhecer um
pouco mais, levando seus filhos a glorificá-lo.
Tradicionalmente, a
revelação não-verbal é chamada de revelação geral. Ela aponta para a existência
do Criador, manifestando a sua glória, poder e divindade (Sl 19.1; At 14.17; Rm
1.18,19) tornando assim todos os homens indesculpáveis diante de Deus (Rm
1.20). Essa revelação se dá por meio das obras da criação, da providência e da lei
moral de Deus implantada no coração dos homens (Rm 2.15). Logo, os seus
destinatários são todas as pessoas, independentemente de serem ou não cristãs.
Chamamos essa
revelação de não-verbal por causa do modo como ela ocorre em distinção ao outro
tipo de revelação, a verbal. Se observarmos, tomando emprestada a expressão do
salmista, esse é um tipo de revelação na qual “não há linguagem, e nem há
palavras, e não se ouve nenhum som” (Sl 19.4). Ela não é falada, mas cumpre seu
objetivo, que é testemunhar a respeito da existência do Criador.
Por isso, a rejeição
a essa revelação é identificada por Paulo como impiedade e perversão. Os
homens, apesar deterem o conhecimento da verdade, preferem adorar e servir a si
mesmos, seguindo um raciocínio nulo e um coração insensato (Rm 1.21). Tal
atitude, ímpia e perversa, traz sobre si a manifestação da ira de Deus.
Distinta da
revelação anterior, há também a revelação especial ou verbal. O escritor aos
Hebreus disse que Deus falou muitas vezes e de “muitas maneiras” (Hb 1.1).
Aliás, algo que a Bíblia insistentemente nos apresenta é um Deus que fala. O
mundo foi criado pela sua palavra, ele falava com o homem no Éden e continuou a
falar durante todo o processo histórico da revelação. Hoje ainda temos a sua
palavra falada registrada nas Escrituras Sagradas.
1. Muitas maneiras
O modo pelo qual
Deus inicialmente se manifestou. Tecnicamente, chamamos a essas manifestações
de teofanias, ou seja, Deus assumindo formas para se revelar ao homem.
A primeira dessas
manifestações que encontramos na Bíblia está ainda no Éden, quando Deus
“andava” no jardim com o homem e a mulher no fim do dia. De algum modo e forma,
Deus se manifestava e falava durante aqueles momentos ao homem.
Outra manifestação
que encontramos na Bíblia ocorreu a Abraão. Deus e mais dois anjos foram ao
patriarca em semelhança humana (Gn 18.1,2). É importante frisar que ali não
houve uma encarnação, Deus apenas manifestou-se em forma humana e falou a
Abraão. Podemos também mencionar o episódio da sarça ardente, por meio do qual
Deus falou a Moisés (Êx 3.2-4). Por fim, há diversas citações do Anjo do Senhor
se manifestando a diversas pessoas e falando a elas (Gn 16.7, 22.11; Nm 22.23;
Jz 6.11; 2Rs 1.3; 1Cr 21.16). O importante frisar é que, em todas essas
ocasiões, Deus sempre falou, revelando a sua vontade e também dando a conhecer
quem ele é.
2. Pelos profetas
As teofanias foram
muito mais intensas até os dias de Moisés, sendo substituídas gradativamente
pelas profecias. A partir de Moisés, Deus começa a levantar os seus profetas
que tinham a responsabilidade de tornar conhecida a vontade de Deus ao seu
povo. Por isso, mais uma vez a ênfase recai no fato de Deus estar falando.
Ainda que o conteúdo profético fosse recebido por meio de visões, sonhos ou até
mesmo teofanias, os profetas agora eram a “boca de Deus” aos homens. Eles eram
responsáveis por transmitir a sua palavra. Daí a insistência na expressão “ouvi
a palavra do Senhor” ou “assim diz o Senhor”.
3. Pelo Filho
Hebreus mostra que a
revelação verbal de Deus teve o seu ápice na pessoa do Filho. A palavra pela qual
o mundo fora criado, que fora manifestada de muitas maneiras e também
profeticamente, agora estava encarnada. Ou seja, a maior expressão falada de
Deus se deu por meio do Filho. Não era somente uma palavra ouvida, mas vista,
tocada e que habitava entre os homens (1Jo 1.1).
O apóstolo João
disse que o Filho era o Verbo eterno que estava com Deus desde o princípio e
que todas as coisas foram feitas por intermédio dele (Jo 1.1). Essa Palavra ou
Verbo manifestava a glória do Filho de Deus e revelava o próprio Deus (Jo
1.14,18), era o Emanuel (Mt 1.23).
O apóstolo Paulo
escreve também a respeito do Filho dizendo que ele “é a imagem do Deus
invisível” (Cl 1.15) e que “nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade” (Cl 2.9). O escritor aos Hebreus também se refere ao Filho como a
“expressão exata” do Ser de Deus (Hb 1.3).
Todas essas evidências
bíblicas mostram como a revelação de Deus ao seu povo alcança o seu ponto máximo
mediante a encarnação do Filho, a ponto de Jesus dizer a Felipe que quem o
visse, via também o Pai (Jo 14.8-10).
Veremos a partir
deste ponto da lição como é que essa revelação verbal de Deus sempre foi
mediada pelo Filho, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
O primeiro exemplo
que podemos apresentar é uma referência feita pelo apóstolo Pedro. Em sua segunda
carta, alertando a Igreja contra os falsos mestres, ele recorda o ensino que os
crentes tinham aprendido. Pedro se refere às palavras que já tinham sido “ditas
pelos santos profetas” e aos mandamentos de Cristo que foram ensinadas pelos
seus apóstolos (2Pe 3.2). É evidente que os ensinamentos apostólicos foram
primeiramente transmitidos pelo Filho. Mas, e quanto as palavras ditas pelos
profetas?
Na sua primeira
carta, Pedro fala sobre esse processo. Ele diz que os profetas faziam perguntas
e procuravam descobrir mais detalhes a respeito da salvação que eles
anunciavam. Eles dedicavam toda a atenção possível a respeito daquilo que lhes
era revelado a respeito do Filho que viria e do sofrimento que ele padeceria. Porém,
todas essas revelações eram feitas pelo próprio Espírito de Cristo que neles
estava (1Pe 1.10,11). Logo, já no Antigo Testamento, o Filho eterno era quem
fazia a mediação entre Deus e os homens na revelação especial.
Outro exemplo que
podemos apresentar está no evangelho de João. Após registrar alguns milagres e
mensagens de Jesus, inclusive a ressurreição de Lázaro, o apóstolo diz que
Cristo estava sendo rejeitado pelos judeus, seu próprio povo, o que incluía a
elaboração de um plano pelas autoridades religiosas judaicas para tirar a sua
vida (Jo 12.37).
No entanto, João
entende isso como cumprimento de uma profecia de Isaías. Ele diz que o profeta
já havia predito que não creriam nele e que o rejeitariam. Porém, é interessante
notar que essa profecia ocorreu, segundo João, quando Isaías viu a glória do
Filho eterno. A passagem, no entanto, que ocorre no Antigo Testamento onde
encontramos a profecia mencionada, narra o momento em que Isaías entra no
Templo e vê o Senhor sentando no trono, sendo adorado por serafins que
clamavam: Santo! Santo! Santo! (Is 6.1-10). O que João entende (Jo 12.37-41) é
que a glória revelada ao profeta, referida como a glória do Senhor dos
exércitos, já era a glória de Cristo (Jo 17.5).
Por fim, podemos
mencionar também a citação do apóstolo Paulo. Quando escreve à igreja em
Corinto alertando-a contra a idolatria, ele faz algumas referências ao povo de
Israel durante a sua peregrinação no deserto. Paulo fala do batismo na nuvem e
no mar, do manjar espiritual que eles comeram e de uma água espiritual que
jorrava de uma pedra espiritual que seguia o povo de Israel durante a sua
peregrinação. Conclui o apóstolo Paulo: “a pedra era Cristo” (1Co 10.1-4).
Logo, no entendimento de Paulo, Cristo desde o Antigo Testamento já era a fonte
mediadora das bênçãos entre Deus e os homens (Ef 1.3; 3.8; Cl 2.3).
As passagens que
veremos a seguir nos mostrarão, não somente o entendimento apostólico, mas o
ensino bíblico de que o Filho sempre é o mediador entre Deus e os homens (1Tm
2.5), inclusive na transmissão da sua vontade (Dt 18.15,18; Jo 14.21).
O apóstolo Paulo faz
questão de enfatizar em algumas ocasiões que a sua pregação e seu ensino não
eram fruto da especulação humana, mas vinham do próprio Deus (1Ts 2.13),
transmitido a ele por Jesus Cristo. Ao instruir os crentes em Corinto a
respeito da Ceia, ele diz que entregava aquilo que havia recebido do Senhor (1Co
11.23). Sobre a ressurreição, ele volta a dizer que entregou apenas o que havia
recebido (1Co 15.3). Aliás, ele mesmo tinha sido testemunha da ressurreição de
Cristo e muito da sua mensagem ele recebera do Cristo ressurreto.
O apóstolo João,
combatendo os falsos mestres que negavam a humanidade plena de Cristo, afirma
que anunciou o que recebera do Filho, o qual João tocara com suas próprias mãos
e vira com os seus próprios olhos (1Jo 1.1-3). O próprio Jesus, na grande
comissão, lembra que seriam as suas ordenanças que deveriam ser ensinadas (Mt
28.20), que o próprio ensino do Espírito Santo seria a retransmissão daquilo
que eles já tinham ouvido (Jo 16.13), que lembraria os seus discípulos daquilo
que Jesus já lhes havia ensinado (Jo 14.26). Portanto, podemos concluir que o
Filho sempre foi essencial para a revelação pessoal de Deus ao seu povo.
Felipe fez um pedido
audacioso a Jesus Cristo. Ele queria ver o Pai. Semelhantemente a Felipe,
muitos ainda querem ver o Pai ou desejam se aproximar de Deus. Muitos, porém,
buscam essa aproximação do Pai do modo errado. Eles tentam ir diretamente a
Deus com os seus próprios méritos ou buscam outros caminhos, tais como o
misticismo ou as boas obras.
Porém, nenhum desses
caminhos nos conduzirá ao Pai, pois ele se relaciona de modo pessoal com o seu
povo, e esse relacionamento sempre será mediado pelo Filho. A sua própria
revelação faz parte desse modo pessoal de se relacionar, pois ela é a
manifestação da sua vontade e do seu Ser. Logo, a conclusão a que podemos chegar
está nas palavras de Jesus: “Quem me vê a mim vê o Pai”.
Já que o Pai se
revela de modo pessoal por meio do Filho, quais atitudes fazem com que essa
revelação especial seja valorizada ou menosprezada? De que modo particular o
crente pode buscar a revelação de Deus sem se deixar seduzir por tantas
propostas novas de revelações?
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 1º
Trimestre de 2021, ano 31 nº 118 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Ester – A soberania do poder de Deus na preservação do Seu povo –
Bispo Abner Ferreira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes
Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D.
Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central
Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia –
Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão
internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
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