Lição 03 – 18 de abril de 2021 – Editora BETEL
O Deus Criador
SLIDES / VISUALIZAR / BAIXAR
HINOS SUGERIDOS
♫ Hino 71 ♫
♫ Hino 526 ♫
♫ Hino 527 ♫
Sobre o Deus
Criador
A doutrina da
criação, juntamente com a providência, deve ser vista como o resultado e a
execução do plano e do decreto eterno de Deus. A Escritura mostra com clareza
que o plano de Deus é o seu plano eterno pelo qual, antes da criação do mundo,
ele preordenou fazer acontecer todas as coisas que chegam a acontecer (ver, por
exemplo, Sl 139.16; Is 14.24-27; 37.26; 46.10-11; At 2.23; 4.27-28; 17.26; Rm
8.28-29; 9.1-33; Gl 4.4-5; Ef 1.4, 11-12; 2.10). A criação é a realização desse
plano eterno no que diz respeito à origem do universo e de tudo que existe,
incluindo os seres angelicais e humanos. A providência, por outro lado, é a
realização do eterno plano de Deus, no tempo, em relação ao mundo que ele
criou, em termos de sua preservação e governo de todas as coisas para cumprirem
os propósitos a que foram designadas, para a sua própria glória (ver, por
exemplo, Sl 103.19; 136.25; 145.15; Dn 4.34-35; At 17.28; Rm 11.36; Ef 1.11; Cl
1.17; Hb 1.3). Deus, ao identificar-se a si mesmo como o Deus soberano de
criação e providência, deixa bastante claro que somente ele é Deus e que nenhum
outro é Deus, que ele não compartilhará sua glória com nenhuma coisa criada e
que merece toda a nossa adoração, louvor e obediência (ver, por exemplo, Is
40-48; Jr 10.1-16; Jo 17.3; 1 Tm 1.17).
Além disso, quando
afirmamos que Deus é o Criador, estamos enfatizando, pelo menos, três verdades.
Primeira, estamos ressaltando o fato de que Deus criou o universo a partir do
nada (creatio ex nihilo). As Escrituras começam com a afirmação de que, “no
princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Antes de o universo ser
criado, nada existia, exceto o Deus trino. Entretanto, em um momento, o Deus
eterno falou e trouxe este universo de espaço e tempo à existência, “a partir
do nada”, ou seja, sem o uso de quaisquer materiais previamente existentes. É
por causa deste fato que a Escritura e a teologia cristã afirmam que a matéria
não é eterna, mas apenas uma realidade criada. Em outras palavras, somente Deus
é o Deus autoexistente, e tudo mais é dependente dele. Segunda, estamos
afirmando que Deus criou o universo espontaneamente. A Escritura não diz, em
nenhuma de suas passagens, que Deus teve necessidade de criar todas as coisas
motivado por algum tipo de necessidade que havia fora ou dentro dele mesmo. Em
vez disso, ele, como o Deus trino, que é autoexistente e autossuficiente,
decidiu espontaneamente criar todas as coisas. Neste sentido importante, Deus
não teve de criar o universo; pelo contrário, devido à sua soberana e livre
escolha e para seu próprio prazer, Deus se propôs a criar. Essa é a razão por
que a Escritura afirma que Deus não precisa do mundo, e sim que o mundo e tudo
que há nele são total e completamente dependentes de Deus. Terceira, dizer que
Deus é o Criador significa que a criação é um ato do Deus trino. A criação é
não somente a obra do Pai (Gn 1.1; Sl 19.1-2; 33.6, 9; Is 40.28; At 17.24-25;
Ap 4.11), ela é também a obra do Filho (Jo 1.1-3; 1 Co 8.6: Cl 1.15-17; Hb 1.2)
e a atividade do Espírito Santo (Gn 1.2; Jó 33.4; Sl 104.30). E, como um ato do
Deus trino, a razão para a existência do universo é, em última análise, a
glória de Deus.
Assim como é
importante afirmar o que queremos dizer positivamente com a doutrina da
criação, também é necessário enfatizar o que não queremos dizer. A definição
bíblica da criação é contrária tanto às opiniões antigas quanto às
contemporâneas sobre as origens. Em específico, a Bíblia rejeita os seguintes
pontos de vista falsos referentes à origem do universo e dos seres humanos.
Primeiramente, a
Bíblia rejeita todos os pontos de vista naturalistas e evolucionistas quanto às
origens. Em seu âmago, o naturalismo tenta ver as origens apenas à luz de
processos naturalistas que envolvem a evolução da matéria, por acaso, durante
um período de tempo. É por meio desta ideia que as pessoas tentam explicar toda
a complexidade e ordem do universo, incluindo os seres humanos. Neste ponto de
vista, a matéria é entendida como eterna ou, pelo menos, geradora de si mesma,
independente da soberana vontade de Deus. A Escritura rejeita francamente esta
ideia.
Em segundo, a
Escritura rejeita todos os pontos de vista panteístas sobre a criação. Neste
ponto de vista, não há uma distinção crucial entre o Criador e a criação; Deus
e o mundo são, essencialmente, um. Além disso, o mundo é frequentemente
explicado como uma emanação ou efusão necessária de toda a realidade – o Único.
A Escritura deixa claro que o Deus eterno e transcendente não será reduzido à
sua ordem criada e que a distinção entre a criatura e o Criador, negada pelo
panteísmo, é fundamental para um ponto de vista cristão sobre o mundo.
Em terceiro, a
Escritura rejeita todos os entendimentos dualistas quanto ao universo. No dualismo,
há duas substâncias ou princípios distintos e coeternos dos quais tudo mais é
derivado e que são frequentemente vistos como duas forças antagonistas – o bem
e o mal. Outra vez, a Escritura mostra com clareza que somente Deus é Deus, que
ele não tem rivais e não compartilhará a sua glória com ninguém.
O que cada um destes
três pontos de vista falsos têm em comum é o fato de que tentam negar o
glorioso Deus da criação. O apóstolo Paulo refletiu sobre esta situação infeliz
em Romanos 1.8-32, argumentando que a existência do Deus da criação é
manifestada claramente para todas as pessoas, mas, devido à rebeldia do coração
humano, a verdade de Deus tem sido voluntariamente suprimida e distorcida por
nós. Em vez de glorificarmos a Deus, que nos criou, e dar-lhe graças, temos
mudado a glória de Deus pelas realidades criadas. O resultado final é, correta
e tristemente, a ira justa, santa e perfeita de Deus que nos sobrevém devido ao
nosso pecado e depravação. Nesta situação, a única esperança para nós é a
soberania de Deus em graça e redenção.
A Importância
Prática e Teológica da Doutrina da Criação
Qual é a importância
prática e teológica da doutrina da criação? Há muitos pontos que poderiam ser
desenvolvidos, mas pelo menos três reflexões são apropriadas.
Primeira, a doutrina
da criação identifica para nós o nosso Deus glorioso. A criação nos lembra que
o Deus que criou não é uma deidade pequena e insignificante. Não, ele é o
Senhor sobre tudo, a fonte de tudo que existe e aquele que é o único soberano.
Além disso, a criação nos lembra que ele não é uma deidade distante. Antes,
Deus é o “Senhor da aliança”, aquele que é o Deus vivo e ativo, envolvido
intimamente em e com a sua criação, sustentando, mantendo e governando
constantemente a sua criação e entrando num relacionamento de aliança com seu
povo. O nosso Deus é verdadeiramente grande, cheio de majestade, glória,
sabedoria, força e poder, devido ao fato de que ele é o Deus criador.
Segunda, a doutrina
da criação nos diz algo sobre nós mesmos, como criaturas de Deus. É
precisamente porque somos criaturas de Deus, feitos à sua imagem, que os seres
humanos desfrutam de um papel singular na criação. Ironicamente, quando as
pessoas tentam viver à parte de Deus e negam seu Criador tanto em sua vida como
em seu pensamento, elas descobrem que não podem entender a si mesmas corretamente.
Assim, acabam vendo a si mesmas como menos do que são, ou seja, como animais ou
máquinas humanas, que têm pouca ou nenhuma importância e valor. Mas o ponto de
vista cristão sobre os seres humanos, vinculado à doutrina da criação, nos diz
que Deus nos fez com dignidade e valor e que isto, em última análise, é a única
base para um entendimento apropriado dos seres humanos. Além disso, o fato de
que fomos criados por Deus também serve como fundamento para toda a ética, para
a responsabilidade humana e para um entendimento correto de nosso lugar, em
sujeição a Deus, na sua criação. Mas, outra vez, devido à nossa rejeição
intencional de nosso Senhor e Criador, temos nos posicionado contra ele e,
assim, somos necessitados de redenção, uma redenção que somente Deus pode
realizar e consumar soberanamente.
Terceira, a doutrina
da criação nos diz algo sobre o nosso mundo em pelo menos duas áreas
importantes. A primeira área está relacionada a como devemos ver este mundo em
termos de valores. Visto que Deus criou este mundo, é importante enfatizar que
ele tem valor. Isto é evidenciado em Gênesis 1 pelo julgamento de valor “era
bom” (vv. 4, 10, 12, 18, 21, 25), da parte de Deus, e pela sua avaliação conclusiva
“era muito bom” (v. 31). Neste contexto, “bom” indica que o mundo era não
somente o que Deus planejara e tencionara, mas também que ele tinha grande
valor. Deus falou “Sim!” para o que havia criado. Uma implicação importante
disto para a teologia cristã é não elevarmos, em nosso pensamento e em nossa
prática, o “espiritual” acima do “físico”. Isto foi um problema no passado e
produziu vários entendimentos errados na igreja. Ao criar este mundo, Deus
valoriza tanto a realidade física como a espiritual. Infelizmente, como
resultado da Queda, ambas estão agora corrompidas. Mas, na redenção, Deus fez
uma obra em Cristo que salva não somente a nossa alma, mas também o nosso
corpo. Por isso, há nas Escrituras a ênfase sobre a ressurreição de nosso corpo,
para vivermos em novos céus e uma nova terra, na presença de Deus, para sempre
(ver 1Co 15; Ap 21-22).
A segunda área está
relacionada ao entendimento cristão da relação e envolvimento contínuo de Deus
com seu universo e das implicações disto para um ponto de vista cristão quanto
à ciência. É claro que muito poderia ser dito neste assunto. Entretanto, basta
dizer que, uma vez que a ordem criada é o resultado da decisão espontânea do
Senhor soberano e pessoal, ela é também planejada, ordenada, estruturada e
governada por leis. Mas, em sua estrutura, a criação nunca deve ser vista
meramente em termos mecânicos. A teologia cristã rejeita qualquer noção ou de
um universo “aberto” ou de um universo “fechado”. Um universo “aberto” é o
ponto de vista representado pelo animismo. O animismo não entende o universo
como que estando sob o controle soberano de Deus, mas, em vez disso, ele é
controlado por forças e espíritos caprichosos. Um ponto de vista de universo
“fechado” é aquele representado pela ciência moderna. Neste ponto de vista, o
universo é concebido como que estando unicamente sob o controle de leis
mecânicas, independentes da vontade e do plano de Deus; e, por isso, este ponto
de vista concebe aquilo que é miraculoso como impossível. As Escrituras, porém,
rejeitam esses dois pontos de vista. Em vez disso, as Escrituras nos apresentam
um universo “controlado”. O ponto de vista bíblico vê este mundo como ordeiro e
previsível devido à sua relação com o Deus de criação e providencia. Mas também
afirma que este mundo não é independente de Deus e que, se Deus quiser, pode
agir neste mundo e realizar seus planos e propósitos de maneiras miraculosas e
extraordinárias. Por conseguinte, o ponto de vista cristão sobre o mundo, unido
à nossa doutrina de criação, nos permite ver o mundo em um padrão ordeiro e
previsível, possibilitando assim a ciência. Enquanto o problema de milagres não
é realmente um problema devido ao fato de que o Deus de criação é também o Deus
de providência que sustenta o mundo continuamente e age nele.
Com base nesta breve
consideração, não é difícil perceber que a doutrina da criação e a afirmação de
que Deus é o Criador têm importância crucial para a teologia cristã. Como já
disse, sem o Deus de criação e providência não há cristianismo como a Bíblia o
descreve. Todas as outras doutrinas, incluindo a doutrina da salvação, estão
arraigadas e alicerçadas no fato de que Deus é o criador soberano e Senhor de
seu universo. Na verdade, a doutrina da criação é também fundamental à teologia
cristã em outro sentido – ela é o começo da história que leva à redenção. Ao
insistir no fato de que a criação original de Deus era boa, a Bíblia prepara o
cenário para o que sai errado – o pecado, a morte, a destruição – e para o
desenvolvimento da linha histórica da Escritura que culmina na vinda de um
Redentor para corrigir as coisas. Em última análise, todo o drama da história
de redenção prenuncia a restauração – a transformação numa glória ainda maior
(Rm 8.1-27) – daquela bondade do universo que se tornou corrompido e chega por
fim ao alvorecer de um novo céu e uma nova terra (Ap 21-22), o lar da justiça
(2Pe 3.13).
Autor: Stephen J.
Wellum (PhD, Trinity Evangelical Divinity School), professor de Teologia Cristã
no Southern Baptist Theological Seminary e editor do Jornal de Teologia
Southern Baptist.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 2º
Trimestre de 2021, ano 31 nº 119 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Os atributos de Deus – Conhecendo a Natureza, o Caráter e a
Supremacia de Deus nas Escrituras – Pr. Valdir Alves de Oliveira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes
Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D.
Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central
Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia –
Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão
internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário