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Lição 04 - O amor de Deus

  Lição 04 – 25 de abril de 2021 – Editora BETEL

O amor de Deus

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Sobre o amor de Deus

Vários anos antes de sua morte, o teólogo suíço Karl Barth foi aos Estados Unidos para ministrar uma série de palestras. Numa de suas impressionantes apresentações, um estudante o surpreendeu com uma pergunta bem complexa: “Dr. Barth, qual o maior pensamento que já passou pela sua mente?”. O idoso professor parou por um longo instante enquanto, obviamente, pensava numa resposta.

Então, disse com muita simplicidade: “Jesus me ama! Isso eu sei, pois a Bíblia assim o diz”. Se o amor do Pai é o que há de mais grandioso no universo, por que deixamos para discutir esse assunto somente agora? Por que não começamos por ele e, então, colocamos as outras características divinas em perspectiva?

A resposta é que, embora o amor de Deus seja, sem dúvida, importante e grandioso, não conseguimos compreendê-lo e apreciá-lo de verdade em nosso estado decaído, até que conheçamos algumas outras coisas sobre o Senhor e sobre nós mesmos. A sequência por meio da qual esses fatos nos são apresentados é fundamental para a compreensão dos fundamentos da fé cristã: primeiro, a nossa criação à imagem de Deus; segundo, nosso pecado; terceiro, a revelação da ira divina contra nós por causa de nosso pecado; e quarto, a redenção.

Se não tivermos essa sequência bem estabelecida em nossa mente, seremos incapazes de apreciar (ou até mesmo admirar) o amor do Pai como deveríamos. Em vez disso, parece-nos apenas razoável que Ele nos ame. “Afinal de contas, somos tão adoráveis”, pensamos.

No entanto, quando nos achamos diante de nossa transgressão da justa Lei divina e debaixo da ira do Altíssimo, torna-se verdadeiramente extraordinário descobrir que, apesar de tudo, Deus nos ama. Paulo enfatizou isso em Romanos: Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Tal afirmação justifica outro motivo pelo qual decidimos não estudar a questão do amor divino em capítulos anteriores: o amor do Pai só é entendido de maneira plena por meio da cruz de Jesus Cristo. As manifestações do amor do Senhor na criação e na providência são um tanto ambíguas: vivenciamos a destruição de terremotos terríveis, mas também nos maravilhamos com lindos pores do sol; enquanto alguns sofrem de doenças incuráveis e cruéis como o câncer, outros são perfeitamente saudáveis. Apenas na cruz Deus mostra Seu amor de maneira completa e sem ambiguidade.

Por essa razão, é difícil encontrar um versículo no Novo Testamento que mencione o amor divino sem referir-se também, no mesmo texto ou no contexto imediato, ao presente que Ele nos deu, Seu Filho no Calvário.

Vejamos alguns exemplos. Em João 3.16 está escrito:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”

Paulo declarou, em Gálatas 2.20:

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.”

Lemos em 1 João 4.10 (ARA) o seguinte:

“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.”

Em Apocalipse 1.5 é dito que Jesus nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu sangue.

Essas citações mantêm juntos o amor de Deus e a cruz de Cristo. E mais, elas estão entre os mais importantes textos acerca de ambos os assuntos.

Apenas depois de entendermos o significado da cruz podemos apreciar o amor por trás dele. Percebendo isso, Agostinho uma vez comparou a cruz com um púlpito a partir do qual Cristo pregava Seu amor ao mundo.

Devemos ser cuidadosos quando dizemos que só podemos apreciar o amor divino em sua plenitude depois de entendermos as doutrinas da criação, do pecado, da ira e da redenção - ou seja, somente quando compreendemos o significado do sacrifício de Jesus na cruz.

O amor de Deus não se origina lá, mas muito antes, sendo, portanto, mais grandioso que cada um desses assuntos subsequentes. Se não conseguirmos enxergar isso, correremos o risco de imaginar que o Senhor sempre esteve irado conosco e, somente depois da morte de Cristo, Sua ira se transformou em amor.

Isso é errado e distorce o significado da cruz.

Encontramos o amor do Senhor em tudo: na criação, na morte de Cristo e até mesmo na Sua ira contra o pecado, embora isso seja difícil de compreender. Com o Ele pode amar-nos com tanta intensidade e ainda assim estar irado conosco?

Agostinho disse que Deus nos odiava por não sermos o que Ele próprio tinha criado (Schaaf, 1887, p. 41), embora, apesar disso, amasse o que tinha feito e o que faria conosco novamente. Fomos reconciliados com o Pai não porque a morte de Cristo tenha alterado, de alguma forma, a atitude dele para conosco, mas porque Seu amor levou-o a enviar Cristo, a fim de estabelecer a maneira pela qual o pecado, que nos separa dele, pudesse ser removido para sempre.

C. S. Lewis captou essa ideia de forma organizada no final de Os Quatro Amores:

“Não devemos partir do misticismo, do amor da criatura por Deus ou das maravilhosas antevisões da fruição de Deus concedidas a alguns em sua vida na terra. Nós partimos do verdadeiro ponto de partida — do amor como energia divina. [...] Em Deus, não há necessidade a ser preenchida, mas somente abundância querendo doar-se. Deus, que não precisa de nada, faz existir por amor criaturas inteiramente supérfluas para poder amá-las e aperfeiçoá-las.

Ele cria o universo já prevendo — ou deveríamos dizer “vendo”? Para Deus, não existe o tempo — as moscas zumbindo ao redor da cruz, as costas esfoladas sendo pressionadas contra o mastro, os cravos atravessando os nervos principais, a contínua sufocação incipiente à medida que o corpo vai desfalecendo, a contínua tortura das costas e dos braços quando é içado para poder respirar. Se me permitem uma metáfora biológica, Deus é um “hospedeiro” que cria deliberadamente seus próprios parasitas — que nos faz existir para que possamos explorá-lo e “tirar vantagem” dele.” (Lewis, 2005, p. 175-176).

A ira interferiu em nosso relacionamento com Deus, escondendo Seu amor de nós, mas, quando removida, descobrimos o quanto o Senhor nos ama desde a eternidade, e somos, portanto, atraídos a Ele.

O que podemos dizer sobre o amor de Deus pelas Suas criaturas, que o levou não somente a criá-las e redimi-las, mas também a preservá-las para uma eternidade de comunhão com Ele? Sem dúvida, nada do que disséssemos poderia esgotar a totalidade da dimensão desse amor. O amor do Senhor é sempre infinitamente mais profundo do que nossa capacidade de entendê-lo e expressá-lo.

A Bíblia trata desse assunto de maneira simples. Um a das coisas básicas que destaca é a intensidade do amor de Deus por nós (Ef 2.4). Em João 3.16, há uma indicação acerca da grandeza do amor divino, implícita no fragmento de tal maneira, em porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Isso significa que o Pai amou o mundo de forma tão grandiosa que enviou Seu único Filho para morrer em nosso lugar.

É claro que, ao referir-se à dimensão de Seu amor, Deus não usa a mesma noção de grandeza que usamos ao dizer que algo relativamente normal é grande - um grande concerto, um grande jantar ou algo parecido. Ele é mestre em atenuações. Então, quando afirma que

Seu amor é grande, quer dizer, de fato, que este é estupendo ao ponto de exceder todo o entendimento humano (Ef 3.19).

Alguém captou essa ideia em um cartão que continha impressa a passagem de João 3.16. O versículo foi organizado de uma forma que evidenciou a grandeza de cada parte dele. Ficou assim:

Deus                                      o maior amante

amou de tal maneira             o maior grau

o mundo                                a maior companhia

que deu                                 o maior ato

o Seu Filho unigênito            o maior presente

para que todo aquele            a maior oportunidade

que nele crer                         a maior simplicidade

não pereça,                           a maior promessa

mas                                       a maior diferença

tenha                                     a maior certeza

a vida eterna                         o maior bem

Para completar, acima do texto havia o título:

Cristo, o maior Presente.

Uma maneira ainda melhor de compreender a dimensão do amor de Deus é constatar que, diante de sua exclusividade e grandeza, não havia palavra no vocabulário grego capaz de expressá-lo, o que levou os autores bíblicos a inventar, ou, no mínimo, a elevar a níveis inteiramente novos uma palavra unicamente para isso.

A língua grega é rica em palavras para amor. A primeira delas era storgê, que se refere à afeição em geral, principalmente em relação à família. Um equivalente mais próximo em português seria carinho. Os gregos diriam: “Eu amo [tenho carinho pelos] meus filhos”.

A segunda das palavras gregas é philia, de onde obtemos as palavras filantropia e Filadélfia. Ela se refere à amizade. Jesus usou essa palavra quando disse que qualquer pessoa que amasse mais os pais do que a Ele não seria digna dele (Mt 10.37).

A terceira é eros, que nos remete ao amor sensual, a partir da qual se originou a palavra erótica. Embora esse tipo de amor seja abordado pelos escritores bíblicos de maneira positiva, o termo eros tinha uma conotação degradante na época em que foi escrito o Novo Testamento, sendo abolido desses escritos de modo a não aparecer nem uma só vez.

Apesar de toda essa variedade, os responsáveis pela tradução dos textos bíblicos do hebraico para o grego não consideraram nenhuma dessas palavras adequadas para transmitir os verdadeiros conceitos acerca do amor de Deus. Usaram, portanto, outro termo, sem fortes associações, e o fizeram de forma praticamente exclusiva. Por quase não ter sido usado anteriormente, eles foram capazes de introduzi-lo com uma característica inteiramente nova, para que, com o tempo, esse termo passasse a expressar apenas a versão de amor que desejavam: ágape.

Embora inicialmente um pouco vaga, essa nova palavra grega conseguiu cumprir o objetivo de seus criadores. Deus ama de maneira justa e santa? Sim. Esse amor é ágape. O amor do Pai é generoso, soberano e eterno? Sim, isso também. Em Jeremias 31.3, Deus falou:

Com amor eterno te amei; também com amável benignidade te atraí.

Esse amor é ágape. Assim, ágape se tornou a palavra suprema para falar sobre o amor do Senhor, inicialmente revelado por Ele pelo judaísmo e, então, revelado, em sua plenitude, em Jesus Cristo, por meio do cristianismo bíblico.

Em segundo lugar, a Bíblia ensina que o amor de Deus é infinito. Isso não é a mesma coisa que dizer que ele é grande: a característica diferenciada dele é sua capacidade de não se extinguir. Ele não pode ser esgotado, nem mesmo completamente compreendido. Paulo captou essa ideia quando orou para que aqueles a quem estava escrevendo pudessem compreender, com todos os santos, [...] a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que [fossem] cheios de toda a plenitude de Deus (Ef 3.18,19).

Analisando logicamente, as palavras do apóstolo são contraditórias, visto que ele orou para que os cristãos pudessem conhecer o incognoscível. Essa foi a maneira encontrada por Paulo para enfatizar seu desejo de que eles se aprofundassem mais no conhecimento do infinito amor de Deus.

Com o podemos compreender esse amor ilimitado? Podemos conhecê-lo, mas apenas em parte. Temos sido tocados por ele, mas sua plenitude continuará sempre fora do alcance do nosso entendimento, assim como o infinito do universo se estende para além do que o olho humano pode enxergar.

Há um hino que coloca esse aspecto do amor de Deus numa linguagem memorável. Inicialmente escrito por F. M. Lehman, teve sua estrofe final (que é, talvez, a melhor de todas) acrescentada mais tarde, depois de ter sido encontrada registrada na parede do quarto de um asilo, escrita por um homem considerado insano, mas que, obviamente, conheceu o amor de Deus.

O amor de Deus é muito superior

Ao que a língua ou a caneta pode expressar;

Ele ultrapassa a mais alta estrela,

E chega ao mais profundo inferno.

A culpa curvou-se com cuidado,

Deus deu Seu Filho para vencer:

Seus filhos errantes Ele reconciliou,

E resgatou do pecado.

Oh, como o amor de Deus é rico e puro!

Como é sem medida e forte!

Durará para sempre –

A canção dos anjos e dos santos.

Poderíamos encher o oceano com tinta?

E poderia o céu ser como um pergaminho?

Poderiam todos os caules da terra ser penas de escrever,

E todo homem um escriba por ocupação,

Para escrever acerca do amor de Deus?

Se assim fosse, os oceanos secariam;

O pergaminho não poderia conter sua totalidade,

Ainda que esticado de céu a céu.

Essa é a canção de todos aqueles que, por intermédio de Jesus Cristo, conheceram o infinito amor do Pai.

Extraído do livro Fundamentos da Fé Cristã de James Montgomery Boyce.

Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 2º Trimestre de 2021, ano 31 nº 119 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos – Professor – Os atributos de Deus – Conhecendo a Natureza, o Caráter e a Supremacia de Deus nas Escrituras – Pr. Valdir Alves de Oliveira.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora CPAD – 2005 – Comentário Bíblico Beacon.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

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