Lição 04 – 25 de abril de 2021 – Editora BETEL
O amor de Deus
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Sobre o amor de
Deus
Então, disse com
muita simplicidade: “Jesus me ama! Isso eu sei, pois a Bíblia assim o diz”. Se
o amor do Pai é o que há de mais grandioso no universo, por que deixamos para
discutir esse assunto somente agora? Por que não começamos por ele e, então,
colocamos as outras características divinas em perspectiva?
A resposta é que,
embora o amor de Deus seja, sem dúvida, importante e grandioso, não conseguimos
compreendê-lo e apreciá-lo de verdade em nosso estado decaído, até que
conheçamos algumas outras coisas sobre o Senhor e sobre nós mesmos. A sequência
por meio da qual esses fatos nos são apresentados é fundamental para a
compreensão dos fundamentos da fé cristã: primeiro, a nossa criação à imagem de
Deus; segundo, nosso pecado; terceiro, a revelação da ira divina contra nós por
causa de nosso pecado; e quarto, a redenção.
Se não tivermos essa
sequência bem estabelecida em nossa mente, seremos incapazes de apreciar (ou
até mesmo admirar) o amor do Pai como deveríamos. Em vez disso, parece-nos
apenas razoável que Ele nos ame. “Afinal de contas, somos tão adoráveis”,
pensamos.
No entanto, quando
nos achamos diante de nossa transgressão da justa Lei divina e debaixo da ira
do Altíssimo, torna-se verdadeiramente extraordinário descobrir que, apesar de
tudo, Deus nos ama. Paulo enfatizou isso em Romanos: Mas Deus prova o seu amor
para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
Tal afirmação justifica outro motivo pelo qual decidimos não estudar a questão
do amor divino em capítulos anteriores: o amor do Pai só é entendido de maneira
plena por meio da cruz de Jesus Cristo. As manifestações do amor do Senhor na
criação e na providência são um tanto ambíguas: vivenciamos a destruição de
terremotos terríveis, mas também nos maravilhamos com lindos pores do sol;
enquanto alguns sofrem de doenças incuráveis e cruéis como o câncer, outros são
perfeitamente saudáveis. Apenas na cruz Deus mostra Seu amor de maneira
completa e sem ambiguidade.
Por essa razão, é
difícil encontrar um versículo no Novo Testamento que mencione o amor divino
sem referir-se também, no mesmo texto ou no contexto imediato, ao presente que
Ele nos deu, Seu Filho no Calvário.
Vejamos alguns
exemplos. Em João 3.16 está escrito:
“Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Paulo declarou, em
Gálatas 2.20:
“Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim.”
Lemos em 1 João 4.10
(ARA) o seguinte:
“Nisto consiste o
amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o
seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.”
Em Apocalipse 1.5 é
dito que Jesus nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu
sangue.
Essas citações
mantêm juntos o amor de Deus e a cruz de Cristo. E mais, elas estão entre os
mais importantes textos acerca de ambos os assuntos.
Apenas depois de
entendermos o significado da cruz podemos apreciar o amor por trás dele.
Percebendo isso, Agostinho uma vez comparou a cruz com um púlpito a partir do
qual Cristo pregava Seu amor ao mundo.
Devemos ser cuidadosos
quando dizemos que só podemos apreciar o amor divino em sua plenitude depois de
entendermos as doutrinas da criação, do pecado, da ira e da redenção - ou seja,
somente quando compreendemos o significado do sacrifício de Jesus na cruz.
O amor de Deus não
se origina lá, mas muito antes, sendo, portanto, mais grandioso que cada um
desses assuntos subsequentes. Se não conseguirmos enxergar isso, correremos o
risco de imaginar que o Senhor sempre esteve irado conosco e, somente depois da
morte de Cristo, Sua ira se transformou em amor.
Isso é errado e
distorce o significado da cruz.
Encontramos o amor
do Senhor em tudo: na criação, na morte de Cristo e até mesmo na Sua ira contra
o pecado, embora isso seja difícil de compreender. Com o Ele pode amar-nos com tanta
intensidade e ainda assim estar irado conosco?
Agostinho disse que
Deus nos odiava por não sermos o que Ele próprio tinha criado (Schaaf, 1887, p.
41), embora, apesar disso, amasse o que tinha feito e o que faria conosco
novamente. Fomos reconciliados com o Pai não porque a morte de Cristo tenha
alterado, de alguma forma, a atitude dele para conosco, mas porque Seu amor
levou-o a enviar Cristo, a fim de estabelecer a maneira pela qual o pecado, que
nos separa dele, pudesse ser removido para sempre.
C. S. Lewis captou
essa ideia de forma organizada no final de Os Quatro Amores:
“Não devemos partir
do misticismo, do amor da criatura por Deus ou das maravilhosas antevisões da
fruição de Deus concedidas a alguns em sua vida na terra. Nós partimos do verdadeiro
ponto de partida — do amor como energia divina. [...] Em Deus, não há
necessidade a ser preenchida, mas somente abundância querendo doar-se. Deus,
que não precisa de nada, faz existir por amor criaturas inteiramente supérfluas
para poder amá-las e aperfeiçoá-las.
Ele cria o universo
já prevendo — ou deveríamos dizer “vendo”? Para Deus, não existe o tempo — as
moscas zumbindo ao redor da cruz, as costas esfoladas sendo pressionadas contra
o mastro, os cravos atravessando os nervos principais, a contínua sufocação
incipiente à medida que o corpo vai desfalecendo, a contínua tortura das costas
e dos braços quando é içado para poder respirar. Se me permitem uma metáfora
biológica, Deus é um “hospedeiro” que cria deliberadamente seus próprios
parasitas — que nos faz existir para que possamos explorá-lo e “tirar vantagem”
dele.” (Lewis, 2005, p. 175-176).
A ira interferiu em
nosso relacionamento com Deus, escondendo Seu amor de nós, mas, quando
removida, descobrimos o quanto o Senhor nos ama desde a eternidade, e somos,
portanto, atraídos a Ele.
O que podemos dizer
sobre o amor de Deus pelas Suas criaturas, que o levou não somente a criá-las e
redimi-las, mas também a preservá-las para uma eternidade de comunhão com Ele?
Sem dúvida, nada do que disséssemos poderia esgotar a totalidade da dimensão
desse amor. O amor do Senhor é sempre infinitamente mais profundo do que nossa
capacidade de entendê-lo e expressá-lo.
A Bíblia trata desse
assunto de maneira simples. Um a das coisas básicas que destaca é a intensidade
do amor de Deus por nós (Ef 2.4). Em João 3.16, há uma indicação acerca da
grandeza do amor divino, implícita no fragmento de tal maneira, em porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Isso significa que o
Pai amou o mundo de forma tão grandiosa que enviou Seu único Filho para morrer
em nosso lugar.
É claro que, ao
referir-se à dimensão de Seu amor, Deus não usa a mesma noção de grandeza que
usamos ao dizer que algo relativamente normal é grande - um grande concerto, um
grande jantar ou algo parecido. Ele é mestre em atenuações. Então, quando
afirma que
Seu amor é grande,
quer dizer, de fato, que este é estupendo ao ponto de exceder todo o
entendimento humano (Ef 3.19).
Alguém captou essa
ideia em um cartão que continha impressa a passagem de João 3.16. O versículo
foi organizado de uma forma que evidenciou a grandeza de cada parte dele. Ficou
assim:
Deus o maior
amante
amou de tal maneira o maior grau
o mundo a maior companhia
que deu o maior ato
o Seu Filho
unigênito o maior presente
para que todo aquele a maior oportunidade
que nele crer a maior simplicidade
não pereça, a maior promessa
mas a maior
diferença
tenha a maior
certeza
a vida eterna o maior bem
Para completar,
acima do texto havia o título:
Cristo, o
maior Presente.
Uma maneira ainda
melhor de compreender a dimensão do amor de Deus é constatar que, diante de sua
exclusividade e grandeza, não havia palavra no vocabulário grego capaz de
expressá-lo, o que levou os autores bíblicos a inventar, ou, no mínimo, a
elevar a níveis inteiramente novos uma palavra unicamente para isso.
A língua grega é
rica em palavras para amor. A primeira delas era storgê, que se refere à
afeição em geral, principalmente em relação à família. Um equivalente mais
próximo em português seria carinho. Os gregos diriam: “Eu amo [tenho carinho
pelos] meus filhos”.
A segunda das
palavras gregas é philia, de onde obtemos as palavras filantropia e Filadélfia.
Ela se refere à amizade. Jesus usou essa palavra quando disse que qualquer
pessoa que amasse mais os pais do que a Ele não seria digna dele (Mt 10.37).
A terceira é eros,
que nos remete ao amor sensual, a partir da qual se originou a palavra erótica.
Embora esse tipo de amor seja abordado pelos escritores bíblicos de maneira
positiva, o termo eros tinha uma conotação degradante na época em que foi
escrito o Novo Testamento, sendo abolido desses escritos de modo a não aparecer
nem uma só vez.
Apesar de toda essa
variedade, os responsáveis pela tradução dos textos bíblicos do hebraico para o
grego não consideraram nenhuma dessas palavras adequadas para transmitir os
verdadeiros conceitos acerca do amor de Deus. Usaram, portanto, outro termo,
sem fortes associações, e o fizeram de forma praticamente exclusiva. Por quase
não ter sido usado anteriormente, eles foram capazes de introduzi-lo com uma
característica inteiramente nova, para que, com o tempo, esse termo passasse a
expressar apenas a versão de amor que desejavam: ágape.
Embora inicialmente
um pouco vaga, essa nova palavra grega conseguiu cumprir o objetivo de seus
criadores. Deus ama de maneira justa e santa? Sim. Esse amor é ágape. O amor do
Pai é generoso, soberano e eterno? Sim, isso também. Em Jeremias 31.3, Deus
falou:
Com amor eterno te
amei; também com amável benignidade te atraí.
Esse amor é ágape.
Assim, ágape se tornou a palavra suprema para falar sobre o amor do Senhor,
inicialmente revelado por Ele pelo judaísmo e, então, revelado, em sua
plenitude, em Jesus Cristo, por meio do cristianismo bíblico.
Em segundo lugar, a
Bíblia ensina que o amor de Deus é infinito. Isso não é a mesma coisa que dizer
que ele é grande: a característica diferenciada dele é sua capacidade de não se
extinguir. Ele não pode ser esgotado, nem mesmo completamente compreendido.
Paulo captou essa ideia quando orou para que aqueles a quem estava escrevendo
pudessem compreender, com todos os santos, [...] a largura, e o comprimento, e
a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo
entendimento, para que [fossem] cheios de toda a plenitude de Deus (Ef
3.18,19).
Analisando
logicamente, as palavras do apóstolo são contraditórias, visto que ele orou
para que os cristãos pudessem conhecer o incognoscível. Essa foi a maneira
encontrada por Paulo para enfatizar seu desejo de que eles se aprofundassem
mais no conhecimento do infinito amor de Deus.
Com o podemos
compreender esse amor ilimitado? Podemos conhecê-lo, mas apenas em parte. Temos
sido tocados por ele, mas sua plenitude continuará sempre fora do alcance do
nosso entendimento, assim como o infinito do universo se estende para além do
que o olho humano pode enxergar.
Há um hino que
coloca esse aspecto do amor de Deus numa linguagem memorável. Inicialmente
escrito por F. M. Lehman, teve sua estrofe final (que é, talvez, a melhor de
todas) acrescentada mais tarde, depois de ter sido encontrada registrada na
parede do quarto de um asilo, escrita por um homem considerado insano, mas que,
obviamente, conheceu o amor de Deus.
O amor de Deus é
muito superior
Ao que a língua ou a
caneta pode expressar;
Ele ultrapassa a
mais alta estrela,
E chega ao mais
profundo inferno.
A culpa curvou-se
com cuidado,
Deus deu Seu Filho
para vencer:
Seus filhos errantes
Ele reconciliou,
E resgatou do
pecado.
Oh, como o amor de
Deus é rico e puro!
Como é sem medida e
forte!
Durará para sempre –
A canção dos anjos e
dos santos.
Poderíamos encher o
oceano com tinta?
E poderia o céu ser
como um pergaminho?
Poderiam todos os caules da terra ser penas de escrever,
E todo homem um
escriba por ocupação,
Para escrever acerca
do amor de Deus?
Se assim fosse, os
oceanos secariam;
O pergaminho não
poderia conter sua totalidade,
Ainda que esticado
de céu a céu.
Essa é a canção de
todos aqueles que, por intermédio de Jesus Cristo, conheceram o infinito amor
do Pai.
Extraído do livro Fundamentos
da Fé Cristã de James Montgomery Boyce.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 2º
Trimestre de 2021, ano 31 nº 119 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Os atributos de Deus – Conhecendo a Natureza, o Caráter e a
Supremacia de Deus nas Escrituras – Pr. Valdir Alves de Oliveira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes
Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D.
Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central
Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia –
Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão
internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
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