Lição 13 – 27 de junho de 2021 – Editora BETEL
O Deus Uno e Trino
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Sobre o Deus Uno
e Trino
No primeiro capítulo
de Gênesis, no relato da criação, já podemos encontrar os primeiros prenúncios
acerca da Trindade. Nele, somos apresentados ao Deus que criou todas as coisas
por meio da Palavra e do Espírito (Gênesis 1.3).
Aqui é interessante
saber que a palavra hebraica Elohim que é um dos nomes de Deus no Antigo
Testamento, está em sua forma plural, não no sentido de indicar três deuses,
mas como sendo um plural de intensidade, algo característico do hebraico. Com
isso, essa palavra, por si só, não pode ser utilizada como prova da Trindade,
mas, de alguma forma, com base no contexto em que algumas vezes aparece,
certamente ela aponta para a diversidade dentro da própria Divindade. Saiba
mais sobre o significado de Elohim na Bíblia.
Isso é o que
acontece em Gênesis, onde o texto bíblico explora ainda mais essa questão ao
aplicar formais verbais no plural, como a conhecida expressão “façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1.26), ou seja,
no Antigo Testamento existe uma comunicação de Deus consigo mesmo (cf. Gênesis
3.22; 11.7).
Se esse versículo
expõe de forma bastante enfática a pluralidade na natureza Divina, o versículo
seguinte cuida de garantir que nenhuma ideia equivocada de supostos três deuses
seja concebida, ao afirmar categoricamente: “E criou Deus o homem à sua
imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1.27).
Quando comparamos
esse texto com os primeiros versículos do Evangelho de João, entendemos que ele
expressa de forma maravilhosa a obra do Pai, do Filho e do Espírito na criação
de todas as coisas (João 1.1-3; cf. Colossenses 1.16,17).
Na época de Moisés,
na conhecida Benção Sacerdotal registrada em Números 6.24-26, curiosamente
encontramos a tríplice repetição do nome de Deus, traduzido como “Senhor”. Já
no Novo Testamento, de forma similar, temos o também conhecido texto do
apóstolo Paulo que ficou denominado como Benção Apostólica, onde claramente as
três Pessoas da Trindade são distinguidas (2 Coríntios 13.13).
Outras importantes
provas que apontam para a Trindade no Antigo Testamento são as aparições de
Deus e as manifestações do Anjo do Senhor. No Antigo Testamento, lemos sobre
várias aparições de Deus (Gênesis 18.1; Êxodo 33.18-23), mas ao mesmo tempo
também encontramos na Bíblia a clara afirmação de que nunca ninguém viu a Deus
(1 João 4.12). A explicação para essa aparente contradição encontra-se na
pessoa do Filho, conforme lemos: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus
Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1.18).
Portanto,
seguramente podemos afirmar que mesmo no Antigo Testamento o Filho revela a
Divindade. Isso fica claro ao compararmos dois textos em especial: Isaías 6.1-5
e João 12.37-41. No primeiro, o profeta Isaías afirma que viu o Senhor,
enquanto que no segundo, o apóstolo João escreve dizendo que a rejeição no
ministério de Jesus cumpria a profecia de Isaías, sendo que este profetizou
porque viu a glória de Jesus e falou sobre Ele.
Já com relação ao
Anjo do Senhor, o que se sabe é que não se trata de um anjo como os demais,
pois ele se identifica como sendo o Senhor, e ao mesmo tempo se distingue do
próprio Senhor. Além de exibir o nome divino, esse Anjo, que no original
geralmente é referido com o título Mal’akh Yahweh, ostenta poder e
dignidade comum apenas a Deus, aceitando e exigindo adoração. Quando de fato o
contexto aponta para um tipo de Teofania, normalmente se entende ser Ele uma
manifestação da Segunda Pessoa da Trindade, o Filho.
Então da mesma forma
com que o Filho pode ser percebido no Antigo Testamento, o Espírito também
pode, sendo atribuída a Ele significativa importância na obra do Messias
prometido (Isaías 11.2; 42.1; 61.10) e na preparação de seu povo (Joel 2.28;
Isaías 32.15; Ezequiel 36.26-27).
Com relação ao Novo
Testamento, a evidencia da Trindade é bastante explicita e abundante. No
anúncio sobre o nascimento de Jesus feito a Maria, a ação do Deus Trino fica
evidente (Lucas 1.35).
O exemplo mais claro
encontra-se no batismo de Jesus, quando o Espírito de Deus desceu sobre Ele
como uma pomba, e uma voz do céu disse: “Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo” (Mateus 3.16-17).
Na própria pregação
de João Batista é possível notar uma referência a Trindade Divina, pois ele
falava sobre a importância do arrependimento para com Deus e anunciava a vinda
do Messias que tem poder para batizar com o Espírito Santo.
Já na fórmula
batismal, o próprio Jesus declarou: “Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”
(Mateus 28.19). Perceba que a palavra “nome” permanece no singular, ou seja, há
um único nome, porque os três são um único Deus.
Também durante seu
ministério, Jesus falou do Pai, orou ao Pai, deixou claro que não eram a mesma
pessoa, mas ao mesmo tempo afirmou que eram Um (Mateus 5.16; 7.21; 11.25; 16.27;
João 10.17-38), e também deu testemunho direto sobre o ofício do Espírito Santo
(João 15 e 16). Entenda melhor o significa da expressão “Eu e o Pai somos
Um”.
A Bíblia é muito
clara ao afirmar que Deus é um, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo (Êxodo
20.3; Deuteronômio 4.35; Isaías 45.14; 46.9; 1 Coríntios 8.4-6; Efésios 4.3-6;
etc.). O versículo mais conhecido sobre esse ponto, e que com o tempo se tornou
a declaração de fé dos judeus, o Shemá, diz: “Ouve, Israel, o Senhor
teu Deus é o único Senhor” (Deuteronômio 4.6).
Mas ao mesmo tempo,
conforme vimos aqui, a Bíblia também revela que esse único Deus subsiste em
três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, igualmente eternas e divinas (Mateus
3.16-17; 9.4; 28.18; Marcos 2.1-12; João 1.1-3; 3.5-8; 5.27; 10.30; Atos 5.3-4;
1 Coríntios 2.10; 6.19; 2 Coríntios 13.14; Colossenses 1.17; etc.).
As pessoas gostam de
procurar algum exemplo que explique a Trindade, porém isso é impossível, visto
que não há nada que conheçamos que pode, ao menos, se assemelhar ao conceito do
Deus Trino conforme ensinado nas Escrituras. Portanto, a grande maioria desses
exemplos mais prejudica o entendimento acerca da Santíssima Trindade do que
ajuda.
A melhor coisa é
simplesmente nos conformarmos que a pluralidade e a unidade não são
contraditórias no Ser do único Deus, mesmo que isso pareça não fazer sentido a
nós. Assim, a melhor definição é dizer que a Trindade significa que Deus é um
Ser que subsiste em três Pessoas, sem deixar de ser um, ou seja, há diversidade
na unidade, há três pessoas em um único Deus.
Apesar de serem três
pessoas distintas, não se tratam de três indivíduos separados, pois elas
compartilham a mesma natureza, ou seja, são da mesma essência ou substância
divina, e assim são igualmente Deus, possuem os mesmos atributos e a mesma
vontade. Portanto, entendemos que o Ser de Deus não está dividido em três
partes, ao contrário, Ele é uma só essência em três pessoas, e é por isso que
Pai, Filho e Espírito são plenamente e perfeitamente Deus. Sobre isso, o
próprio Jesus declarou: “Eu e o Pai somos um”.
Existe hierarquia na
Trindade? Para respondermos essa pergunta corretamente precisamos fazer uma
distinção entre Trindade Ontológica e Trindade Econômica. A Trindade Ontológica
fala acerca da Trindade em essência, e nesse sentido não há qualquer hierarquia
ou subordinação.
Às vezes a expressão
“1ª, 2ª e 3ª Pessoa da Trindade”, nos leva a falsa interpretação de que existe
algum tipo de hierarquia, mas na verdade ela se refere ao fato de que o Pai
origina, isto é, o Filho é eternamente gerado do Pai, e o Espírito procede
eternamente do Pai e do Filho. Também é preciso entender que quando se diz
“gerado” ou “procede”, não significa “criado”, ou seja, não há um único momento
em que o Filho não existiu, ou mesmo que o Espírito esteve ausente.
O Pai sempre foi
Pai, o Filho sempre foi o Filho do Pai, e o Espírito sempre foi procedente do
Pai e do Filho (Miqueias 5.2; João 5.6; 15.26). Agostinho foi muito feliz em
dizer: “O Pai é apenas o Pai do Filho, e o Filho apenas o Filho do Pai; o
Espírito, entretanto, é o Espírito tanto do Pai como do Filho, unindo-os em um
vínculo de amor”.
Isso significa que o
Pai, o Filho e o Espírito são igualmente Deus, possuem o mesmo poder, a mesma
majestade e devem ser adorados de igual forma. Biblicamente, cada pessoa da
Trindade procura a honra da outra, simplesmente porque, na verdade, são um
único e verdadeiro Deus.
Já a Trindade
Econômica trata acerca da forma com que o Deus Trino age em relação à Criação e
à Redenção. Por exemplo, o Pai cria, através do Filho, pela agência do Espírito
Santo. Assim, com relação à economia da obra da salvação, existe uma organização,
e nessa organização, e somente nela, isto é, apenas no aspecto econômico,
existe uma subordinação, pois o Pai envia o Filho, e o Pai e o Filho enviam o
Espírito Santo. É nesse sentido, com relação ao que envolve o plano de
salvação, que Jesus declarou ser menor que o Pai (João 14.28), e depois o
apóstolo Paulo escreveu dizendo que Deus é o cabeça de Cristo (1 Coríntios 11.3).
Portanto, ainda com
relação à salvação, é correto dizer que o Pai planejou a salvação e elegeu os
santos, o Filho trouxe a redenção executando o plano salvífico, e o Espírito
Santo confirma essa obra regenerando, capacitando e santificando o pecador. Em
sua primeira carta, o apóstolo Pedro falou de forma muita clara e simples sobre
isso (1 Pedro 1.2).
Para concluir, por
mais que não possamos explicar completamente o que é a Trindade, certamente
podemos compreender que só há um único Deus que subsiste em três pessoas, e que
esse Deus Trino, por sua infinita graça, de forma soberana, agiu em favor da
nossa salvação.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 2º
Trimestre de 2021, ano 31 nº 119 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Os atributos de Deus – Conhecendo a Natureza, o Caráter e a
Supremacia de Deus nas Escrituras – Pr. Valdir Alves de Oliveira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes
Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel
– 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland
Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
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