Lição 05 – 31 de outubro de 2021 – Editora BETEL
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Sobre a família
de Deus
Na primeira parte da epístola aos Efésios (1.1—2.10), estudamos sobre as "bênçãos
de Cristo outorgadas aos crentes", descrevendo sua situação moral e
espiritual. Um outro aspecto da situação dos crentes em Cristo é o aspecto sócio-espiritual
apresentado nos capítulos 2.11 a 3.21. Deus une por seu Espírito e pela obra
expiatória de Cristo todos os homens, de todas as raças, nações, línguas, sem
se preocupar com os antecedentes espirituais de cada um, sejam judeus, sejam
gentios.
O povo judeu sempre se destacou por sua peculiaridade religiosa e por seu
absolutismo na crença monoteísta girando em torno do nome de Jeová. O povo
gentio, composto de todos os demais povos da terra, era considerado sem direito
à comunhão com o Deus dos judeus por causa de seu politeísmo e idolatria.
Com o primeiro advento de Cristo, em que Ele se fez carne como nós, todos
os povos da terra foram alcançados através da sua obra expiatória. As
diferenças religiosas, os costumes distintos entre ambos os povos (judeus e
gentios) suscitaram grandes polêmicas no seio da igreja no primeiro século da
Era Cristã. As polêmicas envolviam privilégios e bênçãos, costumes e doutrinas.
O Espírito Santo, então, inspirou a Paulo, chamado apóstolo dos gentios, para
desfazer essas dificuldades, mostrando que Deus Pai, em Cristo Jesus, preferiu
unir judeus e gentios, dando-lhes os mesmos privilégios e direitos espirituais.
Para Deus não há diferenças, e na dispensação da graça, a Igreja é o novo povo
de Deus, constituído de membros de ambos os povos, judeus e gentios.
1.1. A condição dos gentios sem Deus — versículos 11 e 12
Nesses dois versículos, Paulo contrasta a situação espiritual entre dois
povos (Rm 3.9-10, 22). Ele mostra a condição dos gentios sem Deus (pagãos),
lembra aos gentios crentes a sua condição anterior à nova vida e destaca sete
aspectos da sua vida paga no passado:
• "Gentios na carne" — v. 11
• "Chamados incircuncisão" — v. 11
• "Estáveis sem Cristo" — v. 12
• "Separados da comunidade de Israel" — v. 12
• "Estranhos aos concertos da promessa" — v. 12
• "Não tendo esperança" — v. 12
• "Sem Deus no mundo" — v. 12
Esse era o estado espiritual dos gentios antes de conhecerem o Evangelho.
Para que não se esquecessem desse fato, Paulo os convidou a se recordarem de
que em outros tempos eles não pertenciam ao povo de Deus.
1.1.1. "Gentios na carne" — v. 11
Essa expressão se refere ao fato de eles não serem israelitas. Os efésios
eram pagãos, e a expressão "na carne" aqui se refere à
circuncisão física que eles não tinham. Era o sinal físico através de cirurgia
feita no membro viril de todo macho israelita, para distingui-lo como parte do
povo de Deus (Gn 17.9-14). Entretanto, a circuncisão era um sinal especificamente
para os judeus e que os distinguia dos demais povos da terra.
1.1.2. "Chamados incircuncisão" — v. 11
Era um termo depreciativo usado pelos judeus contra os gentios. Paulo,
delicada e claramente, os desaprova mostrando-lhes que a "circuncisão
feita pela mão dos homens" se torna vã para receber a graça de Deus.
Mostra-lhes que a verdadeira "circuncisão" não é feita por
mãos humanas, mas espirituais (Rm 2.25-29).
1.1.3. "Estáveis sem Cristo" — v. 12
Essa parte inicial do versículo 12 é a continuação do verso 11, que
mostra o estado anterior dos gentios em relação aos privilégios dos judeus e em
relação ao próprio Cristo. Nos primórdios da igreja, os judeus cristãos, ainda
presos a determinadas tradições judaicas, queriam monopolizar seu direito sobre
Cristo. Entretanto, o apóstolo Paulo desfaz essa ideia de exclusivismo dos
judeus sobre o direito da bênção da salvação. A tradução mais correta dessa
frase no original grego é "separados de Cristo", ideia que
facilita a compreensão da frase no seu contexto. Note-se que Paulo se preocupa
em explicar o fato de que o privilégio de ter a Cristo não se restringe aos
judeus, pois, embora os gentios não tivessem conhecimento anterior sobre "os
concertos da promessa" em relação a Cristo, isto não dava nenhum
privilégio aos judeus sobre a bênção da salvação. Na verdade, o sentido mais
amplo da expressão "estáveis sem Cristo" refere-se aos não convertidos
a Cristo. Porém, o propósito universal da missão de Cristo foi o de "pregar
o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15).
1.1.4. "Separados da comunidade de Israel" — v. 12
Diz respeito ao passado dos gentios que nunca haviam tido o privilégio de
estar sob a religião de Jeová. No Antigo Testamento, havia um pacto entre Deus
e o povo de Israel de que fosse estabelecido um governo teocrático, isto é, um
governo direto de Deus sobre o povo. Os que não eram judeus recebiam a
designação de gentios (estrangeiros). Nos vários pactos de Deus com Israel, os
gentios não foram incluídos, por isso eram "estranhos aos concertos"
(v. 12). A maioria dos concertos divinos com Israel visava o futuro Messias, o Salvador
(Rm 9.4). Havia a promessa do Salvador que viria (primeiro advento), pelo qual Israel
sempre esperou e ainda espera, porque não o reconheceu na sua primeira vinda. A
essas promessas (concertos) os gentios "eram estranhos", isto
é, não se importavam nem queriam conhecer.
1.1.5. "Estranhos aos concertos da promessa" — v. 12
A palavra "estranhos", no original grego, aparece como "estrangeiros".
O sentido da frase indica que "os concertos" foram feitos
entre Deus e Israel. Todo israelita sabia disso e ufanava-se desse privilégio —
de ser "o povo escolhido" dentre as nações. Existem alguns concertos
conhecidos na Bíblia, mas citaremos apenas dois principais: o concerto com Abraão
e o concerto com Moisés. O sentido da frase "estranhos aos
concertos" deve ser entendido levando-se em consideração o fato de que
tanto o "concerto com Abraão" quanto o "concerto com
Moisés" tiveram uma conotação irrestrita. Ainda que, de modo direto, "os
concertos" refiram-se aos judeus, o alcance deles, de modo indireto,
abrange os gentios. No "concerto com Abraão" a promessa diz
que todas as nações seriam abençoadas (Gn 12.1-3). No "concerto com
Moisés", as leis morais têm até hoje uma conotação universal (Êx 20).
Os gentios eram estranhos em relação à promessa da vinda de Cristo em carne e
desconheciam o privilégio de poderem participar das bênçãos advindas de Cristo
como Salvador dos homens. Mas Israel, como nação, rejeitou a Cristo, o que
propiciou a salvação dos gentios, dos quais Paulo se declara apóstolo (Ef 3.1-2).
1.1.6. "Não tendo esperança" — v. 12
Essa expressão retrata o estado espiritual dos gentios antes de
conhecerem a Cristo. Que esperança podiam ter eles, se havia "uma
parede de separação" (Ef 2.14) entre esses dois povos? Não tinham
esperança porque desconheciam "a promessa".
1.1.7. "Sem Deus no mundo" —v. 12
São palavras que retratam o estado espiritual dos gentios. Viviam no
mundo de Deus, mas não o conheciam nem o tinham. As palavras "sem
Deus" indicam a forma ateísta em que viviam os gentios. Três sentidos
explicam essa forma de ateísmo. Um é não crer em Deus, isto é, ser ateu; outro
é ser ímpio ou pecador irreverente (Rm 1.28); e o outro sentido é estar
entregue aos ímpetos do pecado, isto é, fora da esfera da graça de Deus. Se em Romanos
1.19, Paulo declara que há um certo conhecimento de Deus em todo homem, parece
contradizer-se com a ideia do ateísmo nesse verso 12. Entretanto, não há
contradição alguma, pois o que Paulo quer destacar com a expressão "sem
Deus no mundo", é a cegueira espiritual em que viviam os pagãos.
A grande lição do apóstolo baseia-se na obra expiatória de Cristo que uniu
judeus e gentios, formando um só povo, com uma só fé, um só Senhor e uma só
comunidade — a Igreja. Esse ensino é fortalecido na sua carta aos Gálatas
quando escreveu que "em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a
incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura" (Gl
6.15).
A verdadeira circuncisão que marca e distingue o povo de Deus hoje não é
feita na carne, mas no coração (Dt 10.16). Paulo não menospreza o rito da
circuncisão entre os judeus, mas o que importa agora é a circuncisão espiritual,
que implica abandono do pecado e obediência a Cristo (Rm 2.25-29; Fp 3.2; Cl
2.11). Não há diferença agora de raça ou língua, porque em Cristo todos fomos
feitos um só povo. Antes os privilégios eram restritos a Israel; hoje abrangem
judeus e gentios, através da nova aliança feita no sangue de Jesus Cristo (1 Co
1.23-24; Hb 8.6).
Com a expressão "mas agora", o versículo 13 inicia
mostrando o contraste da vida nova com a velha. Essas palavras indicam a
posição presente dos crentes e, quando a continuação do verso diz "em
Cristo Jesus", temos uma visão de nosso estado de perdição antes de
conhecer a Cristo. É um paralelo que o apóstolo faz entre a velha vida (vers.
11,12) e a nova vida conquistada pela obra da redenção (vers. 13).
Notemos os contrastes: antes, "sem Cristo" e agora "em
Cristo"; antes, separados e excluídos, mas agora "chegastes
perto" (vers. 13); antes, separados "na carne", agora
unidos "em um mesmo Espírito" (vers. 18).
O poder da unidade nesse novo pacto de Deus com o homem está no "sangue
de Cristo", expresso no verso 13: "... vós que antes estáveis
longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto". Antes estávamos "longe",
agora, "em Cristo", estamos "perto". A expressão
"estáveis longe" refere-se aos gentios que puderam aproximar-se
de Deus pelo poder do sangue de Cristo. Não há mais barreira que impeça nossa
aproximação. Antes, por causa de nossos pecados, estávamos afastados, sem
possibilidade de remissão pelo sistema sacrificial comum em Israel, mas Cristo
se fez "Cordeiro de Deus" e, sendo sacrificado espontaneamente,
vertendo seu sangue precioso no Calvário, desfez as barreiras, removeu o pecado
e nos uniu em si mesmo.
"Porque ele é a nossa paz"
(v. 14), ou seja, Ele foi o meio de reconciliação entre Deus e o homem. Ele
cumpriu toda a lei, que não podíamos cumprir, para nos justificar da condenação.
A lei era um pacto de obras e exigia uma obediência perfeita da parte do homem.
A justificação perante Deus estava implícita na obediência à lei, mas o homem
não podia cumpri-la. Jesus, então, subjugou-se à exigência da lei e cumpriu-a
por nós. Pelo seu sangue, nossa expiação foi feita. A justiça divina não foi
adiada, mas cumprida integralmente. Nossa paz com Deus foi restituída por Jesus
(Rm 5.1).
Que maravilha! Que verdade impactante está contida nessas palavras escritas
na carta de Paulo aos Efésios, inspirado pelo Santo Espírito de Deus! Tomemos
posse dessa graça infinita à qual agora temos acesso irrestrito. Como família
de Deus, somos participantes do Reino do Senhor e, não só agora, mas para
sempre, desfrutando de todas as bênçãos concedidas pelo Pai das Luzes, em quem
não há sombra de variação, porém compromissados com a expansão de Seu Poderoso
Reino enquanto aqui estivermos, através do testemunho de fé, conversão e
mudança de cada um de nós.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º
Trimestre de 2021, ano 31 nº 121 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Efésios – Uma exposição sobre as riquezas da graça, misericórdia
e glória de Deus – Bispo Abner Ferreira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014
- Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014
– Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel
– 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland
Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira
Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
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