Lição 07 – 14 de novembro de 2021 – Editora BETEL
A segunda oração intercessora
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HINOS SUGERIDOS
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Sobre a segunda oração
de Paulo
A partir do versículo 14 do capítulo 3, Paulo inicia uma oração, a
segunda, intercedendo pelos efésios.
"Por esta causa" ou "por
causa disto". Temos aqui uma expressão repetida pelo apóstolo, que
lembra a razão de sua oração. No início do capítulo 3, ele usa as mesmas palavras;
mais uma vez enfatiza e renova a expressão para tornar vivo o fato que o levou
a orar outra vez. Nessa segunda oração, Paulo dá a impressão de ter descoberto
(preso em algemas) a força moral e espiritual para estar na presença de Deus em
oração e meditação. A grandeza do amor de Cristo, a consolação do Espírito
Santo, fortalecendo-o e revelando-lhe "mistérios espirituais"
guardados na eternidade, e só revelados agora, eram, para o apóstolo dos
gentios, a vitória maior. Seus sofrimentos físicos se tornam, a partir de
então, uma fonte de bênçãos para si próprio e para a igreja em Éfeso.
"... dobro os joelhos". A
posição de orar com os "joelhos dobrados" não implica regra.
Não há uma postura determinada na Bíblia para orar, mas dentre as várias
posições, o dobrar os joelhos tem o sentido de reverência a Deus. Entretanto, a
posição do corpo não nos é essencial à oração, mas sim a postura do nosso
espírito, pois é mais importante a postura interior. Por outro lado, não
devemos vulgarizar posturas para a oração nem anular a importância de uma
postura exterior, que pode representar nossa Própria atitude interior.
H. A. Alexander escreveu em A Epístola aos Efésios, páginas. 77 e 78: "Em
sua cela de prisioneiro, apesar dos tornozelos acorrentados, Paulo se ajoelha;
mas não se trata apenas de uma atitude física: todo o seu ser se dobra,
curva-se com o ardente desejo de que aquilo que lhe foi revelado nos seja
comunicado e se torne experiência nossa. Verga-se sob o fardo espiritual, que
depõe diante do Trono da Graça".
A designação "Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" é
peculiar no Novo Testamento e expressa a relação existente entre Deus Pai e os
crentes em Cristo Jesus.
As palavras "Pai" e "família" estão
intimamente ligadas e se destacam nos versículos 14 e 15. Nesse texto, a
palavra "Pai", relativa a Deus, é mais que uma simples
metáfora; alcança um sentido mais amplo. Alguns teólogos apresentam-na com o
sentido daquele que é o originador de todas as coisas. Todo começo parte d’Ele,
e Ele é antes de todos os começos.
No verso 14, a palavra "Pai" especifica o tipo de
paternidade divina. Em primeiro lugar, Ele é "Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo", o que indica, numa linguagem tipicamente humana, a revelação
do amor de Deus na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho. Essa filiação divina,
manifestada em carne, possibilitou uma nova filiação, formando uma nova família
para com Deus, pelos méritos de Cristo (Jo 1.12-14).
A palavra "família", como está no verso 15, aparece no
texto assim: "do qual toda a família". No original grego, as
palavras "pai" e "família" correspondem a pater
(pai) e pátria (família ou paternidade). A tradução mais fiel de pátria
é paternidade, mas algumas traduções atualizadas preferem a palavra família.
Parte da frase diz: "toda a família", mas a ideia correta
distingue cada família ("toda família"). A continuação da
frase apresenta: "... família nos céus e na terra", e indica
dois tipos de famílias ou paternidades filiadas a Deus Pai — a família nos céus
e a família na terra.
Duas interpretações são possíveis. A primeira prefere traduzir a
expressão "toda a família", com a ideia de que o conceito de
família ou paternidade vem de Deus e não se restringe a um tipo de família ou
paternidade. Então, pode haver a família dos astros luminosos nos céus, e a
família de todas as coisas criadas por Deus nos céus e na terra. A segunda
interpretação, gramaticalmente, é mais correta, porque traduz "toda
família" dentro do contexto geral da Bíblia.
Note-se, também, a distinção "nos céus" e "na
terra", que pode ser interpretada de duas maneiras. Primeira, "toda
a família nos céus" reúne todos os redimidos que já morreram; e "toda
a família na terra" reúne todos os redimidos em Cristo que formam a igreja
na face da Terra. Segunda, "toda a família nos céus" reúne os
seres celestiais (anjos) que servem a Deus todo o tempo nos céus; e
"toda a família na terra" reúne todos os salvos que formam a
Igreja de Cristo.
Na tradução de Figueiredo, o verso 15 aparece assim: "Do qual
toda a paternidade toma o nome nos céus e na terra". A colocação da
frase nessa tradução sugere outra ideia: a palavra "paternidade"
no lugar de "família" indica autoridade, ou aquele que exerce autoridade
sobre outros. Entretanto, entendemos que toda autoridade (paternidade) exercida
na terra é recebida do Pai Celestial, emerge d’Ele e não de nós. Ele é antes de
nós! Da paternidade perfeita e plena flui a fonte de toda a autoridade nos céus
e na terra (Ef 1.17). A força que Paulo dá à paternidade de Deus fortalece sua
oração.
No início do verso 16, a expressão "riquezas da glória"
revela a fonte e indica o depósito de tesouros espirituais, os quais ele chama
de "riquezas de glória", e pede ao Pai Celestial que essas
riquezas sejam dadas aos efésios. Quais são as riquezas desse tesouro espiritual?
Paulo pediu tanto quanto tinha conhecimento em sua revelação. Ele não foi mesquinho
na petição, mas sua fé alcançava uma visão maior: pediu o melhor, pediu as "riquezas
da sua glória".
"... que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem
interior". Que significa "corroborar com
poder"? A palavra "corroborar" significa dar mais
força ao que se afirmou; implica em comprovar. No aspecto espiritual, essa
palavra tem um sentido mais profundo. A petição é "para que sejais
corroborados no homem interior". É vestir o homem interior com uma
vestidura de poder e força espiritual. O espírito do homem, por si só, não tem
poder de vencer os ataques malignos (Ef 6.10-12), mas transformado e
corroborado (vestido) com o poder do Espírito Santo, ele pode vencer todo o
mal.
Esse "poder do Espírito" significa força e energia para
lutar contra os ataques satânicos e para servir melhor ao Senhor. Isso é o
fortalecimento espiritual do "homem interior", da nova
natureza recebida através do novo nascimento (2Co 5.17). O poder da carne só poderá
ser detido pelo poder do Espírito (Gl 5.16-17). O homem natural não tem poder
para combater o pecado, porque o pecado reside no seu interior. Somente pela
sua transformação através da obra regeneradora do Espírito Santo é que ele se
torna "homem espiritual". O espírito interior do homem se
torna acessível ao Espírito Santo e recebe d’Ele o fortalecimento espiritual
necessário (Rm 7.14-15; 1Co 2.14-15; Gl 5.17,26).
"Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações". A oração do apóstolo mostra a maneira como Deus pode operar no crente,
isto é, no seu interior. Os discípulos viveram fisicamente com Jesus e
aprenderam a amá-lo. Comiam, dormiam, bebiam e andavam com Ele por todas as
partes da terra santa, sentindo a sua presença física. Entretanto, quando Jesus
morreu, e no espaço entre a sua morte e a ressurreição, sentiram muito a
ausência física d’Ele. Depois de ressurreto, Jesus apareceu-lhes algumas vezes
e confirmou a promessa de estar sempre com eles, não mais fisicamente, mas
invisível, no interior deles. Os discípulos tiveram dificuldades em entender
essa distinção. Jesus cumpriu essa promessa quando enviou o Espírito Santo, que
passou a habitar em seus corações, tornando bem real a sua presença espiritual
dentro deles.
No original grego, a palavra "habite" dá a ideia de
alguém que entra para tomar conta da casa, o nosso coração. Ele deve ser o
Senhor da casa e Ele a arruma como quer, porque sabe o que é melhor para essa
casa.
Como Cristo poderá vir a habitar em nossos corações? O verso 17 diz que é
"pela fé", não pelos sentimentos, por admiração ou por outro
meio qualquer. A fé é o caminho, a via de acesso, a porta para o Senhor entrar
e fazer morada. O significado dessa morada de Cristo dentro do crente é a união
mística entre Cristo e o crente em particular. Ele é convidado a habitar, no
sentido de tomar posse, de dirigir nossas vidas. Não é estar perto ou ao lado,
mas dentro de nós. Não é habitar temporariamente, como alguém que aluga um quarto
da casa e desconhece o restante, mas é habitar no sentido pleno. E tomar posse
da casa e dirigi-la como bem lhe convier (Rm 8.9,10).
"... nos vossos corações".
A palavra "coração" aparece com dois sentidos na Bíblia. Primeiro,
como os sentimentos à parte do entendimento. Segundo, como toda a alma, incluindo
o intelecto e os sentimentos. Neste último sentido, a Bíblia fala de "coração
entendido" (1Rs 3.9,12; Pv 8.5), e também como "pensamentos,
planos e conselhos do coração" (Jz 5.15; Pv 19.21; 20.5). A palavra "coração"
tem significado figurativo na Bíblia e deve ser entendida assim. O coração é
tratado como o centro da vida espiritual do crente. Caráter, personalidade,
mente e vontade são termos modernos que refletem uma pessoa, e na Bíblia estes
termos são conhecidos como "coração".
"... a fim de, estando arraigados e fundados em amor". As palavras “arraigados" e "fundados"
sugerem duas ilustrações. Elas ilustram uma árvore e um edifício. O termo "arraigados"
pode figurar como a Plantação de uma árvore; é a representação que melhor ilustra
a Igreja e foi usada por Jesus — a videira (Jo 15.5). Já a palavra "fundados"
tem a ver com fundamento e sugere a figura de um edifício, a Igreja (Ef
2.20,21; Cl 1.23; 2.7). Conforme o texto nos dá a entender, nossas raízes e
fundamentos são firmados no amor. O amor é a base do crescimento e do
fortalecimento de nossas raízes em Cristo; a firmeza e a solidez do fundamento
de nossa fé estão no amor de Cristo. Tanto uma árvore bem arraigada quanto o
nosso fundamento, feito unicamente sobre a Palavra de Deus, indicam que a vida
cristã não deve ser superficial nem se basear em fundamentos rotos (Mt
7.24-27).
"... poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos". Essa expressão dá continuidade ao versículo 17 e passa a ideia de que
jamais alguém poderá entender a grandeza do amor de Cristo sem estar "arraigado
e fundado" nesse amor divino. Outra versão aclara um pouco mais o
sentido exato da expressão: "para que sejais plenamente capazes de
compreender". Essa capacitação é recebida do Espírito Santo; não por
méritos pessoais, mas por graça e misericórdia do Senhor.
Além disso, essa capacitação não é concedida de qualquer maneira nem a privilegiados
especiais entre os santos, mas a todos os salvos em Cristo. O texto indica a participação
individual "com todos os santos".
O conhecimento dessas dimensões é dado a "todos os santos".
Não é dado apenas aos que morreram em Cristo e gozam desse amor no além, mas a
todos os santos que atuam na vida cristã, os crentes em Cristo Jesus. O texto
refere-se "a todos os santos" e não a elementos isoladamente.
Envolve todo o corpo de Cristo na terra, a sua Igreja. O crescimento espiritual
da Igreja acontece com todos os crentes que se esforçam em aprender e a buscar
esse conhecimento. A palavra "poderdes" implica no esforço
para conhecer esse amor. Não se trata de esforço intelectual, mas espiritual.
Como penetrar nas dimensões do amor de Cristo? A palavra "compreender"
não tem significado absoluto porque essas dimensões são infinitas. Penetrar
nessa dimensão é como empreender uma viagem no espaço sem fim, viajar por toda
a eternidade e nunca encontrar o seu limite. A Igreja está nessa viagem, e um
dia aquilo que é em parte será completo (1Co 13.10).
"... qual seja a largura".
Assim como o mundo contém toda a humanidade e os demais seres vivos, tal qual é
o amor de Cristo. Sua amplitude abrange a todas as criaturas da Terra.
O comprimento e a largura do amor de Cristo não se limitam no tempo e no
espaço. Nem tiveram seu início no Calvário, mas compreendem todas as eras, todas
as idades, como diz o versículo 21: "todas as gerações, para todo o
sempre".
A "altura" do amor de Cristo pode ser entendida em dois
sentidos. Primeiro, esse amor de tão alto está fora do alcance do inimigo, que
procura privar o crente do seu gozo inefável. Segundo, esse amor tem direção
vertical em sua relação com o crente. Assim como Jacó viu em seu sonho "uma
escada... posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus
subiam e desciam por ela" (Gn 28.12), assim também a altura do amor de
Cristo pode indicar, não a distância que esse amor se encontra de nós, mas a
sua canalização do Alto para os nossos corações (Jo 1.51; 14.19,20).
Esse amor é ilimitável e insondável, como o é a sabedoria de Deus. O amor
de Cristo não tem fim. Nunca poderá terminar. E fonte que nunca seca. Nenhuma
criatura poderá penetrar a profundidade da sabedoria divina, expressa em amor
(Rm 11.33).
"... e conhecer o amor de Cristo, que excede a todo o
entendimento". Não é um amor impossível ou
incognoscível. E um amor possível através da experiência obtida no desejo (esforço)
de conhecê-lo. É claro que não é um tipo de amor que possa ser discernido por conceitos
meramente humanos ou filosóficos, porque o amor de Cristo é divino e incomparável.
Somente aqueles que são nascidos de novo (2Co 5.17) podem provar e experimentar
esse amor. Entretanto, esse fato não significa que possam explicá-lo — ele continua
a ser um amor que "excede a todo o entendimento".
"... para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus". No Antigo Testamento, a palavra "plenitude" não
aparecia com tanta ênfase e frequência como no Novo Testamento.
Essa plenitude diz respeito ao crente individualmente e à Igreja como
corpo de Cristo. Os crentes em Cristo são a plenitude do seu corpo místico na
face da Terra (1Co 12.12,27; Ef 4.10).
Conhecer o amor de Cristo significa conhecer a medida de perfeição que
Deus tem colocado diante de nós em Cristo Jesus. Convém notar que essa
plenitude é progressiva no sentido de que, assim como Cristo é, nós seremos, à
medida que conhecermos o seu amor (Rm 8.29; Ef 4.13).
O ideal divino para o alcance dessa plenitude está em que o homem remido
pelo sangue de Cristo chegue à estatura perfeita de Cristo através do
conhecimento do seu grande amor (Ef 4.13).
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º
Trimestre de 2021, ano 31 nº 121 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Efésios – Uma exposição sobre as riquezas da graça, misericórdia
e glória de Deus – Bispo Abner Ferreira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014
- Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014
– Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel
– 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland
Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira
Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
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