Lição 09 – 28 de novembro de 2021 – Editora BETEL
Os dons de Cristo para a unidade do corpo
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Sobre os dons de
Cristo para a edificação do Seu Corpo
Os vários dons ministeriais existem para fortalecer a unidade do "corpo
de Cristo". Eles são elementos vitais ao desenvolvimento sadio da
Igreja através dos membros que compõem o corpo de Cristo. Esses elementos
reforçam a unidade da Igreja. Cada membro é útil e importante no corpo. Um
membro doente ou atrofiado no corpo perturba a unidade dos outros membros.
Quando temos fome, não é suficiente o trabalho da boca; precisa-se do auxílio
espontâneo das mãos e da mente para que a fome seja saciada. Espiritualmente, o
verso 7 mostra a importância e a necessidade de que cada crente trabalhe para e
pela unidade do Espírito.
"Mas a graça foi concedida a cada um de nós". As várias manifestações da graça de Deus alcançam particularmente "a
cada um". Cada crente recebe de Deus a graça espiritual para manter o
ritmo normal que o corpo vivo (a Igreja) necessita, através dos elementos que ajudam
a unidade da Igreja. A "cada um" Deus tem dado uma função para
compor a unidade do corpo com os demais membros e para a edificação do corpo de
Cristo.
"Mas a graça foi concedida a cada um". Esta graça representa a capacitação espiritual dada por Deus a cada
crente no sentido de contribuir para a unidade da Igreja. Não se trata de um
único dom, mas de vários, a fim de que todos trabalhem obedecendo à cabeça. Os olhos
só podem ver, porém jamais poderão apalpar ou tocar coisa alguma, o que é
trabalho das mãos. As mãos, por sua vez, jamais farão o trabalho dos pés, e
assim cada membro do corpo é importante naquilo que lhe foi destinado fazer. Na
Igreja, nem todos podem ser pastores, ou profetas, ou ensinadores. Mas Deus deu
a cada um, em particular, uma função específica no corpo de Cristo, a qual deve
ser exercida para não prejudicar a unidade espiritual da Igreja.
"Segundo a medida do dom de Cristo". Isso significa que "cada um" recebe a "graça"
segundo a sua capacitação para trabalhar com aquele dom. Essa capacitação é,
antes de tudo, trabalho do Espírito Santo. Se "cada crente"
procurasse fazer o melhor na sua própria função, não haveria tantas facções,
nem invejas, nem ciúmes no seio da igreja. Esses males prejudicam a unidade da
Igreja.
"Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos
homens". Inicialmente, esse versículo proclama
a vitória de Cristo no Calvário, dando-lhe o direito de ser Senhor pleno e
capaz de dar dons àqueles que o recebem por Salvador e Senhor.
"Pelo que diz" são
palavras que identificam o cumprimento de uma profecia citada pelo apóstolo das
gentes (SI 68.18,119; 2Co 6.16). O Salmo 68 fala do triunfo de Deus, representado
pela volta da arca da aliança ao seu santuário original após a derrota dos inimigos
de Israel. Do mesmo modo, Jesus triunfou na batalha contra o reino do mal e, em
virtude dessa vitória, recebeu dons para dar aos seus aliados. Por isso, esse salmo
se aplica à vitória de Cristo no Calvário. Cristo, conquistando o seu lugar no
Céu, deu dons à Igreja.
"Subindo ao alto" fala de
sua subida e volta ao seio do Pai. A palavra "alto" indica a sua
morada original — o Céu. "... levou cativo o cativeiro".
Alguns autores, apreciando essa parte do texto, dizem que o termo "cativeiro"
é um hebraísmo que significa "os cativeiros", e esses
cativeiros são os inimigos de Cristo, vencidos por sua ressurreição e sua
ascensão ao Pai. Outros interpretam "cativeiros" como os homens
vencidos pelo poder de Cristo e que agora o servem voluntariamente. Ainda
alguns outros interpretam "o cativeiro cativo" como sendo os "poderes
do mal" que antes escravizavam, mas que agora se tornaram escravos do
Senhor Jesus pelo seu triunfo redentor.
Entretanto, sem desmerecer os demais exegetas, podemos entender os versos
8 a 10 da seguinte maneira: esses versículos formam um todo. No verso 8,
Cristo, "subindo ao alto" com os lauréis de sua vitória, é
capacitado, pelo seu triunfo, a dar dons à Igreja. Mas no versículo 9, diz que
Ele (Cristo) "antes havia descido às partes mais baixas da terra",
indicando o seu triunfo na terra, debaixo da terra e em cima, no Céu. Três
domínios e conquistas totais, ou seja: o mundo dos homens (a Terra); o mundo
dos espíritos dos homens mortos (Hades ou Sheol) debaixo da terra, que não é
sepultura, e o mundo da habitação de Deus (o Céu).
Voltando ao verso 8, o texto diz: "subindo ao alto"
(depois de ter descido) "levou cativo o cativeiro". Que
cativeiro é esse, realmente? Entendemos que esse cativeiro representa os
poderes que estavam sob o domínio de Satanás, como seja: o pecado, a morte e o
inferno. O pecado está sob o domínio de Cristo porque Ele o quitou, livrando o
homem da condenação (Rm 3.23; 6.23). Pela aceitação da obra da cruz, o pecado
não tem mais domínio sobre o crente fiel (Rm 6.14). Jesus se fez pecado por nós
(Hb 9.15) e cravou o pecado na cruz. A morte perdeu o domínio da sepultura
porque Cristo ressuscitou poderosamente dentre os mortos. A ação da morte no
crente está contida: ela só pode alcançar seu corpo material, nunca sua alma e
espírito. O inferno perdeu seu domínio sobre o crente. O Hades ou Sheol
é a habitação de espíritos e almas das pessoas que morrem. Antes da vitória no Calvário,
o Hades (inferno no grego neotestamentário) recebia bons e maus,
justos e injustos, mas separados por um abismo. Os justos ficavam no paraíso
(descanso), e os ímpios, num lugar de tormento. Mas Jesus, pela sua vitória na
cruz, trasladou o paraíso para o Alto (a presença de Deus), e hoje o Hades/Sheol
só recebe os ímpios, enquanto aguardam a ressurreição e julgamento final no
julgamento do Grande Trono Branco, porque não há mais um paraíso "nas
partes mais baixas da terra". A João, na ilha de Patmos, Jesus
confirmou sua vitória, proclamando: "Eu sou o primeiro e o último; e o
que vivo e fui morto; mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho
as chaves da morte e do inferno" (Ap 1.17,18).
Ter domínio sobre a morte e o inferno significa que a morte tem poderes
limitados e pode apenas tocar no corpo do crente, pois sua alma e espírito são
conduzidos à presença de Deus. O poder da morte eterna não atingirá o crente,
mas apenas o ímpio. O inferno jamais terá poder sobre o crente em Cristo,
porque quando o crente morre fisicamente, seu corpo desce à sepultura, mas sua
alma e seu espírito sobem à presença de Deus. A morte do crente, depois da obra
expiatória de Cristo, representa a vitória sobre o pecado, sobre a morte eterna
(que é um estado consciente) e sobre o inferno. Na realidade, a morte física,
para o crente, representa a sua conquista maior, isto é, o clímax da redenção!
Pela vitória de Cristo, Ele recebeu o poder de conceder dons à sua Igreja, como
veremos a seguir.
A palavra "dom" significa dádiva, e quando se trata de "dons
de Cristo" refere-se às dádivas concedidas à Igreja, as quais a
enriquecem e fortalecem a sua unidade através dos crentes. Esse direito divino
de conceder "dons" representa os lauréis da vitória de Cristo
e o direito pleno de Ele conceder dons à sua Igreja.
"E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores". Na mente de Deus não há uma hierarquia ministerial seguindo uma ordem
de valor, pois não teria sentido então a unidade do corpo. O destaque de uma
função não representa uma posição mais importante que outra. Paulo fez questão
de ensinar isso à igreja de Corinto com essas palavras: "Porque também
o corpo não é um só membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não
sou do corpo; não será por isso do corpo?" (1Co 12.14,15). Os versos
17 e 18 aclaram ainda mais o texto de Coríntios: "Se todo o corpo fosse
olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas
agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis".
A lição prática da "unidade do Espírito" quanto aos
ministérios distribuídos, é que "cada um" deve assumir seu
trabalho na Igreja, porque assim Deus o quer. Assim sendo, cada qual poderá dar
o melhor de si para a unidade da obra do Senhor.
Esses dons são enumerados pelo apóstolo Paulo sem a preocupação de ordem
ou grau. São dons concedidos àqueles que são nomeados ou ordenados para o
ministério do seu corpo, a Igreja, no mesmo nível de valor e propósito.
"E ele mesmo deu uns para apóstolos". Uma função no corpo de Cristo que não ficou restrita apenas aos
discípulos de Jesus. Há uma forte corrente de interpretação que restringe esse
ministério aos dias apostólicos, isto é, aos introdutores da Igreja Primitiva.
Essa teoria assegura que "apóstolos" foram somente aqueles
enviados imediatos de Jesus, isto é, os discípulos que estiveram com Ele
fisicamente, presenciaram sua morte e foram testemunhas oculares de sua
ressurreição (1Co 15.4-8). Entretanto, o mesmo Jesus que enviou aqueles seus
primeiros discípulos e enviou outros nos dias primitivos da Igreja, continua
ainda hoje enviando, de forma especial, homens com uma missão delegada onde
quer que se faça algum trabalho particular em favor de seu reino na face da
Terra.
No grego, "apóstolo" significa mensageiro; enviado;
delegado. O Novo Testamento apresenta outros apóstolos além dos 12 discípulos
de Jesus. No lugar de Judas Iscariotes entrou Matias (At 1.25,26). Depois,
Paulo é reconhecido como apóstolo, e também Barnabé (At 14.14).
"... e outros para profetas".
O ministério profético tinha um destaque notável na Igreja Primitiva. Cabia-lhe
a função especial, através do Espírito Santo, de edificar, exortar e consolar
(1Co 14.3). Não significa apenas pregar ou ensinar a Palavra de Deus, mas a missão
de receber diretamente do Espírito Santo, pelo dom da profecia, a habilidade de
transmitir a Palavra do Senhor.
O próprio significado da palavra "profeta" quer dizer "aquele
que fala por outro". No sentido popular, a ideia que se tem do profeta
é a daquele que revela ou prediz o futuro. Nos dias primitivos da igreja, vemos
esse ministério bastante ativo, em que a vontade e a mente do Senhor eram expostas
através dos profetas. Em Atos 13.1,2, lemos sobre alguns profetas da igreja de
Antioquia, na qual se destacaram alguns nomes como Barnabé, Simeão, Lúcio
Cireneu, Manaem e Saulo. Atos 15.32 diz que "Judas e Silas eram também
profetas e consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram".
Ainda em Atos 11.27,28, fala-se de alguns profetas de Jerusalém que foram a Antioquia,
destacando-se Ágabo, que profetizou sobre uma fome que haveria de vir a todo o mundo
e foi cumprida no tempo de Cláudio César. Em Atos 21.8,9, as filhas do
evangelista Filipe eram profetisas.
"... e outros para evangelistas". Este é outro ministério, cuja função é a de levar as Boas Novas de
Cristo, o Salvador. Seu trabalho não é num lugar fixo, mas itinerante. É o que
sai em busca dos perdidos e os traz à casa do Pai celestial.
É um ministério de suma importância dado à igreja, ou, mais especificamente,
a homens escolhidos para fazerem esse trabalho. Lamentavelmente, existe em
alguns lugares uma ideia errada dessa missão. É um ministério tão importante quanto
os demais, sem nada diminuir ou aumentar aquele que o exerce. E uma posição
específica no corpo de Cristo, não obedece a uma ordem hierárquica, nem
tampouco é uma posição inferior à de pastor. E uma função pouco reconhecida
como ministério específico, semelhante ao de Filipe, Timóteo e outros (At 21.8;
2Tm 4.11).
É uma ordenação ministerial bem caracterizada e distinta dos demais
ministérios, conforme Efésios 4.11.
O evangelista é aquela pessoa habilitada pelo Espírito para falar da
salvação em Cristo. Os demais ministérios, como pastores e mestres, deixarão de
ser sem o ministério do evangelista. É o evangelista quem leva os pecadores ao
conhecimento de Jesus Cristo como Salvador, para, posteriormente, os pastores e
mestres desenvolverem seus ministérios.
As marcas de um verdadeiro evangelista aparecem no poder sobrenatural da
Palavra de Deus e nos sinais e maravilhas operados por sua fé, levando as
pessoas a Cristo.
O evangelista tem um ministério distinto entre os demais, mas não
isolado, porque o evangelista é enviado pela igreja. É um ministério difícil e custoso,
porque é ele quem vai na "frente da batalha" contra os poderes
do mal. No entanto, são os demais ministérios que mantêm a conquista das almas.
"... e outros para pastores".
O ministério pastoral inclui outros títulos que representam a mesma função de
pastor, tais como ancião, presbítero e bispo. Todos esses nomes têm o mesmo
significado em relação ao ministério pastoral.
É o ministério mais desejado na atualidade, e isto se dá mais pela função
atual de um pastor na igreja, que é o de exercer liderança sobre um povo em
local fixo. Entretanto, o real significado de pastor, no grego, é "guardador
de ovelhas". O exemplo mais claro desse significado está na
identificação que Jesus fez acerca de si mesmo como "o bom Pastor que dá
a sua vida pelas ovelhas" (Jo 1.11). Em outros textos do Novo
Testamento, como Hebreus 13.20 e 1 Pedro 2.25; 5.4, os escritores identificam
Cristo como o exemplo do verdadeiro pastor.
No princípio do Evangelho, com a formação de várias igrejas, houve a
necessidade de homens piedosos e respeitados nas congregações para as
dirigirem. As primeiras igrejas eram entregues aos "anciãos"
locais (At 11.30; 14.25; 20.17; 28). Por serem homens idosos e de larga
experiência na vida, eram colocados na direção das igrejas. A palavra "ancião"
referia-se mais à idade e posição deles, mas o título mais oficial era bispos
ou presbíteros. Esse título indicava a ideia de uma posição de liderança na
igreja local. Em outras palavras, eram pastores locais, cujo trabalho era o de
alimentar o rebanho, protegê-lo dos falsos ensinos, conservar a sã doutrina,
orientar os crentes na vida diária, conduzir as reuniões com "ordem e
decência" (At 20.28; 1Co 14.40; Tt 1.9,11; Tg 5.14; 1Pe 5.2; 2Pe 2.11).
“...e doutores (mestres)”. Até
certo ponto, o pastor tem um ministério acompanhado do ensino. Ele pode exercer
as duas funções. Entretanto, a função de "mestre" é específica
no ministério cristão, que é ensinar a Palavra de Deus de forma lógica. Pelo
fato de ser um ministério dado por Jesus, o Espírito Santo atua de maneira poderosa
no sentido de aclarar as verdades divinas ensinadas aos crentes. O mestre podia
ser ministro itinerante pelas igrejas. Seu trabalho era junto às almas ganhas
pelos evangelistas e apóstolos. O Novo Testamento destaca Apolo como exímio
ensinador; ele andava pelas igrejas ministrando a Palavra de Deus (At 18.27; 1Co
16.12; Tt 3.13).
É um ministério de extremo valor, mas pouco reconhecido, ou, então,
prejudicado pelo sistema de governo de nossas igrejas, que, por não
reconhecerem a importância de tal ministério, obrigam o "mestre"
a pastorear. É como obrigar um lavrador a fazer o trabalho do alfaiate.
Igrejas sem mestres são igrejas fracas espiritualmente. Por isso, deve-se
reconhecer a importância e a necessidade do ministério do ensino. É através do
ensino sadio e racional, inspirado pelo Espírito Santo, que a igreja se
justifica contra as falsas doutrinas e se fortifica contra os ataques
espirituais de Satanás.
Quando os evangelistas realizam cruzadas, os ensinadores devem ser
acionados para fortalecer a fé dos novos convertidos. Uma igreja não vive só de
pregações; precisa também de ensino constante e firme.
Os dons ministeriais foram dados à igreja com objetivos específicos.
Ainda que sejam manifestos em indivíduos, eles existem através de funções na igreja.
Há um tríplice propósito no uso dos dons ministeriais:
• O aperfeiçoamento dos santos.
• A obra do ministério.
• A edificação do corpo de Cristo.
Considerando cada um desses objetivos, podemos compreender a razão deles.
O termo "santo" designa todos os crentes vivos. Cada crente,
em particular, necessita ser "separado do mundo", ou "não
contaminado com as coisas do mundo", pois ser santo implica na busca
da santidade. E uma condição e um processo em evolução, isto é, somos "santos"
porque participamos da santidade do corpo de Cristo. Indica uma posição em Cristo
e fora d’Ele; se não tivéssemos essa santidade em Cristo, jamais seríamos
aceitos perante o Pai doutra forma (Hb 12.14).
A palavra "aperfeiçoamento" deve ser entendida no
contexto da frase e em todo o texto de Paulo. Várias interpretações têm sido
dadas à expressão "aperfeiçoamento dos santos". Pelo menos
cinco ideias são sugeridas para a interpretação do texto que diz "... querendo
o aperfeiçoamento dos santos". A primeira sugere que a expressão
significa a complementação do número de santos no corpo de Cristo; a segunda
afirma que a palavra "aperfeiçoar" significa a renovação e a
restrição do número dos santos; a terceira ideia é de que o sentido da palavra
seria "limpeza que reduz e ordena a unidade perfeita no corpo de Cristo";
a quarta vê na palavra "aperfeiçoar" um estado de dinamismo,
que reporta ao trabalho; a quinta e última preocupa-se com o sentido literal da
palavra, isto é, "completar o que estava incompleto" ou "acabar
com perfeição".
Portanto, "os santos" não são os crentes que já
morreram, mas aqueles que procuram viver de acordo com os ensinos da Palavra de
Deus. É o Espírito Santo quem aperfeiçoa os crentes, os santos no corpo de Cristo.
O verbo "aperfeiçoar" indica um processo relativo aos crentes
fiéis. Deus não precisa ser santo pois Ele já o é, mas nós precisamos sê-lo.
O significado da frase está relacionado com o verso 11, pois entendemos
que o "aperfeiçoamento dos santos" está implícito na obra dos
que foram constituídos ministros.
Os dons são dados para "aperfeiçoar os santos". Indica a
importância dos ministérios dentro da igreja. Esses ministérios são completos e
satisfazem plenamente, à medida que eles funcionam objetivando a unidade dos
crentes em Cristo.
Esses ministérios são espirituais, pois são dados pelo Senhor. Nada têm a
ver com funções eclesiásticas profissionais. São ministérios dados por Deus, e
os que os receberem devem desenvolvê-los na igreja. Esses ministérios são
funções naturais. Eles não visam "posições" nem "senhorios",
mas existem da mesma forma que outras atividades espirituais na igreja, ou
seja, para o aperfeiçoamento do corpo de Cristo.
O bom desempenho da obra ministerial tem o propósito de preparar ou
habilitar crentes para o serviço de Cristo. O trabalho do ministério
restringe-se aqui, no contexto do verso 12, ao serviço em favor da igreja
através dos "dons ministeriais".
A palavra "edificar" surge aqui como uma metáfora, pois
indica uma edificação contínua e espiritual (At 9.31; 20.32; 1Co 8.1; 14.3,4,17;
2Co 10.8,23; 1Tm 1.4). É uma edificação de ordem espiritual feita sob a
orientação do Espírito Santo. A Igreja é um edifício em construção, assim como
o corpo místico de Cristo. Tanto a construção de um edifício quanto o
desenvolvimento de um corpo vivo indicam trabalho, o que na igreja é feito pelo
ministério.
Os dons foram dados à Igreja para que ela, através dos seus membros
ativos, use esses dons espirituais e ministeriais na edificação e no
desenvolvimento de si mesma, pois ela é o corpo de Cristo, sendo Cristo a
cabeça. As figuras "edifício" e "templo" têm
uma finalidade específica, que é falar do crescimento e da unidade da igreja.
O versículo 13 — "até que todos cheguemos" — indica um
caminhar objetivo, vendo o alvo a ser alcançado. A palavra "até"
indica um processo em realização, ou seja, alguma coisa que já começou e não
pode parar. Os processos de edificação e aperfeiçoamento do versículo 12,
através dos dons ministeriais, visam à culminação desse processo, que é a "unidade
da fé" e o pleno conhecimento do Filho de Deus. O "conhecimento
pleno do Filho de Deus" é a participação ilimitada na plenitude de
Cristo, isto é, participar em tudo quanto Ele é e possui.
A palavra "todos" inclui todos os remidos em todos os
tempos. "Todos" tem um sentido universal e coletivo. Não se
trata aqui de indivíduos, mas de uma unidade de crentes remidos por Cristo.
"Até que todos cheguemos"
aponta um alvo e aciona a gloriosa esperança de se alcançar esse alvo. Através
da edificação e do desenvolvimento mútuo, o clímax espiritual desejado é
possível. O aperfeiçoamento total é coletivo, não uma questão individual. Cada
crente, individualmente, deve procurar o seu aperfeiçoamento espiritual, mas
nenhuma pessoa, por si só, alcançará esse "aperfeiçoamento". O
meu aperfeiçoamento espiritual no corpo de Cristo se dará à medida que "todos"
são aperfeiçoados coletivamente. A igreja é um todo, e os crentes participam
desse "todo".
Que entendemos por "unidade da fé"? Observe que a
unidade do Espírito fala de uma posição presente, mas a "unidade da
fé" indica um futuro. Não se trata aqui da fé como um corpo de
doutrinas, porém como "fé salvadora". Fé que conduza o crente
fiel ao seu destino eterno. Essa "unidade da fé" diz respeito
ao "todo" da Igreja. É uma fé coletiva que leva a Igreja ao
seu clímax. E uma fé coletiva porque só a fé pode produzir a unidade desejada
durante o arrebatamento da Igreja, quando o "corpo", através
de seus membros em toda a Terra, estará unido em tudo quanto é e possui.
"... e ao conhecimento do Filho de Deus". A palavra "conhecimento" aparece antecipada por outra
no original grego, que é a palavra "pleno". Portanto, o "pleno
conhecimento" abrange três esferas da vida do crente, isto é, alcança
as áreas intelectual, experimental e espiritual. Na esfera intelectual, obtemos
esse conhecimento através do estudo e da meditação. Na experimental, esse
conhecimento diz respeito à comunhão com o Filho de Deus: só Ele pode conceder
ao homem essa experiência. Na espiritual, esse conhecimento tem a ação do
Espírito Santo no trabalho de iluminar o nosso entendimento (Ef 1.18,19).
Conhecer o Filho de Deus implica uma relação autêntica, pessoal,
espiritual e real com aquele a quem o centurião, ao pé da cruz, reconhecendo,
disse: "Verdadeiramente este é o Filho de Deus". Não se trata
de uma ideia ou coisa imaginária, mas de um fato baseado numa experiência com o
Filho de Deus, que é pessoa (Rm 1.4; Gl 2.20; 1Ts 1.10).
"Para que não sejamos mais meninos inconstantes" (v. 14). No original grego, a palavra "meninos" aparece como nepioi,
que significa infantes ou criancinhas que ainda não falam. Dá a ideia de
crentes-meninos, isto é, imaturos e inseguros. A expressão "meninos
inconstantes" contrasta com esta outra — "varão perfeito"
(v. 13).
Que tipos são esses "meninos inconstantes"? São aqueles
crentes facilmente agitados por circunstâncias, sujeitos a mudanças provocadas
por "ventos" de doutrinas falsas. São aqueles que naufragam
nas dúvidas espirituais e se deixam levar pelo desânimo, que lhes causa o abandono
da fé recebida. Paulo usa expressões náuticas para ilustrar aqueles que se "agitam"
e são "levados" por heresias e crenças absurdas. São os que
facilmente vacilam na fé quando surge qualquer "vento" de
doutrina. A continuação do versículo mostra a causa que leva esses "meninos
inconstantes" na fé a vacilarem. Os que trazem esses "ventos"
são homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. A expressão "engano
dos homens" tem um sentido mais claro para entendermos o ensino de
Paulo. A palavra "engano" pode ser trocada por "estratagema",
que significa originalmente "jogo de dados". Entende-se, então,
a mesma palavra "estratagema" por truque. Assim como os
jogadores usam de truques (engano) no jogo de dados, assim, também, homens
perniciosos a serviço de Satanás usam de formas maliciosas para enganar os mais
fracos na fé, com ensinos errados que ferem frontalmente a Palavra de Deus.
Para que o crente cresça na fé, até a perfeita varonilidade de Cristo, é
preciso conhecer a Cristo através do ensino correto da Palavra de Deus.
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º
Trimestre de 2021, ano 31 nº 121 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Efésios – Uma exposição sobre as riquezas da graça, misericórdia
e glória de Deus – Bispo Abner Ferreira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014
- Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014
– Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel
– 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland
Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira
Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
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