Lição 07 – 13 de fevereiro de 2022 – Editora BETEL
Povo de Deus – ovelhas do Seu rebanho
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Sobre o povo de
Deus
As iniqüidades e as calamidades do Israel de Deus haviam sido grandemente
lamentadas anteriormente, neste livro, de um modo comovente. Agora, no capítulo
34, os pastores de Israel, os seus governantes tanto na igreja como no estado,
são chamados a prestar contas, como tendo sido em grande parte cúmplices do
pecado e da ruína de Israel, ao negligenciarem o cumprimento das obrigações do
seu posto. Aqui encontramos:
I. Uma grande acusação apresentada contra eles por causa da sua
negligência, inabilidade, e infidelidade na administração dos assuntos
públicos, versículos 1-6,8.
II. A perda da sua confiança, por causa da sua insuficiência e traição, versículos
7-10.
III. Uma bondosa promessa de que Deus cuidaria do seu rebanho, embora
eles não cuidassem, e que este não sofreria continuamente, como havia
acontecido durante as suas más administrações, versículos 11-16.
IV. Outra acusação apresentada contra aqueles do rebanho que eram gordos
e fortes, pelos males que cometeram contra aqueles que eram pequenos e frágeis,
versículos 17-22.
V. Outra promessa de que Deus, na plenitude dos tempos, iria enviar o
Messias para ser o grande e bom Pastor das ovelhas, que deveria reparar todas
as injustiças e endireitar todas as coisas na vida do rebanho, versículos
23-31.
A profecia deste capítulo não é datada, como acontece com todas aquelas
que a seguem, até o capítulo 40. E muito provável que ela tenha sido entregue
depois do término da destruição de Jerusalém, quando seria muito oportuno
averiguar as suas causas.
O profeta recebe a ordem para profetizar contra os pastores de Israel -
os príncipes e os magistrados, os sacerdotes e os levitas, o grande Sinédrio ou
conselho de estado, ou a qualquer homem que tivesse a direção dos assuntos
públicos em uma esfera mais alta ou mais baixa, especialmente os reis, pois
havia dois deles agora cativos na Babilônia, que assim como o povo, deveriam
enxergar as suas próprias transgressões para que pudessem se arrepender, como
Manassés em seu cativeiro. Deus tem algo a dizer aos pastores, pois eles são
sub-pastores, que devem obediência àquele que é o grande Pastor de Israel,
Salmos 80.1. Observe o que o Senhor diz: “Ai dos pastores de Israel!”
Embora eles sejam pastores, e pastores de Israel, ele não deve poupá-los nem
lisonjeá-los. Note que se a posição e o poder dos homens não os afastarem do
pecado, como deveriam, eles não servirão para isentá-los da reprovação, nem
para desculpar a sua falta de arrependimento, nem para guardá-los dos juízos de
Deus se não se arrependerem. Tivemos um “ai” proferido contra os pastores,
Jeremias 23.1. Deus acertará as contas com eles de um modo especial, se não
forem fiéis à confiança que neles foi depositada.
Ele é aqui instruído sobre a acusação que deverá fazer contra os
pastores, em nome de Deus, como o fundamento da disputa de Deus com eles. Pois
esta não é uma discussão sem motivos. Eles são acusados de duas coisas:
1. De que todo o cuidado deles visava o favorecimento pessoal, para
enriquecerem a si mesmos e se tornarem grandes. A função deles era cuidar
daqueles que foram entregues aos seus cuidados: Não apascentarão os pastores as
ovelhas? Sem dúvida deveriam apascentá-las. Eles estarão traindo a confiança do
Senhor se não fizerem assim. Não que eles devam colocar a comida na boca das
ovelhas, mas devem prover a comida para elas, e levá-las até ela. Mas estes
pastores não prestaram, a esta atividade, o mínimo de sua atenção.
Eles alimentavam a si mesmos, planejavam tudo para gratificar e saciar os
seus próprios apetites, e para se tornarem ricos e grandes, gordos e tranquilos.
Eles garantiam os lucros das suas funções. Eles comiam a gordura, o creme
(assim alguns entendem), porque aquele que apascenta um rebanho se alimenta do
seu leite (1Co 9.7), e garantiam para si o melhor do leite. Eles garantiam a
lã, e se vestiam com ela, colocando as suas mãos na maior quantidade possível
de bens daqueles que estavam sujeitos a eles. Eles matavam aquelas ovelhas que
estavam bem alimentadas, para que pudessem se alimentar com aquilo que
tivessem, assim como no caso de Nabote, que foi morto por causa da sua vinha.
Observe que há um “ai” para aqueles que estão em posições públicas
de confiança, mas que só levam em consideração os seus interesses particulares.
Sim, para aqueles que estão mais curiosos a respeito do benefício do que a
respeito do oficio. Estes estão mais preocupados com o dinheiro que deve ser
conseguido, do que com o bem que deve ser feito. Esta é uma queixa antiga:
Todos buscam o que é seu, e muitos buscam mais do que aquilo que é seu.
2. De que não cuidavam do benefício e do bem-estar daqueles que foram
entregues aos seus cuidados: “Não apascentais o rebanho”. Eles nem
sabiam como fazê-lo, de tão ignorantes que eram, nem se esforçavam para
fazê-lo, de tão preguiçosos que eram. Não, eles nunca desejaram nem planejaram
fazer isso, por serem tão traiçoeiros e infiéis. Eles não cumpriram a sua
obrigação para com as ovelhas do rebanho que estavam doentes. Não as
fortaleceu, nem as curou, nem as ligou, (v. 4). Quando qualquer uma do rebanho
estivesse doente ou com dores, aflita ou ferida, eles não se importavam se ela
fosse viver ou morrer. Eles nunca cuidavam delas. Os príncipes e juízes não se
importavam em fazer justiça àqueles que foram injustiçados, ou com a defesa da
inocência ofendida. Eles não se importavam com os pobres para vê-los
abastecidos com o necessário. Por eles, os pobres poderiam morrer de fome. Os
sacerdotes não se importavam em instruir os ignorantes, em corrigir os erros
dos que erravam, em advertir os desobedientes, ou confortar os indecisos e
fracos. Os ministros de estado não se importavam em impedir os males crescentes
do reino, que ameaçavam os seus pontos vitais. As coisas estavam erradas e fora
de rumo em todos os lugares, e nada era feito para corrigi-las. Eles não faziam
a sua obrigação para com as ovelhas do rebanho que estavam dispersas, que foram
levadas pelos inimigos que invadiram o país, e que foram obrigadas a buscar
abrigo onde pudessem achar um lugar, ou que andavam desgarradas pelos montes e
outeiros (v. 6), onde estavam expostas às feras do campo e se tornaram como
pasto para elas, v.5.
Todos estão prontos a agarrar um animal sem dono. Alguns foram para outra
terra e mendigaram, outros foram para outra terra e negociaram, e desse modo o
país se tornou escasso de moradores, e foi enfraquecido e empobrecido, e
carecia de mãos tanto nos campos de grãos como nos campos de batalha. Tanto na
colheita como na guerra: “As minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face
da terra”, (v. 6). E ninguém jamais perguntou por elas, e jamais foram
encorajadas a voltar para o seu próprio país: não há quem as procure, nem quem
as busque. Com força e crueldade eles as regiam, o que fez com que mais fossem
embora, e desanimavam aquelas que pensavam em retornar. A situação é muito ruim
quando alguém tem motivos para esperar ser mais bem tratado entre os estranhos
do que em seu próprio país. Isto pode significar aqueles do rebanho que se desviaram
de Deus e da sua obrigação. E os sacerdotes, que deveriam ter ensinado o bom
conhecimento do Senhor, não utilizaram meios para convencê-los e reclamá-los,
de forma que eles se tornaram uma presa fácil para os corruptores. Assim, se
espalharam por não haver pastor, (v. 5). Havia aqueles que se denominavam
pastores, mas que na verdade não o eram. Note que aqueles que não fazem o trabalho
de pastores são indignos deste nome. E se aqueles que se propõem a ser pastores
forem pastores insensatos (Zc 11.15), se eles forem soberbos e se sentirem
envaidecidos por sua função, se forem ociosos e não amarem o seu trabalho, ou
se forem infiéis e indiferentes a ele, a situação do rebanho será tão ruim
quanto se não houvesse pastor. E melhor não ter nenhum pastor do que ter pastores
assim. Cristo se queixa de que o seu rebanho era como ovelhas que não tinham
pastor, quando, no entanto, os escribas e fariseus se sentavam na cadeira de
Moisés, (Mt 9.36). É muito ruim para o paciente quando o seu médico é a sua
pior doença; é muito ruim para as ovelhas do rebanho quando os pastores as
mandam embora e as dispersam, governando-as com violência.
Ao lermos os artigos de impedimento anteriormente redigidos, em nome de
Deus, contra os pastores de Israel, só podemos olhar para os pastores com uma
justa indignação, e para o rebanho com uma terna compaixão. Deus, através do
profeta, expressa aqui estes dois sentimentos de uma forma enfática. E os
pastores são chamados para ouvir a palavra do Senhor, para ouvir esta palavra.
Ouçam eles como o Senhor os considera pouco, eles que se consideravam muito, e
como o Senhor considera muito o rebanho, o qual eles desprezavam tanto. As duas
palavras serão humilhantes para eles. Aqueles que não querem ouvir a palavra do
Senhor lhes dando instruções tão importantes, serão obrigados a ouvir a palavra
do Senhor proferindo a sua condenação.
Após o versículo 16, o profeta não tem mais nada a dizer aos pastores,
mas tem agora uma mensagem a entregar ao rebanho. Deus havia ordenado que ele
lhes falasse brandamente, e que lhes assegurasse da misericórdia que lhes tinha
reservado. Mas aqui ele recebe a ordem de fazer diferença entre alguns deles, a
fazer separação entre os preciosos e os vis, e então lhes dar uma promessa do
Messias, através de quem esta distinção seria efetivamente feita, em parte em
sua primeira vinda (porque para juízo Ele veio a este mundo, João 9.39, para
encher o faminto com boas coisas e para despedir o rico vazio, Lucas 1.53), mas
completamente na sua segunda vinda, quando julgará como é dito aqui, entre gado
e gado, como um pastor separa as ovelhas dos bodes. Ele colocará as ovelhas à
sua direita e os bodes à sua esquerda (Mt 25.32,33). Entendemos que aqui há uma
referência a isto. Observe:
A condenação proferida contra aqueles do rebanho que eram gordos e
fortes, os carneiros e os bodes (v. 17), aqueles que embora não tivessem poder
para oprimir, como os pastores e príncipes, que eram ricos e prósperos, usavam
a oportunidade que se apresentava para oprimir os seus pobres vizinhos. Aqueles
que têm muito querem ter mais. E se estes se propuserem a conseguir, terão
mais, pois têm muitas maneiras de abusar dos seus pobres vizinhos, e de
obrigá-los a lhes dar a sua única cordeira, (2Sm 12.4).
Os ricos não oprimem os pobres meramente com a ajuda das suas riquezas, e
os arrastam aos tribunais? (Tg 2.6). Os servos e arrendatários pobres sofrem
abusos por parte dos seus senhores e proprietários ricos. Os carneiros e os
bodes não só guardavam o bom pasto somente para si, mas comiam a gordura e
bebiam a doçura, e não deixavam que os pobres do rebanho desfrutassem o
conforto do pouco que lhes restava. Eles pisavam no resto dos pastos e sujavam
o resto das águas, de forma que o rebanho era obrigado a comer aquilo que
haviam pisado na terra, e beber aquilo que eles haviam enlameado, (versículos
18,19). Isto sugere que os grandes homens não só empobreciam os seus vizinhos e
os mantinham pobres através de extorsão e opressão, e mal lhes deixavam o
suficiente para subsistirem, mas também lhes causavam tanta aflição, que até a
comida inferior que tinham era comida em meio a uma grande amargura. E isto
parecia uma coisa pequena para eles. Eles achavam que não havia mal nisso, como
se fosse um privilégio da sua posição serem prejudiciais a todos os seus
vizinhos. Note que muitos que vivem em ostentação e tranquilidade não se
importam com as dificuldades que aqueles à sua volta estejam enfrentando, e
pensam em tudo o que lhes apraz. Aqueles que vivem confortavelmente, e os
soberbos, se ressentem quando alguém perto deles vive com conforto. Mas isto
não é tudo. Eles não só roubavam os pobres, para torná-los ainda mais pobres,
mas importunavam os enfermos e fracos do rebanho (v. 21).
Eles com o lado e com o ombro davam empurrões nas que eram fracas (pois
as mais fracas vão para a parede) e com as pontas escorneavam as enfermas,
porque sabiam que podiam ser excessivamente duros com elas, e que elas não
ousariam enfrentá-los. Tem sido observado com relação às ovelhas que se uma do
rebanho estiver enferma e fraca, as demais irão ampará-la o máximo que puderem,
e protegê-la do calor escaldante do sol. Mas estes, ao contrário, eram mais
prejudiciais às enfermas. Eles faziam o que podiam para remover da terra
aqueles de quem não podiam se servir. Agindo assim, eles os espalhavam para
outras nações, como se os pobres que Cristo diz que devemos ter sempre conosco
fossem aborrecimentos públicos que não deveriam ser aliviados, mas enviados
para longe de nós. Note que é uma coisa bárbara acrescentar aflição aos
aflitos. Talvez estes carneiros e bodes representem os escribas e fariseus,
pois eles são tão perturbadores para a igreja, que o próprio Cristo precisou
vir livrá-la deles, (v. 23). Eles devoravam as casas das viúvas, tomavam a
chave do conhecimento, corrompiam a água pura das verdades divinas, e oprimiam
as consciências dos homens com as tradições dos anciãos, além de serem
continuamente opressores e prejudiciais aos pobres do rebanho que esperavam no
Senhor, (Zc 11.11). Observe que não é coisa nova para o rebanho de Deus receber
muitos danos e maldades daqueles que fazem parte do próprio rebanho. Sim, e até
mesmo daqueles que ocupam posições eminentes nele, (At 20.30).
Como pudemos observar, esse trecho marcante do livro do profeta Ezequiel
faz uma contundente crítica aos maus administradores da obra de Deus, seja em
qualquer tempo ou lugar. A sempre presente ambição humana sobrepuja os ideais cristãos
de cuidar dos semelhantes, dos desassistidos, dos menos privilegiados, dos
doentes, dos abandonados, e isso é o que mais vemos hoje em dia no mundo.
Pessoas que, sem a menor cerimônia, se apropriam do pouco que os humildes
participantes do povo de Deus têm, ao invés de prover o possível necessário a
essas pessoas simples, que tanto necessitam de alimento espiritual como também material.
Mas, no dia do Juízo, esses pastores maus serão confrontados com a
verdade e com todas as injustiças que cometeram e sentirão o amargo sabor de
suas mesquinhas ambições, pagando o preço justo exigido pelo Senhor. Receberão
conforme deram. A justiça de Deus sempre prevalecerá sobre a justiça dos
homens. Ora, vem Senhor Jesus!
Uma semana abençoada para todos os irmãos na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 1º
Trimestre de 2022, ano 32 nº 122 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Adultos
– Professor – Ezequiel –O profeta com a mensagem de juízo, arrependimento, restauração
e manifestação da glória de Deus – Pastor Valdir Alves de Oliveira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014
- Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014
– Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central Gospel
– 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken,
Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora CPAD –
2005 – Comentário Bíblico Beacon.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira
Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald
- editada com introduções de Art Farstad.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 –
Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.
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