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Lição 07 - 2° trimestre 2022 - O mundo preparado para o Anticristo

Lição 07 – 15 de maio de 2022 – Editora BETEL

O mundo preparado para o Anticristo

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Sobre o Anticristo

Romanos Capítulo 12 - Após esclarecer detalhadamente e confirmar as doutrinas fundamentais do cristianismo, o apóstolo quer agora impor os deveres essenciais.

Nós interpretamos mal a doutrina cristã se a consideramos apenas como um sistema de ideias e um guia para especulação. Não, ela é uma doutrina prática, que tende para a reta ordenação da convivência. Ela não é apenas planejada para informar nossos julgamentos, mas para restaurar nosso coração e vida. A partir do método que o apóstolo usa para escrever nessa epístola, como em algumas outras (como a partir da administração dos principais ministros de estado do reino de Cristo), os administradores dos mistérios de Deus podem receber orientação de como partilhar a palavra da verdade: não insistir no dever separado do privilégio, nem no privilégio separado do dever, mas deixar que ambos estejam juntos, com um plano complexo; eles muitos promoverão e favorecerão um ao outro. Os deveres são extraídos dos privilégios por inferência. O fundamento da prática cristã deve estar posto no conhecimento cristão e na fé.

Primeiro devemos entender como recebemos a Cristo Jesus o Senhor, e depois saberemos melhor como caminhar n’Ele. Há muito dever ordenado neste capítulo. As exortações são curtas e incisivas, resumindo brevemente o que é bom, o que o Senhor nosso Deus em Cristo exige de nós.

É uma abreviação do guia cristão, uma excelente coleção de regras para a reta ordenação da convivência, como convém ao Evangelho. Ele está unido ao discurso anterior pela palavra “pois”. É a aplicação prática das verdades doutrinárias que é a vida da pregação. Ele vinha discursando detalhadamente sobre a justificação pela fé, as riquezas da livre graça e as garantias e certezas que temos da glória que está por ser revelada. Disso os libertinos carnais poderiam inferir: “Por essa razão, podemos viver como desejamos, caminhar no caminho dos nossos corações e segundo a visão dos nossos olhos”. Nenhum desses argumentos procede; a fé que justifica é a fé “que opera pelo amor”. E não existe outro caminho para o céu exceto o da santidade e obediência. Por isso, que nenhum homem separe aquilo que Deus juntou.

As exortações particulares deste capítulo são redutíveis a três pontos principais do dever cristão: o nosso dever em relação a Deus, a nós mesmos e ao nosso irmão. Em geral, a graça de Deus nos ensina a viver “piamente, sobriamente e justamente”, e a negar tudo o que for contrário a isso.

Ora, esse capítulo nos fará entender o que são a piedade, a sobriedade e a justiça, embora o faça de forma um pouco mesclada.

Em relação ao nosso dever para com Deus. Nós podemos ver o que é a piedade.

É nos entregarmos a Deus e, assim, estabelecer um bom fundamento. Nós devemos primeiramente nos entregar a nós mesmos ao Senhor (2Co 8.5). Isso é aqui inculcado como a fonte de todos os deveres e obediência (versículos 1 e 2).

O homem consiste em corpo e alma (Gn 2.7; Ec 12.7). (1) O corpo deve ser apresentado a Ele (versículo 1). “O corpo é para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1Co 6.13,14). A exortação é aqui introduzida de maneira muito enternecedora: “Rogo-vos, pois, irmãos”. Embora ele fosse um grande apóstolo, ele chama os cristãos mais simples de irmãos, um termo que denota afeição e cuidado. Ele faz uma súplica; esse é o jeito do evangelho: “...como se Deus por nós rogasse” (2Co 5.20). Embora ele pudesse ordenar com autoridade, por causa do amor ele preferiu rogar (Fm 8,9). “O pobre fala com rogos” (Pv 18.23). Isso é para dar a entender a exortação, que pode vir com poder mais agradável. Muitos são atingidos mais depressa se forem abordados gentilmente, são mais facilmente conduzidos do que empurrados. Então observe: [1] O dever imposto - apresentar o nosso “...corpo em sacrifício vivo”, aludindo aos sacrifícios do tempo da lei, que eram apresentados ou colocados diante de Deus no altar, prontos para serem oferecidos a Ele. Vosso corpo - a vossa totalidade; assim expressa porque sob a lei os corpos dos animais eram oferecidos em sacrifício (1Co 6.20). Significa nosso corpo e espírito. A oferenda era sacrificada pelo sacerdote, mas apresentada pelo ofertante, que transferia para Deus todos os seus direitos, título e interesse nela, impondo sua mão na cabeça do animal. O sacrifício é considerado aqui qualquer coisa que é por ordem do próprio Deus dedicada a si mesmo (ver 1Pe 2.5). Nós somos templo, sacerdócio e sacrifício, como Cristo foi em seu sacrifício singular.

Havia sacrifícios de expiação e sacrifícios de ação de graças. Cristo, que de uma vez por todas foi oferecido para carregar os pecados de muitos, é o único sacrifício de expiação; mas nossa pessoa e desempenho, oferecidos para Deus através de Cristo, o nosso sacerdote, são como sacrifícios de ação de graças para a honra de Deus. Apresentá-los denota um ato voluntário, feito em virtude daquele poder despótico e absoluto que a vontade tem sobre o corpo e todos os seus membros. Deve ser uma oferta de livre e espontânea vontade. Vossos corpos: não vossos animais.

Como aquelas ofertas da lei tinham o seu poder a partir de Cristo, também tiveram o seu ponto final em Cristo. Apresentar os corpos a Deus não significa apenas evitar os pecados que são cometidos através de e contra o corpo, mas usar o corpo como um servo da alma no serviço de Deus.

Devemos “...glorificar a Deus no nosso corpo” (1Co 6.20), ocupar o nosso corpo nos deveres da adoração imediata, atendendo diligentemente aos nossos chamados particulares, e estar dispostos a sofrer por Deus com o nosso corpo, quando chamados a isso. Devemos entregar os membros do nosso corpo como instrumentos de justiça (cap. 6.13).

Embora o exercício corporal seja apenas um pouco proveitoso, em seu lugar ele é uma prova e um resultado da dedicação de nossas almas a Deus. Em primeiro lugar, apresente-o como um sacrifício vivo: não morto, como os sacrifícios que ocorriam sob a lei. Um cristão faz de seu corpo um sacrifício a Deus, embora ele não o entregue para ser queimado.

Um corpo sinceramente devotado a Deus é um sacrifício vivo. Um sacrifício vivo, como forma de alusão – um animal morto por si mesmo não podia ser comido e muito menos sacrificado (Dt 14.21); e como forma de oposição - “O sacrifício devia ser morto, no entanto, você pode ser sacrificado e, mesmo assim, continuar a viver” - um sacrifício sem sangue. Os bárbaros pagãos sacrificavam seus filhos a seus ídolos, não sacrifícios vivos, mas mortos. Mas Deus terá misericórdia e não exigirá tal sacrifício, embora a vida esteja entregue a Ele. Um sacrifício vivo, isto é, inspirado com a vida espiritual da alma. E Cristo vivendo na alma pela fé que faz do corpo um sacrifício vivo (G12.20). O santo amor acende o fogo do sacrifício e coloca vida nos deveres (ver cap. 6.13). Vivos, isto é, para Deus (cap. 6.11).

Em segundo lugar, eles devem ser santos. Existe uma santidade relativa em cada sacrifício, quando dedicado a Deus. Mas, além disso, deve haver aquela santidade verdadeira que consiste em uma inteira retidão de coração e vida, pela qual somos conformados tanto à natureza quanto à vontade de Deus: o nosso próprio corpo não deve se tornar instrumento do pecado e da impureza, mas deve ser separado para Deus e colocado para uso santo, como os vasos do Tabernáculo eram santos, sendo devotados ao serviço de Deus. E a alma que é o objeto próprio da santidade; mas uma alma santificada transmite santidade para o corpo em que ela age e ao qual anima. Santo é o que está de acordo com a vontade de Deus; quando as ações do corpo estão, o corpo é santo. Eles são “...o templo do Espírito Santo'’ (1Co 6.19). “Cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação” (1Ts 4.4,5). [2] Os argumentos para impor isso, que são três: em primeiro lugar, considerar as misericórdias de Deus: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus”. Uma súplica afetuosa, e que deve nos derreter em submissão: “dia ton oiktirmon tou Theou”. Esse é um argumento facilmente convincente. Há a misericórdia que está em Deus e a misericórdia que vem de Deus - misericórdia na fonte e misericórdia nos rios: ambas estão incluídas aqui, mas principalmente as misericórdias do Evangelho (mencionadas no capítulo 11), transferidas para nós gentios, sendo os judeus privados delas por causa da sua incredulidade (Ef 3.4-6), as firmes beneficências de Davi (Is 55.3).

Deus é um Deus de misericórdia, por essa razão, apresentemos os nossos corpos a Ele; Ele não deixará de usá-los amavelmente e sabe como respeitar a estrutura deles, pois Ele tem infinita compaixão. D’Ele recebemos diariamente os frutos de sua misericórdia, particularmente a misericórdia para nosso corpo: Ele o criou, o mantém, o comprou e colocou grande dignidade nele. É por causa das misericórdias do Senhor que não somos consumidos, que nossas almas são mantidas na vida; e a maior misericórdia de todas é que Cristo ofereceu tanto o seu corpo quanto a sua alma como oferta pelo pecado, que Ele se entregou por nós e se dá para nós. Agora, com certeza nós não podemos fazer outra coisa exceto refletir sobre o que daremos ao Senhor por tudo isso. E o que lhe daremos em troca? Entreguemos a nós mesmos como um reconhecimento de todos esses favores - tudo o que somos, tudo o que temos, tudo o que podemos fazer; e, afinal de contas, tais retribuições são muito pobres dadas as riquezas recebidas; e, todavia, porque é o que temos. Em segundo lugar, pois é “...agradável a Deus”. O grande fim pelo qual todos devemos nos esforçar é o de sermos aceitáveis a Deus (2Co 5.9), que Ele se agrade de nossas pessoas e obras. Ora, esses sacrifícios vivos são aceitáveis a Deus, enquanto que os sacrifícios dos perversos, embora sejam gordurosos e caros, são uma abominação ao Senhor. E grande condescendência de Deus aceitar qualquer coisa em nós; e não podemos desejar nada mais para nos fazer felizes; e, se o ato de nos apresentarmos o agradar, podemos concluir facilmente que não podemos fazer nada de melhor. Em terceiro lugar, é o nosso “...culto racional”. Nele, existe um ato de razão, pois é a alma que apresenta o corpo. A devoção cega, que tem a ignorância como mãe e ama-seca, é apropriada para ser rendida àqueles deuses abjetos que têm olhos, mas não veem. Nosso Deus deve ser servido em espírito e com o entendimento. Existe toda a razão do mundo para isso, e nenhuma boa razão pode ser apresentada contra. “Vinde, então, e argui-me” (Is 1.18). Deus não nos impõe nada difícil ou irracional, mas só aquilo que está completamente de acordo com a reta razão. “Ten logiken latreian hymon” - vosso serviço de acordo com a palavra, pode-se ler assim. A palavra de Deus não abandona o corpo na santa adoração. O culto aceitável a Deus é apenas aquele que está de acordo com a palavra escrita. Deve ser adoração evangélica, adoração espiritual. Esse é um culto racional do qual estamos aptos e estamos prontos para dar a razão, no qual compreendemos a nós mesmos. Deus lida conosco como com criaturas racionais, e quer que sejamos assim para lidarmos com Ele. Desta forma, o corpo deve ser apresentado a Deus: (2) A mente deve ser renovada por Ele. Isso está claro: “...transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (v. 2); cuidai para que uma mudança salvífica seja operada em vós e que continue. A conversão e a santificação são a renovação da mente, não uma mudança de substância da alma, mas de suas qualidades. E o mesmo que criar um novo coração e um novo espírito - novas disposições e inclinações, novas simpatias e antipatias; o entendimento iluminado, a consciência suavizada, os pensamentos corrigidos; a vontade submetida à vontade de Deus, e os sentimentos tornados espirituais e celestiais; de maneira que o homem não é o que era, as velhas coisas já passaram, tudo se fez novo; ele age a partir de novos princípios, novas regras, com novos desígnios. A mente é a parte de nós que governa e age, de maneira que a renovação da mente é a renovação do homem todo, pois dela “...procedem as saídas da vida” (Pv 4.23). O progresso da santificação, morrendo mais e mais para o pecado e vivendo mais e mais para a justiça, é a continuação dessa obra de renovação, até estar aperfeiçoada na glória.

Isso é chamado de nossa transformação; é como assumir uma nova forma e aparência. “Metamorfousthe” - sofram metamorfose. A transfiguração de Cristo é expressa com essa palavra (Mt 17.2), quando Ele se reveste de uma glória celestial, a qual fez com que seu rosto brilhasse como o sol; e a mesma palavra é usada em 2 Coríntios 3.18, onde é dito que “...somos transformados de glória em glória”. Essa transformação é aqui imposta como um dever; não que possamos operar tal mudança por nós mesmos: não poderíamos fazer um novo mundo tanto quanto não poderíamos fazer um novo coração por nossa própria capacidade; é obra de Deus (Ez 11.19; 36.26,27). Mas transformai-vos, isto é, “usai os recursos que Deus / designou e ordenou para isso”. E Deus quem nos modifica, e então somos modificados; mas devemos “...ordenar nossas ações para voltarmos” (Os 5.4). “Colocai vossas almas sob as influências transformadoras e modificadoras do bendito Espírito; pedi a Deus graça no uso de todos os recursos da graça”. Embora o novo homem seja criação de Deus, devemos nos revestir dele (Ef 4.24), e nos esforçar em direção à perfeição. Então, nesse versículo podemos observar ainda: [11] Qual é o grande inimigo dessa renovação, ao qual devemos evitar; e que é a conformidade com este mundo: “E não vos conformeis com este mundo”. Todos os discípulos e seguidores do Senhor Jesus devem ser rebeldes em relação ao mundo. “Me syschematizesthe” - não vos moldeis de acordo com o mundo. Não devemos nos conformar com as coisas do mundo; elas são mutáveis, e a aparência delas está passando. Nem vos conformeis às concupiscências da carne ou às concupiscências dos olhos. Não devemos nos conformar com os homens do mundo, daquele mundo que jaz na perversidade; não devemos caminhar de acordo com “...o curso deste mundo” (Ef 2.2); isto é, não devemos seguir a multidão para fazer o mal (Êx 23.2). Se os pecadores nos incitarem, não devemos consentir com eles, mas, onde estivermos, testemunhar contra eles. Mais ainda, até em coisas indiferentes, e que em si mesmas não são pecaminosas, tanto não devemos nos conformar com os costumes e os hábitos do mundo quanto não devemos agir segundo os preceitos do mundo como se fossem nossa regra mais importante, nem visar aos favores do mundo como nosso objetivo principal. O verdadeiro cristianismo tem muito de uma sóbria singularidade. Porém, devemos tomar o cuidado de evitar o extremo de grosseria e rabugice em que alguns caem. Nas coisas civis, a luz da natureza e os costumes das nações têm por finalidade nos orientar; e a regra do evangelho naqueles casos é uma regra de orientação e não uma regra de contrariedade. [2] Qual é o grande efeito dessa renovação pela qual devemos nos esforçar: “...para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Por vontade de Deus aqui devemos entender sua vontade revelada a respeito de nossa conduta, o que o Senhor nosso Deus exige de nós. Essa é em geral a vontade de Deus, a nossa própria santificação, aquela vontade que nós oramos que seja cumprida por nós como é cumprida pelos anjos; principalmente a sua vontade como é revelada no Novo Testamento, onde Ele tem falado, nesses últimos dias, pelo Filho. Em primeiro lugar, a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita; três excelentes qualidades de uma lei. Ela é boa (Mq 6.8); está exatamente de acordo com a razão eterna de bem e mal. Ela é boa em si mesma. E boa para nós. Alguns pensam que a lei evangélica é aqui chamada de boa para fazer um contraste com a lei cerimonial, que consistia em “...estatutos que não eram bons” (Ez 20.25). Ela é aceitável, é agradável a Deus; somente o que é determinado por Ele tem essas características. A única maneira de se obter o seu favor como fim é se conformar à / sua vontade como regra. E perfeito aquilo a que nada pode ser acrescentado. A vontade revelada de Deus é uma regra suficiente de fé e prática, contendo todas as coisas que levam à perfeição do homem de Deus, para nos suprir completamente para toda boa obra (2Tm 3.16,17). Em segundo lugar, interessa aos cristãos demonstrarem qual é aquela vontade de Deus que é boa, agradável e perfeita, isto é, conhecê-la com bom senso e aprovação, conhecê-la experimentalmente, conhecer a excelência da vontade de Deus pela experiência de uma conformidade com ela. E aprovar “...as coisas excelentes” (Fp 1.10); é “dokimazein” (a mesma palavra que é usada aqui), experimentar coisas que diferem, em casos duvidosos, compreender prontamente qual seja a vontade de Deus e ficar com ela. E para se deleitar “...no temor do Senhor” (Is 11.3). Em terceiro lugar, aqueles que são transformados pela renovação de suas mentes são os mais capazes de experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Um princípio vivo da graça está na alma, na medida em que ele prevalece, um julgamento imparcial e sem preconceitos a respeito das coisas de Deus. Ele dispõe a alma para receber e acolher as revelações da vontade divina.

A promessa é: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá” (Jo 7.17). Uma mente perspicaz pode debater e fazer distinções sobre a vontade de Deus; enquanto um coração humilde e honesto, que possui os sentidos espirituais adestrados, é moldado pela palavra e a ama e a pratica, e sente o seu gosto e sabor. Assim, seremos piedosos se nos entregarmos a Deus.

Quando isso é feito, servi-lo de todas as maneiras na obediência do Evangelho. Temos aqui algumas dicas disso: “...servindo ao Senhor” (versículos 11,12). Não temos outro motivo de nos apresentar a Ele, senão o de servi-lo. At 27.23: “...de quem eu sou”; e logo segue: “...a quem sirvo”. Ser cristão é servir a Deus. Como? (1). Devemos nos empenhar nisso com toda a energia. “Não sejais vagarosos no cuidado”. Existe o cuidado do mundo, aquele de nossa vocação particular, em relação à qual não devemos ser vagarosos (1Ts 4.11). Mas isso parece se referir ao cuidado de servir ao Senhor, o negócio do nosso Pai (Lc 2.49). Aqueles que se revelam cristãos de fato devem fazer da sua fé o seu princípio de vida - devem escolhê-la, aprendê-la e entregar-se a ela; eles devem amá-la, empregar-se nela e permanecerem fiéis a ela, como a seu grande e principal objetivo. E, tendo feito do serviço a Deus o nosso objetivo, não devemos ser vagarosos em relação a ele: não podemos desejar nosso próprio bem-estar e preferi-lo, quando esse estiver em competição com o nosso dever. Não devemos ser vagarosos no que diz respeito à religião. Os servos vagarosos serão tidos como servos maus. (2) Nós devemos ser “...fervorosos no espírito, servindo ao Senhor”. Deus deve ser servido no espírito (cap. 1.9; Jo 4.24), sob as influências do Espírito Santo. Qualquer coisa que fazemos em matéria de religião só é agradável a Deus se feita com nossos espíritos trabalhados pelo Espírito de Deus. E deve haver fervor no espírito - um zelo santo, calor e ardência de afeição em tudo o que fizermos, como aqueles que não apenas amam a Deus com o coração e a alma, mas com todo o nosso coração e toda a nossa alma.

Esse é o fogo santo que acende o sacrifício e o eleva até o céu, como oferta de cheiro suave, “...servindo ao Senhor”. “To kairo douleuontes” (assim está em algumas cópias), servindo ao tempo, isto é, aproveitando vossas oportunidades e tirando o máximo delas, agindo de acordo com os atuais tempos da graça. (3) “...alegrai-vos na esperança”. Deus é adorado e honrado através da esperança e confiança que temos n’Ele, principalmente quando nos regozijamos naquela esperança, nos satisfazemos naquela confiança, a qual demonstra uma grande certeza da realidade e uma grande estima da excelência do bem pelo qual se espera. (4) “...sede pacientes na tribulação”. Assim também Deus é servido, não apenas ao trabalharmos por Ele quando Ele nos chama para a obra, mas ao nos assentarmos em silêncio quando Ele nos chama para sofrer. A verdadeira piedade é ter paciência por causa de Deus e procurar sempre sua vontade e sua glória. Observe: Aqueles que se regozijam na esperança, provavelmente devem ser pacientes na tribulação. E uma perspectiva confiante na alegria colocada diante de nós que sustenta o espírito sob toda pressão exterior. (5) “...perseverai na oração”. A oração é uma amiga da esperança e da paciência e nós servimos ao Senhor através dela. “Proskarterountes”. Significa tanto o fervor como a perseverança na oração. Não devemos ser frios no dever nem nos fatigar rapidamente nele (Lc 18.1; 1Ts 5.17; Ef 6.18; Cl 4.2). Este é o nosso dever que diz respeito diretamente a Deus.

2 Tessalonicenses Capítulo 2 – O apóstolo é muito cuidadoso em impedir a propagação de um erro no qual alguns deles tinham caído referente à vinda de Cristo, achando que ela estava muito próxima (versículos 1-3). Então ele busca refutar o erro contra o qual os havia advertido, ao citar-lhes os dois grandes acontecimentos que antecederiam a vinda de Cristo - uma apostasia geral e a revelação do anticristo, acerca do qual o apóstolo relata diversas coisas marcantes: o seu nome, seu caráter, sua ascensão, sua queda, seu reino e o pecado e a destruição dos seus subalternos (versículos 4-12). Ele então os conforta contra o terror dessa apostasia e os exorta a ficarem firmes (versículos 13-15). Ele conclui com uma oração por eles (versículos 16,17).

Fica claro a partir destas palavras que alguns dos tessalonicenses tinham se equivocado em relação ao significado daquilo que o apóstolo tinha escrito em sua epístola anterior a respeito da vinda de Cristo, achando que ela estava prestes a se cumprir - que Cristo estava pronto para vir e julgar. Ou, é possível que alguns deles aspirassem ter o conhecimento disso pela revelação particular do Espírito, ou de certas palavras que tinham ouvido do apóstolo, quando esteve com eles, ou alguma carta que tinha escrito ou que alegavam que ele tivesse escrito a eles ou a outra pessoa. O apóstolo é cuidadoso em corrigir esse equívoco e prevenir a propagação desse erro. Observe:

Se erros e equívocos ocorrem no meio dos cristãos, devemos aproveitar a primeira oportunidade para corrigi-los e impedir a propagação deles; e pessoas justas serão especialmente cuidadosas em suprimir erros que podem surgir de equívocos de suas palavras e ações, embora aquilo que tiver sido falado ou realizado tenha sido totalmente inocente e apropriado. Temos um adversário ardiloso, que tenta aproveitar todas as oportunidades para causar dano, e vai às vezes promover erros, mesmo usando as palavras das Escrituras. Observe:

Quão sério e cuidadoso esse apóstolo era em evitar enganos: “Irmãos, rogamo-vos ...”. (versículo 1). Ele os trata como irmãos e como um pai trataria os seus filhos: ele mostra grande bondade e condescendência e acredita na afeição deles. A melhor maneira de lidar com as pessoas que queremos proteger e restaurar de erros é lidar carinhosa e afetuosamente com elas. Um tratamento duro e rigoroso apenas irrita o espírito delas e as predispõem contra os motivos que possamos estar propondo. Ele roga, e mesmo conjura, da maneira mais solene possível: “pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo ...”. As palavras estão na forma de um juramento; e seu significado é que se cressem que Cristo viria, e se desejassem que Ele viesse e se regozijassem na esperança da sua vinda, eles deveriam ser cuidadosos para evitar o erro e as consequências nocivas disso, das quais ele agora os estava advertindo. Dessa forma de súplica usada pelo apóstolo, podemos observar o seguinte:

1. É absolutamente certo que o Senhor Jesus Cristo virá para julgar o mundo; Ele virá em toda pompa e poder do mundo acima no último dia, para julgar todas as pessoas. Independentemente das nossas incertezas, ou dos enganos que possam surgir acerca do tempo da sua vinda, sua vinda em si é certa. Essa tem sido a fé e a esperança de todos os cristãos em todas as épocas da Igreja. Essa já foi a fé e a esperança dos santos do Antigo Testamento, desde Enoque, o sétimo de Adão, que disse: “Eis que é vindo o Senhor ...”  (Jd 14).

2. Na segunda vinda de Cristo, todos os santos se encontrarão com Ele; e essa reunião do encontro dos santos com Cristo na sua vinda mostra que o apóstolo fala da vinda de Cristo para o julgamento no último dia e não da sua vinda para destruir Jerusalém. Ele fala de um advento peculiar e não metafórico: como esse advento será parte da honra de Cristo naquele dia, assim também será a plenitude da felicidade dos seus santos. (1) todos eles serão reunidos. Haverá então um encontro geral de todos os santos, e somente dos santos; todos os santos do Antigo Testamento, que tomaram conhecimento de Cristo pelas sombras escuras da lei, e viram esse dia à distância e todos os santos do Novo Testamento, a quem a vida e a imortalidade foram levadas à luz pelo Evangelho; todos eles participarão do encontro. Virão então dos quatro ventos do céu todos os que são, ou sempre foram, ou sempre serão, desde o princípio até o fim dos tempos. Todos serão reunidos. (2) Eles serão reunidos com Cristo. Ele será o grande centro da unidade deles. Eles estarão com Ele, para serem convidados dele, para serem assistentes com Ele, para serem apresentados por Ele ao Pai para estarem com Ele para sempre, e completamente felizes em sua presença para toda a eternidade. (3) A doutrina da vinda de Cristo e a nossa reunião com Ele são de grande significado e importância para os cristãos; caso contrário, não seria o assunto apropriado da súplica do apóstolo.

Não devemos, portanto, somente crer nessas coisas, mas também valorizá-las grandemente e considerá-las como coisas que nos interessam muito e que nos afetam muito. A coisa contra a qual o apóstolo adverte os tessalonicenses é que eles não devem se deixar enganar acerca do tempo da vinda de Cristo, e dessa forma ser movidos no entendimento, ou ser perturbados. Observe:

Erros no entendimento tendem grandemente a enfraquecer nossa fé e nos causar perturbação; e aqueles que são fracos na fé e possuem mente atribulada são, com frequência, mais inclinados a ser enganados e a se tornar vítimas de sedutores. 1. O apóstolo não queria que fossem enganados: “Ninguém, de maneira alguma, vos engane” (v. 3). Existem muitos que estão prontos para enganar, e há muitas maneiras de enganar; portanto, temos motivos para estar precavidos e de prontidão. Alguns enganadores simularão novas revelações, outros interpretarão mal as Escrituras, e outros serão culpados de mentiras ou falsificações grosseiras. Essas pessoas usarão de diversos meios e artifícios de engano; por isso devemos ser cuidadosos para que ninguém, de maneira alguma, nos engane.

O apóstolo os adverte especificamente para não serem enganados acerca da proximidade da vinda de Cristo, como se a sua vinda tivesse de ocorrer nos dias do apóstolo. Por inofensivo que esse erro possa parecer para muitos, uma vez que era um erro, acabaria tendo consequências bastante maléficas para muitas pessoas. Portanto: 2. Ele os adverte para que não sejam movidos no entendimento, nem perturbados. (1) Ele não queria que a sua fé fosse enfraquecida. Deveríamos firmemente crer na segunda vinda de Cristo e estar firmados e estabelecidos na fé nesse sentido. Mas havia o perigo de os Tessalonicenses acharem que a vinda de Cristo estivesse à mão, e descobrirem que eles, ou outras pessoas por quem tinham uma elevada estima, estavam enganados quanto ao tempo acabassem questionando a verdade ou certeza dessa doutrina. Por isso, o apóstolo os adverte a não oscilarem no seu entendimento em relação a esse importante aspecto, que faz parte da fé e esperança de todos os santos.

Doutrinas falsas são como o vento, que agitam as águas de um lado para o outro, e são capazes de confundir a mente das pessoas, que são, às vezes, instáveis como água. (2) Ele não queria que o bem-estar deles diminuísse pelo fato de ficarem atribulados ou aterrorizados com alarmes falsos. E provável que a vinda de Cristo fosse retratada com tanto terror, que atemorizava muitos cristãos sérios, quando, na verdade, deveria enchê-los de esperança e alegria; assim, muitos poderiam ser atribulados com o pensamento de quão inesperado esse dia poderia ser, ou ficar com medo do seu despreparo ou do seu equívoco em relação à vinda de Cristo. Sempre devemos vigiar e orar, mas não deveríamos desanimar ou sentir desconforto ao refletir a respeito da vinda de Cristo.

Nestas palavras, o apóstolo refuta o erro contra o qual os havia advertido, e dá os motivos pelos quais não deveriam achar que a vinda de Cristo estava bem próxima.

Diversos acontecimentos seriam anteriores à segunda vinda de Cristo; em especial, ele relata que haveria:

Uma apostasia geral: Não será assim sem que antes venha a apostasia (versículo 3). Por essa apostasia não devemos entender uma deserção do estado ou do governo civil, mas em questões espirituais ou religiosas, como da sã doutrina, da adoração instituída e do governo de igreja e da vida santa. O apóstolo fala de uma apostasia muito grande, não somente de alguns convertidos judeus ou gentios, mas de uma apostasia geral, embora gradual, que daria ocasião à revelação ou surgimento do anticristo, o homem do pecado. Isso ele tinha lhes anunciado quando esteve com eles (versículo 5), com o intento, sem dúvida, de não se ofenderem nem se escandalizarem com isso.

Observamos que tão logo o cristianismo foi plantado ou arraigado no mundo começou a haver uma deserção na Igreja cristã. Foi assim na Igreja do Antigo Testamento. Logo após qualquer avanço considerável na religião, ocorria uma deserção: logo após a promessa, houve uma rebelião; por exemplo, logo depois que o homem começou a invocar o nome do Senhor, toda carne corrompeu o seu caminho; logo após o concerto com Noé, os construtores de Babel ofereceram resistência ao céu; logo depois do concerto com Abraão, sua semente degenerou no Egito; logo depois que os israelitas foram plantados em Canaã, quando a primeira geração esfriou, eles abandoaram a Deus e serviram a Baal; logo depois do concerto com Davi, sua semente se rebelou e serviu a outros deuses; logo após o retorno do cativeiro, houve um declínio de piedade, como pode ser lido na história de Esdras e Neemias; e, portanto, não era de estranhar que depois do surgimento do cristianismo houvesse um abandono da fé.

Uma revelação desse homem do pecado (versículo 3): o anticristo surgirá dessa apostasia geral. O apóstolo mais tarde fala da revelação do iníquo (versículo 8), mencionando a revelação que deveria ser feita da sua iniquidade, para a sua destruição. Parece que aqui ele fala da sua ascensão, que deveria ocorrer na apostasia geral que o apóstolo havia mencionado, e menciona que toda sorte de doutrinas falsas e corrupções se concentrariam nele.

Os nomes dessa pessoa, ou melhor, o estado e o poder aqui considerado. Ele é chamado de o homem do pecado, para indicar sua extraordinária iniquidade. Não somente ele é dedicado ao mal e o pratica, mas também promove, encoraja e comanda o pecado e a iniquidade em outros; e ele é o filho da perdição, porque ele mesmo está dedicado à destruição certa e é o agente para destruir muitos outros, tanto o corpo quanto a alma.

As características aqui apresentadas (versículo 4). (1) Que ele se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora. (2) Ele se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Como Deus estava no templo antigamente, e adorava ali, e está na Igreja e com sua Igreja agora, assim o anticristo aqui mencionado é um usurpador da autoridade de Deus na Igreja cristã, reivindicando honras divinas.

Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 3º Trimestre de 2018, ano 28 nº 108 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens e Adultos – Professor – Israel 70 anos – O chamado de uma nação e o plano divino de redenção – Pastor César Pereira Roza de Melo.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

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