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Lição 13 - 3º trimestre 2022 - Os dois alicerces

 Lição 13 – 26 de setembro de 2022 – Editora BETEL

Os dois alicerces

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Sobre os dois alicerces

Mateus 7.24-27. Jesus usa aqui uma ilustração que também pode ser encontrada nos escritos dos judeus. Essa ilustração poderia ter sido muito instrutiva para uma audiência oriental, afeita às tempestades características da região: violentas, repentinas, que às vezes provocavam grande destruição. Chuva no telhado, um rio nos alicerces, vento nas janelas, exigiam uma construção firme, com bons alicerces.

“Ouve estas minhas palavras”. Jesus faz aqui a aplicação do sermão. Esta seção (versículos 24 a 27) é o epílogo do sermão. Provavelmente Jesus usou essas palavras em outras circunstâncias, noutros sermões, para mostrar a necessidade que o povo tinha de receber o Cristo do reino. Diversos indícios mostram que ele não se referiu só ao reino literal, sobre a terra, o reino político, mas também aludiu ao reino dos céus, à salvação, ao destino dos seres humanos. Para que alguém alcance esse destino e o reino dos céus, os lugares celestiais, é mister que ouça e pratique as palavras do Rei.

“Ouve...pratica”. Esses dois aspectos sempre andam juntos (ver Tiago 1.22-25). Nesse ponto é que falhavam os falsos profetas. É o que os discípulos falsos apenas fingiam fazer. E é isso que os discípulos autênticos devem fazer.

“Homem prudente”. O homem sem bom senso se deixaria impressionar pelo terreno nivelado, sem rochas, que não precisasse de preparo, como se já estivesse pronto para receber a construção. Mas a areia é traiçoeira. Em contraste, o prudente pensaria no futuro, nos ventos, nas inundações. Escolheria terreno pedregoso, apesar de tal terreno requerer muito preparo e trabalho, para que a casa começasse a ser edificada. Este homem prudente simboliza os que ouvem e praticam os ensinos de Jesus. Não faltariam a tal homem as tempestades e os períodos de dificuldade, mas no fim o resultado justificaria sua decisão na escolha do terreno. Esse é o homem que considera bem o ensino, aprende-o e toma-o como regra de vida.

“Sua casa”. Não visava a ostentação, mas tinha por finalidade ficar firme, em meio às tempestades. A casa é o símbolo da vida. A vida deve ser edificada com bom senso, considerando o futuro, e não apenas o presente, de acordo com os princípios ditados por aquele que dá a vida e a sustenta.

“Rocha”. Provavelmente Jesus se refere a si mesmo e aos seus discípulos verdadeiros. A alusão é à terra rochosa, pedregosa, que serve de bom alicerce para as edificações. Mas, na aplicação simbólica dessas palavras, não há que duvidar que Jesus falou de si mesmo. Jesus é quem tem as palavras da vida eterna, porquanto Ele é o pioneiro e o consumador da fé, o caminho e a vida (João 14.6). Portanto, Ele é a rocha (1 Coríntios 10.4; 2 Samuel 22.2; Salmos 23.3; 28.1; 30.3; Isaías 26.4; 1 Coríntios 3.11). O ensino é que a vida deve estar inteiramente vinculada, edificada e envolta em Cristo.

“Ventos”, “chuva”, “rios”, isto é, “turbulência” por cima, ao redor e por baixo dos alicerces. Diversos intérpretes fazem desses símbolos de turbulência, comparações com as tentações, com os “dolores Messiae”, com as perseguições, com as heresias na igreja, etc. Outros ensinam que estão subentendidas três provas diversas, como:

1. Chuva: as aflições temporais;

2. Rio: as provas que resultam do maltrato por parte de outros homens;

3. Vento: as tentações e as provas que se originam em Satanás ou nos demônios. Provavelmente Jesus falou em termos gerais, que incluem essas idéias, mas sem fazer referência exata ou intencional a essas coisas.

“Não caiu”. Os pais da igreja aplicavam essas palavras à própria igreja, como edifício de Cristo, e nisso encontravam o cumprimento de suas palavras: “Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16.18). Isso é verdade, sendo possível que esteja subentendido nas palavras de Jesus, mas a principal interpretação é a da vida individual. As pessoas que realmente têm a Cristo como fundamento e edificam uma vida de discipulado autêntico sobre Ele, alcançarão o destino desta vida.

“Ouve... não pratica... casa sobre a areia”. Nota-se que realmente a ideia principal não é a de dois fundamentos, porque a areia não é fundamento. Aquele que edifica sobre a areia não tem alicerce algum; ignora essa necessidade. A experiência humana mostra que muitos se alicerçam em coisas sem a aprovação de Deus, e muitos outros não têm base de espécie alguma. Ambos os tipos ignoram a maior necessidade, o alicerce na rocha. Os cães e os porcos do versículo 6 exemplificam aqueles que não têm alicerce. Os fariseus (os hipócritas de 6.5 e de outros versículos), os falsos profetas (dos versículos 15 a 20), os discípulos e autoridades falsas (dos versículos 21 a 23), são exemplos de pessoas com alicerces falsos. Todos esses são insensatos. Essa palavra é dura, pois é palavra que Jesus proibiu de ser aplicada aos outros (Mateus 5.22). O seu sentido principal é embotado, pesado, estúpido. Era termo empregado para dar a entender uma comida sem sabor. Todos esses sentidos podem ser aplicados à alma e à mente do homem que ouve, mas não pratica os ensinos de Jesus.

Notemos que este pode passar pelas primeiras provas do primeiro homem, mas com resultado diferente.

“Sendo grande a sua ruína”. Jesus deixa novamente subentendido o juízo, a perda do destino da vida, a razão mesma da existência.

Lemos que ocasionalmente, durante a seca do ano, os pescadores erigiam cabanas sobre a areia que secara com a falta de água. Quando, repentinamente, voltavam as chuvas, causando inundações inesperadas, essas cabanas eram destruídas totalmente, num momento. Assim ocorre àquele que ignora o alicerce na rocha. Entre os escritos judaicos encontramos as seguintes palavras do rabino Eleazar, as quais ilustram bem a mensagem sobre os dois fundamentos: “O homem cujo conhecimento excede às suas obras é como a árvore de muitos galhos, mas poucas raízes; ao soprar o tufão, tal árvore é arrancada da terra e destruída. Mas aquele que tem mais obras do que conhecimento, com que podemos compará-lo? Ele é como a árvore que tem poucos ramos e muitas raízes; assim sendo, todo o vento dos céus não podem tirá-la do lugar”. Outros rabinos empregaram parábolas mais semelhantes às que encontramos neste evangelho escrito por Mateus.

Tiago 1.22. “... pois ...”. Esse termo vincula este versículo com o que é dito anteriormente: se tivermos de pôr de lado, como roupa suja, a imundícia e a excrescência da iniquidade, recebendo com mansidão a Palavra implantada, que nos revolucionará, levando-nos assim à salvação, precisamos ser mais do que meros ouvintes da Palavra. Devemos praticar os preceitos de nossa fé, provando que se trata de um elemento transformador. De outra maneira, estaremos dando provas positivas de que a Palavra de Deus foi implantada em nós apenas supostamente, porquanto não nos está transformando moralmente.

“...praticantes da palavra...”. Essa expressão é usada somente por Tiago, em todo o Novo Testamento, embora a idéia seja bastante comum, expressa de muitos modos diversos. (Ver Ezequiel 33.32 e Mateus 7.24, que são as duas ocorrências principais). Ouvir e praticar edifica na pessoa um firme alicerce, que não pode ser abalado; porque se trata, realmente, do Espírito em nós, criando a imagem e a natureza de Cristo. Assim, todas as virtudes que possuímos, que podemos expressar para outros, são fruto do Espírito (ver Gálatas 5.22-23).

Parece, pois, que o segredo da “prática” e do “ser” aquilo que professamos, se acha na busca e na submissão ao Espírito, incluindo-se nisso o uso dos dons espirituais, mediante os quais a igreja será levada à maturidade e à perfeição (ver Efésios 4.7-16). Ninguém pode ser “praticante” bem-sucedido da Palavra a menos que, primeiramente, seja algo em Cristo; e a pessoa se “torna em algo” através do poder residente e transformador do Espírito Santo.

O Talmude reconhece esse princípio. “Todos os meus dias tenho passado entre os sábios, e não tenho encontrado melhor coisa para o homem que o silêncio; não o aprender, mas o fazer, é a base; e quem multiplica suas palavras ocasiona o pecado”. (Rabino Simeon Ben Gamaliel I). “Todo aquele cujas obras excedem sua sabedoria, tem uma sabedoria firme, e todo aquele cuja sabedoria excede às suas obras, não tem uma sabedoria firme”. (Rabino Chananiah Ben Dosa, III 14).

A expressão “praticantes da palavra” significa “pôr em prática o que lhes é ordenado”, mostrando que tais pessoas são sensíveis para com a Palavra de Deus, devendo ser transformadas por ela, tanto em seu ser como em suas ações. A piedosa anuência aos ensinamentos de Jesus, seguida por ações contraditórias, é um simulacro da vida cristã, algo que os profetas condenaram sem reservas. (Ver Oséias 6.6 e Mateus 9.13).

Conforme o ponto de vista judaico, o praticante da Palavra era praticante da lei. Conforme o ponto de vista cristão, a Palavra se tornou o “Evangelho”. O evangelho exige fé, ou seja, temos de entregar nossas almas aos cuidados de Cristo, a fim de sermos transformados segundo a sua imagem. Essa transformação dá início ao ser moral, pois deveremos assumir a natureza moral de Cristo, e, desse modo, chegaremos a participar da mesma santidade que Deus tem. Esse conceito é anotado em Mateus 5.48; Romanos 3.21 e Hebreus 12.14. Tudo isso está envolvido na “prática da Palavra”, o que faz a mensagem cristã tornar-se eficaz em nossas vidas.

Segundo se lê em Lucas 11.28, “Antes bem-aventurados são os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam! ”

“... ouvintes...”. Temos aqui uma alusão à prática da leitura das Escrituras, na sinagoga, mais tarde praticada também na igreja cristã. Poucas pessoas possuíam cópias manuscritas, e menor número ainda sabia ler. Quase todo o “aprendizado da Bíblia” era efetuado pelo ouvir a leitura das Escrituras. Hoje em dia, quase todos sabem ler, podendo fazê-lo durante a semana, e não apenas em dias de culto. Por isso mesmo, nossa responsabilidade aumentou extraordinariamente. Os judeus tomavam sua Torah (as Escrituras do Antigo Testamento e seus comentários) a sério. Criam que Deus lhes fizera tal revelação, tornando-os privilegiados acima de outros povos.

Portanto, a leitura da Torah, na sinagoga, era uma prática solene, que se esperava servir de fator transformador das vidas dos ouvintes. O próprio Senhor Jesus se ocupou dessa prática, na sinagoga. (Ver Mateus 5.17-18; 7.12; 12.5; 19.17; 23.3; Lucas 4.21; 10.26 e 16.17,29). Cristo sempre mostrou ter as Escrituras Sagradas no mais alto conceito. “Porque Moisés tem, em cada cidade desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados” (Atos 15.21).

“...enganando-vos a vós mesmos...” Isso fariam, supondo que Deus se agrada da pessoa que conhece profundamente as Escrituras, mas não as aplica à sua vida diária; supondo que o ouvir é bastante; supondo que a aceitação de um credo obriga Deus a salvar a alma; supondo que a fé salvadora consiste em aceitar alguma doutrina ortodoxa, mas sem reconhecer que a fé verdadeira é mística, e não racional ou credal. Em outras palavras, o Espírito Santo, que entra em contato genuíno conosco, transforma as nossas vidas, e não meramente nos expõe doutrinas em que devemos crer. Assim sendo, o indivíduo colhe aquilo que tiver semeado, e isso determinará o seu estado eterno. (Ver Gálatas 6.7-8, onde somos avisados que não nos devemos enganar a nós mesmos).

Aquele que ouve, mas não pratica, assim age porque está cheio de si mesmo, e desconhece o que é a dedicação a Cristo e qual é seu poder residente. O homem que pensa que pode haver substituição para a prática da Palavra, “engana” a si próprio com uma ideia falsa; e, assim, só prejudica espiritualmente a si mesmo.

Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 3º Trimestre de 2022, ano 32 nº 124 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens e Adultos – Professor – Sermão do Monte – A ética, os valores e a relevância dos ensinos de Jesus Cristo – Bispo Abner Ferreira.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

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