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Lição 01 - 4º trimestre 2022 - As raízes do Pentecostalismo no Brasil

Lição 01 – 02 de outubro de 2022 – Editora BETEL

As raízes do Pentecostalismo no Brasil

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Sobre o Pentecostalismo

Mateus 28.19. “Ide, portanto, fazei discípulos...”. Algumas traduções dizem “ensinai todas as nações”. Porém, “fazei discípulos” é tradução melhor, embora em Mat. 13.52 seja usada essa expressão com o sentido de “instruir”. O fazer discípulos envolve, em primeiro lugar, a necessidade do evangelismo ou da pregação do evangelho; mas também subentende um exercício de treinamento e orientação, de forma que esses discípulos sejam melhor firmados e instruídos na plenitude da mensagem das Escrituras Sagradas. A palavra “portanto”, provavelmente é uma glosa, pois é omitida pelos manuscritos Aleph, AEFHKMSUV, Gamma e outros. Todavia é porção muito antiga do texto, por causa do Códex do Vaticano, como também dos manuscritos Delta e Fam Pi. A glosa é excelente, conforme a maioria dos intérpretes concorda prontamente, porque mostra que essa ação de fazer discípulos dentre todas as nações, repousa na autoridade universal de Cristo. Por conseguinte, sem importar o que aconteça, algum sucesso está garantido; e o que parece ser fracasso, em realidade não pode sê-lo. Se tragédias acontecerem, se mártires surgirem, se um tratamento vergonhoso for dado aos pregadores, se desumanidades forem perpetradas contra os discípulos, devemos saber que tudo será por causa de Jesus, e que a vitória e o sucesso final estão plenamente assegurados. Se males forem cometidos contra os discípulos de Cristo, o que parece não ter remédio, todavia. Deus curará a tudo, porque em Cristo está toda a autoridade, não somente neste mundo, mas também no céu. E, assim sendo, dessa promessa flui um rio de paz e de segurança. Da mesma maneira como a horrenda crucificação de Jesus foi prontamente sarada, final e completamente, pela ressurreição, assim também todos os recuos e derrotas dos verdadeiros discípulos serão sarados, porquanto a autoridade de Jesus Cristo garante isso.

“... de todas as nações...” Todas as limitações fronteiriças são aqui removidas, como também se verifica em Mateus 10.5. Assim foi estabelecida a universalidade da comissão apostólica. A questão sobre como os discípulos haveriam de receber e de incorporar-se na igreja, ainda não fora respondida; e ainda não haviam sido feitas as revelações, dadas a Paulo, que identificam a igreja como organismo quase totalmente gentílico, uma noiva gentílica, e também aquelas outras que falam da alta chamada dessa igreja, que será transformada completamente segundo a imagem de Cristo. Todas essas coisas haveriam de ser esclarecidas mais tarde, e podemos ler acerca delas em trechos como Romanos 8; Efésios 1; Colossenses 1; Hebreus 5. O desenvolvimento dessa semente é deixado nas mãos do Espirito Santo, através do ministério dos apóstolos. “Todas as nações” certamente incluiria os judeus; mas a mensagem não teria mais alcance provinciano. Um dos principais temas deste evangelho de Mateus é o de demonstrar a universalidade da mensagem cristã; e este é o trecho central desse tema. Assim sendo, encontramos nesta passagem a grande “Magna Carta” do empreendimento missionário do cristianismo.

“...batizando-os...”. Essa declaração tem como base o conceito da triunidade divina. Paulo também ligou dessa maneira Jesus Cristo com Deus Pai e com Deus Espirito Santo, segundo se vê em 2 Coríntios 13.14 e 1 Coríntios 12.4-6; e o quarto evangelho envolve muita coisa dessa natureza. Este versículo também é evidência de que a mesma geração que conheceu a Jesus Cristo na carne, também já estava reconhecendo as implicações trinitárias, tendo adotado uma expressão das mesmas em seu rito batismal. Isso se tornou uma fórmula consagrada pelo uso, que tem prosseguimento até os nossos dias. (Ver também Atos 2.38 e 8.16, que subentendem a mesma coisa). Por conseguinte, apesar dessa doutrina não ter recebido sanção oficial senão já no concilio de Nicéia (325 D.C.), todavia, já ganhara a ascendência sobre todas as outras idéias, ao tempo em que os evangelhos foram escritos. É fútil reivindicar que a doutrina da triunidade divina foi mero pronunciamento de um concilio eclesiástico, porque isso simplesmente não é verdade. O que sucedeu é que nesse concilio a doutrina foi ratificada, aprovada, sobre outras idéias referentes às relações entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Foi aprovada e não criada, pelo concilio de Nicéia. Os cristãos primitivos talvez não compreendessem a palavra trindade, segundo ela é atualmente empregada como termo teológico; porém, se tivessem sido solicitados a explicar as relações no seio da deidade, entre Pai, Filho e Espírito Santo, provavelmente teriam dito algo similar ao que essa doutrina ensina atualmente. Naturalmente que havia muitas vozes contraditórias na igreja, como ainda existem, se incluirmos aqui tudo quanto se convencionou chamar de igreja. (Ver sobre a Trindade, 1 João 5:7).

“... batizando-os em...”. É reflexo do texto grego, neste caso. Aqui temos uma significação profunda, porquanto expressa admiravelmente bem o sentido do batismo, que é a identificação espiritual com Cristo. Estamos plenamente identificados com Cristo, em sua morte. Compartilhamos dessa morte e de todas as suas implicações. Estamos mortos para o pecado, e fomos libertados do castigo imposto contra o pecado. Também compartilhamos da vida ressurrecta de Cristo, que é o outro notável símbolo do batismo. Compartilhamos da vida eterna que Jesus trouxe do túmulo. É como se o sepulcro fosse o ventre da própria vida. Jesus saiu dali uma nova criatura, o primeiro homem imortal. Subsequentemente foi glorificado em sua ascensão, e então ainda mais glorificado quando de sua glorificação, à mão direita de Deus Pai. Agora estamos seguindo as suas pisadas. Participamos de sua imagem moral e metafísica, e participaremos plenamente de sua natureza e imagem.

Essa é a grande mensagem do evangelho, a qual ultrapassa em muito a simples questão do perdão dos pecados e a mudança de endereço para o céu. O céu é, essencialmente, o que tiver de suceder conosco, em termos de transformação em criaturas vastamente superiores, e não apenas o aprazimento de bem-aventurança eterna em um lindo lugar. (Quanto a detalhes dessa importante doutrina, ver as notas em Romanos 8.29, Efésios 3.19, 22 Pedro 1.4), O batismo é símbolo dessa realidade; não é a própria realidade. A água não transforma, mas essa transformação é operada por nossa identificação com Cristo. A água é meramente o símbolo: a transformação é a coisa simbolizada. Não podemos confundir o símbolo com a verdade simbolizada, são coisas separadas. (Quanto a uma nota sobre o sentido do batismo, ver Romanos 6.3).

O batismo em Cristo não tem a intenção de servir de mera fórmula para o rito batismal, embora possa ser legitimamente usado como tal; pelo contrário, expressa aquela relação mística com Jesus, aquele participar espiritual de toda a sua vida e ser, no sentido mais literal possível, de tal maneira que a própria essência de nosso ser seja transformada até tomar-se idêntica a essa essência. Essa expressão é paralela àquela expressão de Paulo, “...em Cristo...” Somos batizados em Cristo, no Pai e no Espirito Santo. Dessa forma é assegurada a participação na vida celestial, na vida eterna. Trata-se de nossa identificação com a divindade. Temos aqui uma linguagem mística, que não é fácil de ser entendida. Tão-somente sabemos que envolve algo vastissimamente grande.

Seremos elevados a uma posição que mui raramente é indicada na pregação comum da igreja. Precisamos erguer muito mais os nossos olhos, acima das doutrinas básicas do perdão dos pecados e da mudança de endereço para o céu. O evangelho consiste de muito mais do que está simbolizado pelo rito do batismo em água.

João 14.16. A tradução portuguesa AA diz Consolador, concorda com outras traduções, como KJ, AC e IB; mas há outras traduções, como a tradução inglesa RSV, que dizem “Conselheiro”; a tradução WM diz “Ajudador”, com o que concorda a tradução inglesa GD. Já a tradução inglesa NE diz “Advogado”, concordando com a tradução da palavra original em muitas traduções, quanto ao trecho de 1 João 2.1, onde a referência é a Cristo, e não ao Espírito Santo. Tudo isso são sentidos possíveis da palavra.

A palavra grega “parácletos” é antiga, usada no grego clássico, como nos escritos de Demóstenes, onde aparece com o sentido de advogado, alguém que pleiteia a causa de outrem, sentido esse que passou p ara o grego helenista, nos escritos de Josefo, Filo e igualmente nos papiros dos tempos neotestamentários e em outros papiros dos tempos dos apóstolos. Ê por esse motivo que a tradução inglesa NE se sentiu plenamente justificada em reter esse sentido do vocábulo parácletos - advogado. O termo se deriva dos vocábulos gregos “para” (para o lado de) e “kaleo” (chamar, convocar), dando o sentido total de “alguém chamado para ajudar ao lado de outrem”.

A princípio o vocábulo era empregado para indicar um advogado, o qual ajudava a defender a causa de um cliente seu; mas o sentido se estende para dar a idéia de qualquer espécie de ajuda, incluindo os conceitos de consolo e conselho. Naturalmente o Espírito Santo tem o ofício de advogado, no sentido estrito, porquanto pleiteia a causa dos crentes, aspecto esse de sua atuação que é enfatizado no oitavo capítulo da epístola aos Romanos, onde, entretanto, essa palavra não é realmente usada. Todavia, a operação do Espírito de Deus não se limita a isso; a ele cabe conduzir-nos a toda a verdade, o que sugere verdadeiros raciocínios sussurrados em nossas mentes, e verdadeiros cursos de ação imprimidos às nossas vidas. Também lhe compete convencer o mundo de pecado, apelando contra as iniquidades dos homens, ao mesmo tempo que lhes revela o Cristo. Outrossim, haverá de transformar moral e metafisicamente aos remidos, pelo que também, de modo geral, o seu ofício ultrapassa em muito o de um advogado, que defende uma causa alheia.

À base de tudo quanto acima foi exposto, podemos traduzir aqui a palavra grega “paracleto” por “Ajudador”, conforme fazem as traduções WM e GD, e isso porque a sua ajuda é rica e inclui muitas facetas que ordinariamente não poderíamos apreender mediante o uso do vocábulo “Advogado”. Além disso, também devemos observar que as palavras «Consolador» e «Conselheiro» também são por demais limitadas em seu sentido para que expressem adequadamente o ministério do Espírito Santo como “paracleto”, posto que só dão a entender alguns aspectos dessa ajuda em favor dos homens.

Arthur John Gossip comenta, como segue, sobre a obra do Espírito Santo: “O Espírito que ele (Deus) nos envia, é um Espírito poderoso, que insta conosco de forma intensa. Ele impele, ele reaviva, ele revigora, ele infunde novo ânimo e nova coragem aos descoroçoados e, repondo na ordem as fileiras dispersas, permite-nos tirar a vitória da própria derrota”.

“Parácletos” é um vocábulo usado somente nos escritos ao apóstolo João, entre os livros do Novo Testamento, podendo ser encontrado nas seguintes referências: João 14.16 ,26; 1.26; 16.7 e 1 João 2.1. Porém, a idéia-ofício que pertence ao Espírito Santo, mesmo onde esse vocábulo realmente não figura, se encontra em outros trechos bíblicos, especialmente no oitavo capítulo da epístola aos Romanos.

Os desígnios da encarnação do “Logos” eterno, limitaram a peregrinação terrena do Senhor Jesus a apenas alguns breves anos; mas a provisão dessa presença e ajuda do Espírito Santo jamais poderia ser limitada dessa maneira, e assim desceu para estar com os remidos o “outro” Conselheiro ou Ajudador, o alter ego de Jesus Cristo, segundo alguns intérpretes têm expressado essa verdade. O termo grego aqui traduzido por “outro” é “allon”, e não “heteron”, e significa que o Espírito Santo é outro ajudador, separado e distinto de Cristo, embora da mesma “espécie”, e não uma forma distinta ou separada de ajudador. Ele é a continuação do Senhor Jesus entre nós, embora sob uma manifestação ou presença de categoria diferente. Jesus procurou consolar aos seus discípulos mostrando-lhes que embora dentro em breve houvesse de ocorrer alguma modalidade de separação entre ele mesmo e os seus discípulos; no entanto, em outro sentido bem real, Ele haveria de permanecer com eles para todo o sempre, porque o seu “alter ego” haveria de descer para estar no meio deles e com eles.

Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 3º Trimestre de 2022, ano 32 nº 124 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens e Adultos – Professor – Sermão do Monte – A ética, os valores e a relevância dos ensinos de Jesus Cristo – Bispo Abner Ferreira.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

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