Lição 05 – 30 de outubro de 2022 – Editora BETEL
Os dons de revelação
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Sobre os dons de
revelação
1 Coríntios 12.1, 4, 7-10.
Os coríntios haviam perdido seu senso de valores em relação aos vários dons do
Espírito Santo. Eles começaram a considerar as manifestações de êxtase como
sendo os melhores dons espirituais, e tiveram a tendência de minimizar outros
ministérios do Espírito. No capítulo 12 da primeira epístola aos Coríntios, Paulo
declara duas verdades simples. Em primeiro lugar, todos os dons vêm do mesmo
Espírito Santo e não podem se opor uns aos outros. Depois o apóstolo dá
exemplos da importância de todos os dons comparando os membros da Igreja à
estrutura do corpo humano.
Primeiramente,
Paulo apresenta algumas idéias gerais, depois mostra que todos os dons vêm do
mesmo Espírito e, finalmente, menciona uma relação de dons específicos.
As
palavras “acerca dos dons espirituais”
indicam que Paulo está prestes a introduzir outro assunto que os coríntios
haviam mencionado na carta que lhe escreveram. Existe uma debatida questão
sobre se a palavra dons deveria ser incluída. A palavra “espirituais” (pneumatika)
é geralmente aceita como uma referência a “coisas espirituais” ou aos dons
espirituais. O termo comum do Novo Testamento para “dons” é (charisma). Essa
palavra não ocorre no texto, porém como todo o conteúdo trata desse assunto,
entendemos que seria correto interpretar o termo pneumatika com o significado de dons espirituais.
O
apóstolo introduz esta discussão, observando a importância dos dons espirituais
e fazendo uma advertência contra o mau uso que é feito deles.
A importância do verdadeiro entendimento dos dons espirituais (12.1). Quando Paulo
escreve: Não quero, irmãos, que sejais
ignorantes, ele está indicando a importância de todo esse assunto. Os
coríntios haviam sido recentemente convertidos ao cristianismo. Com suas idéias
sobre a moralidade cristã ainda em fase de formação, com pouco conhecimento das
Escrituras do Antigo Testamento, e com as Escrituras do Novo Testamento ainda
em fase de composição, não é de admirar que os coríntios fossem ignorantes.
Era
muito importante ter conhecimento sobre o lugar e a natureza dos dons
espirituais, porque os coríntios tinham uma formação voltada à idolatria. Paulo
estava ansioso para apagar das suas mentes alguns traços do seu antigo
politeísmo, imprimindo nelas a verdade de que os diversos dons vêm de um Espírito,
da Unidade Infinita.
Em Corinto
o conceito que as pessoas tinham sobre os dons do Espírito havia se degenerado.
Como consequência natural, os dons eram muito reverenciados, não aqueles que
eram os mais úteis, mas os que eram aparentemente mais impressionantes. Entre
eles o dom de línguas era o mais proeminente por ser o mais expressivo da nova
vida espiritual. A maioria dos dons relacionados por Paulo no capítulo 12 foi
ignorada e aquele que mais se distinguia dos outros era o dom de falar em
línguas. Parece que o interesse estava centralizado em adquirir o poder de
fazer coisas milagrosas e de provocar admiração na mente dos descrentes. O
Espírito Santo foi explorado com a finalidade de se obter resultados
sensacionais. Parece que a sua função santificadora na vida dos cristãos havia
sido relegada a um segundo plano, e Ele era considerado o autor, não da graça, mas
dos [dons] charismas, e no vocabulário
da época a palavra “espiritual” era
um atributo imputado aos efeitos do espírito de poder, e não aos efeitos de um
espírito de santidade.
Dessa
maneira, o Espírito Santo passou a significar, na mente das pessoas comuns, não
o poder de crer, de esperar, de amar ou de ser puro, mas o poder de falar
admiravelmente, em êxtase, e de realizar feitos sensacionais.
Toda a
comunidade das pessoas que podem ser religiosas, mas ao mesmo tempo falsas,
ambiciosas e sensuais, que se dobram como juncos frente à crescente corrente de
um tempo de entusiasmo, mas sem uma radical mudança do coração, logo começa a
fervilhar. Elas apareciam em toda parte, como a praga no meio do trigo do
Reino, e eram singularmente abundantes na igreja de Corinto, onde todos podiam
falar de uma forma ou outra, e a virtude não era levada em conta - uma igreja
que havia se limitado a uma mistura de línguas.
Por
causa da dissensão e dos atritos causados pela perda de perspectiva em relação
aos dons espirituais, a igreja de Corinto enfrentava sérias dificuldades,
correndo até mesmo o risco de uma extinção espiritual. Como Hayes comentou: “Esta é uma prova da insuperável genialidade
do apóstolo Paulo, que foi capaz de salvar essa e todas as suas igrejas do
fanatismo e da dissolução, e de construir por meio delas um cristianismo que
conquistou o mundo”.
A variedade de dons (12.4). A palavra diversidade
transmite a idéia de uma distribuição, divisão ou repartição. O Espírito Santo
não se contradiz. Dessa forma, qualquer dom que Ele concede a uma pessoa não
está em oposição ao dom que foi dado à outra, nem um dom seria superior ou
inferior a qualquer outro. Todos os dons procedem de Deus e são usados na sua
obra redentora entre os homens.
Os dons (charisma) se originam da mesma raiz da
gloriosa palavra cristã graça (charis).
A idéia é de alguma coisa que foi concedida, e nesse sentido todos os cristãos
recebem dons de Deus, à medida que o amor e a graça e a totalidade da vida
cristã são concedidos ao homem. Mas, em um sentido especial, alguns membros da
igreja recebem dons além daqueles que estão diretamente relacionados com a
salvação pessoal. Esses dons especiais variam em número, mas todos vêm do mesmo
Espírito.
O Espírito Santo opera a favor de um único propósito (12.7). Os dons, ministérios e resultados produzidos por toda a obra têm um
único propósito: beneficiar a igreja toda, e glorificar a Deus. Dessa forma, os
dons não devem alimentar a rivalidade ou gerar a inveja. Os dons espirituais
são concedidos para o que for útil, isto é, para beneficiar os outros. Eles são
destinados ao bem comum.
A Palavra da Sabedoria (12.8a) O termo Palavra significa alguma coisa dita ou falada. Sabedoria (sophia) quer dizer: “Julgamento de Deus diante das demandas
feitas pelo homem, especificamente pela vida cristã”. E essa sabedoria
prática que Tiago considera como sendo um dom de Deus (Tiago 1.5). Nesse
sentido, “a sabedoria é a capacidade de
aplicar nosso conhecimento aos julgamentos ou à prática”.
A Palavra da Ciência (12.8b). Ciência (ou conhecimento; “gnosis”)
“implica em pesquisa e investigação,
embora ciência não deva ser entendida em um sentido puramente intelectual; ela
tem um caráter existencial”. Paulo também faz a associação da ciência com
uma espécie de consciência mística sobrenatural, e a relaciona aos mistérios,
revelações e profecias (13.2; 14.6). Enquanto a sabedoria vem inteiramente do
Espírito, a ciência (ou conhecimento) vem à medida que o Espírito concede.
A Fé (12.9a). Pelo
termo fé o apóstolo está querendo dizer aqui “uma fé que tenha resultados especiais e visíveis, uma fé que permita a
alguém realizar milagres”. Este é o tipo de fé que Paulo está retratando em
13.2, a fé que move montanhas. Whedon sugere uma idéia diferente quando escreve
que essa espécie de fé é “a realização
das divinas realidades pelas quais se forma um poderoso e heroico caráter
cristão, exibida em uma resistente manutenção da verdade, e em um destemido
sofrimento”. O dom da fé permitiu que os cristãos se tornassem testemunhas
desinibidas e mártires destemidos.
Dons de Curar (12.9b). O poder
de realizar o milagre de uma recuperação dramática da saúde, era um dos dons
concedidos pelo Espírito à Igreja Primitiva. Este dom se refere simplesmente ao
poder que, em momentos especiais, os apóstolos receberam do Espírito Santo para
curar as doenças. Os apóstolos não tinham esse poder como um dom permanente que
se tornava efetivo em todas as ocasiões. Paulo não pôde realizar a cura de
Timóteo, e nem mesmo remover o espinho da sua própria carne. A palavra curar
está no plural no texto grego, indicando diferentes “curas” para vários tipos de moléstias ou enfermidades.
Operação de Maravilhas (12.10a). A palavra maravilhas (ou milagres; “dynameon”)
enfatiza o elemento do poder, e pode se referir à capacidade de realizar
extraordinários esforços físicos (2 Coríntios 11.23-28). João Calvino relaciona
esse tipo de poder milagroso a acontecimentos como a cegueira de Elimas (Atos
13.11) e morte repentina de Ananias e Safira (Atos 5.1-10).
Dom de Profecia (12.10b). No
Antigo Testamento, as profecias continham tanto as previsões de fatos que
viriam a ocorrer, quanto à proclamação de alguma mensagem de Deus. Para muitas
pessoas, o elemento da previsão superava o da proclamação. Outras preferiam
minimizar o elemento da previsão e consideravam a profecia como apenas uma
declaração da mensagem de Deus para a época em que viviam. Ambos os elementos
sempre estiveram presentes, embora a ênfase mais importante da profecia, mesmo
no Antigo Testamento, fosse a direta apresentação da mensagem de Deus às
pessoas da época em que o profeta vivia. No Novo Testamento, a profecia podia
ser ocasional (Atos 19.6) ou uma função permanente (1 Coríntios 12.28).
No Novo Testamento,
a palavra profecia “é aquele dom especial
que exorta e capacita certas pessoas a transmitir revelações de Deus à sua
igreja”. Um outro estudioso interpreta a profecia como “uma inspirada transmissão de exortações, instruções ou advertências”.
Whedon
nos dá uma abrangente definição: “Uma
inspirada pregação; predizendo o futuro, expondo misteriosas verdades, ou
pesquisando os segredos do coração e do caráter dos homens”. Paulo tem uma
elevada opinião sobre a função dos profetas, como indica a comparação que fez no
capítulo 14 entre profetizar e falar em línguas.
Discernimento de Espíritos (12.10c). Todo cristão deve ter, em certo grau, a capacidade de “provar os espíritos” (1 João 4.1).
Pois, de outra forma, ele se tornará uma vítima de falsas impressões exteriores
ou de impressões destruidoras interiores. Aqui, o texto original fala sobre o
discernimento, querendo dizer que o cristão deve estar continuamente alerta
quanto à orientação do Espírito Santo. Mas, aparentemente, alguns têm o dom de
uma visão especial interior, e o conhecimento e a habilidade de distinguir
entre as expressões proféticas a fim de saber se elas procedem de espíritos
falsos ou do genuíno Espírito de Deus.
Paulo
acreditava que existiam espíritos malignos operando nas igrejas dos gentios e
entre os cristãos gentios (1 Tessalonicenses 2.2). Em algumas ocasiões, estes
espíritos se manifestavam não só através de falsas profecias, mas também da
realização de milagres (Atos 19.13-16). “Em
geral, havia uma imitação demoníaca dos “charismata” e da obra de Cristo”. Uma
excelente descrição do dom de discernir os espíritos é: “O poder de detectar o hipócrita, como Pedro fez com Ananias; de
distinguir os dons verdadeiros dos falsos; e de reconhecer a genuína
inspiração”. O problema da Igreja Primitiva não era a sociedade
secularizada, mas as religiões pagãs. Com tantas reivindicações pela direção
divina, era essencial que a igreja fizesse a distinção entre as verdadeiras
afirmações e as falsas.
O falar em línguas (12.10d). A excessiva preocupação pelo dom de variedade de línguas representava o
âmago do problema dessa seção. A palavra línguas (glosson) aparece sob várias interpretações: a língua falada ou a
língua em ação; com palavras raras, provinciais, poéticas ou arcaicas; a
linguagem espiritual, desconhecida pelo homem e pronunciada em um estado de
êxtase; e a linguagem conhecida ou
dialeto.
Entre os
comentaristas mais antigos era costume interpretar tanto as línguas do
Pentecostes, como as línguas de Corinto, como línguas conhecidas. Escritores
como Lange, Calvino, Adam Clarke e Matthew Henry têm esta opinião. Escritores
mais recentes preferem fazer uma distinção entre os dois tipos de línguas. Um
estudioso que aceita as línguas do Pentecostes como sendo as línguas faladas na
ocasião, escreve sobre as línguas de Corinto: “Outros possuíam um estranho dom chamado dom de línguas. Não sabemos
exatamente do que se tratava, mas parece ter sido uma espécie de exclamação
inconsciente através da qual o orador exprimia uma rapsódia apaixonada onde
seus sentimentos religiosos recebiam expressão e exaltação”. Já um escritor
contemporâneo afirma que “a falta de
qualquer necessidade de interpretação (no Pentecostes) torna difícil
identificar a situação com a qual Paulo está procurando regulamentar a igreja
de Corinto”.
Parece,
pela discussão de Paulo sobre a situação dos coríntios, que o problema era a
exclamação em êxtase. A solução de Paulo considerava que esse dom certamente
não deveria ser admitido como parte do trabalho evangelístico da igreja, nem
entendido como extremamente significativo quando comparado com os outros dons.
Embora toda essa questão seja bastante delicada, a opinião do autor é que havia
um dom válido de falar em línguas na Igreja Primitiva, e que Paulo tinha
consciência do verdadeiro dom pentecostal de falar línguas conhecidas. Porém as
línguas faladas em Corinto podem não ter sido deste tipo. E bastante possível
que o verdadeiro dom de variedade de línguas, relacionado com o Pentecostes,
pudesse ter degenerado em expressões ininteligíveis na vida dos instáveis
cristãos de Corinto.
A Interpretação das Línguas (12.10e). Existem duas explicações para o dom especial de interpretar as línguas.
Uma delas é que “este é um dom pelo qual
Deus torna inteligível aquilo que está oculto em todas as afirmações proferidas
em êxtase”. Outra explicação foi sugerida por Adam Clarke: “Era necessário que, enquanto alguém
estivesse falando sobre as profundas coisas de Deus em um grupo onde vários dos
que estavam presentes não compreendiam - embora a maioria compreendesse - que
uma das pessoas conseguisse interpretar imediatamente o que estava sendo dito
àquela parte da congregação que não entendia a língua”.
Uma
semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 3º
Trimestre de 2022, ano 32 nº 124 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens
e Adultos – Professor – Sermão do Monte – A ética, os valores e a relevância
dos ensinos de Jesus Cristo – Bispo Abner Ferreira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e
Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso
Eronildes Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D.
Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
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Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central
Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia –
Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora Vida –
2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo
Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD –
2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo
Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento -
William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.
Editora
Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento –
Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.
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